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Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 12/09/2025

Haja ouvidos para tanto.

Sexta-feira farta: novos trabalhos de Kassa Overall, Pacto, Ho99o9, Maruja ou Anysia Kym & Tony Seltzer

Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 12/09/2025

Por esta altura, podem já saber o álbum de estreia de Raquel Martins de cor e salteado. A entrevista em torno de LONDON, WHEN ARE U GONNA FEEL LIKE HOME? foi a peça que inaugurou o dia de hoje na redacção do Rimas e Batidas e este é certamente um dos trabalhos portugueses musicalmente mais avançados que este ano tem para nos oferecer. Mas há todo um leque de outras propostas sonoras a merecer destaque por cá e são 9 os discos que se juntam à lista de sugestões que o Rimas e Batidas tem para vos fazer neste final de semana, onde vão poder encontrar jazz de diferentes balanços, rap que puxa dos galões na hora de apertar o rec, electrónica cerebral ou R&B mutante, entre outras coisas.

Se a matéria obrigatória não vos chegar, há aulas suplementares dadas por docentes como THERAVADA (THE YEARS WE HAVE), El Cousteau (Dirty Harry 2), Baby Kodex (Amour La Rue), Joviale (Mount Crystal), Ice Cube (Man Up), Nasty C (Free), Rachel Chinouriri (Little House), Peyton (Au), Tony Shhnow + Mike & Keys (Self Portrait), mark william lewis (Mark William Lewis), 4batz (Still Shinin), Sophie Ellis-Bextor (Perimenopop), snuggle (Goodbyehouse), Asher White (8 Tips for Full Catastrophe Living), Acopia (Blush Response), Rian Treanor + Cara Tolmie (Body Lapse), Liim (Liim Lasalle Loves You), Ayoni (ISOLA), Tomas Fujiwara (Dream Up), Kara-Lis Coverdale (A Series of Actions in a Sphere of Forever), Summer Banton (Symptoms of Me), Raq baby (I NEVER GAVE AF), Joe Milli (Deep Forest EP), Strandz (Diaspora Dance Music), Rafiq Bhatia (Environments), Milky Chance (Trip Tape III), Flaer (Translations), JADE (THAT’S SHOWBIZ BABY!), George Riley (More Is More) e Modeselektor (DJ-Kicks: Modeselektor).


[Kassa Overall] CREAM

Em CREAM, Kassa Overall reúne uma luxuosa colecção de recriações instrumentais que elevam clássicos do hip hop a standards de jazz. São oito faixas que prestam homenagens a beats imortalizados por nomes como The Notorious B.I.G., Wu-Tang Clan, Dr. Dre, A Tribe Called Quest, OutKast, Digable Planets e Juvenile. A abordagem do baterista norte-americano passa por filtrar essas músicas através da lente da improvisação, aplicando-lhes novas texturas rítmicas e arranjos numa dança que coloca o passado de mãos dadas com a modernidade das mais recentes linguagens jazzísticas.


[PACTO] Exórdio

Esta é a introdução de um PACTO, um acordo de sangue feito por espadachins da palavra e artesãos do beat, um poço aberto para as masmorras do underground contemporâneo. A punchline como propósito, as abstracções líricas como escape, a rima enquanto exercício técnico e criativo, o célebre “rap para rappers” que também atrai um nicho devoto de ouvintes que não ficam pela rama no que toca ao hip hop. Os alicerces de uma contracultura cada vez mais entrelaçada na indústria precisam de renovação regular e aqui está um PACTO que nos troca o óleo quando a luz no tablier já o pedia há algum tempo. Com direcção artística e executiva de Catalão e Sensei D., é a 11.ª edição da notável Godsize Records.


[Ho99o9] Tomorrow We Escape

Numa investida intensa e visceral que funde punk, industrial, metal e hip hop, os Ho99o9 pintam uma paisagem sonora crua e emotiva no seu mais recente capítulo discográfico, Tomorrow We Escape. A dupla formada por theOGM e Yeti Bones descreve este trabalho como sendo mais pessoal do que seus discos anteriores, e embora o activismo e a crítica política ainda estejam presentes, a ênfase recai sobre as suas lutas internas, questões de identidade, desejo de liberdade e preservação emocional. Há convidados bem interessantes por entre os 11 temas do projecto — Pink Siifu, Chelsea Wolfe e Yung Skrrt são alguns deles —, que combina explosões de distorção e agressividade com momentos mais melódicos e de vulnerabilidade acrescida.


[Maruja] Pain to Power

Pain To Power, o álbum de estreia dos britânicos Maruja, ergue-se como uma poderosa declaração de música de protesto. É pulsante, tenso e cheio de alma; feito de elementos de jazz, punk, noise, spoken word e art rock, alternando entre subtilezas meditativas e explosões de fúria sonora. As letras confrontam o peso do capitalismo tardio, desigualdade, guerra e alienação, enquanto procuram transformar todas essas dores em acção colectiva, insistindo na cura, na comunidade e na urgência de nos unirmos diante dos opressores. Tudo o que podíamos esperar de uma das bandas mais entusiasmantes do momento, que nos foram aguçando o apetite no último para de anos com os EPs Knocknarea, Connla’s Well, The Vault e  Tír na nÓg.


[Anysia Kym & Tony Seltzer] PURITY

Depois de servir MIKE de forma brilhante nos dois volumes de Pinball, Tony Seltzer volta a surgir ao lado de uma artista da 10k, a emergente e promissora Anysia Kym. Em PURITY, o produtor mostra as suas capacidades para esculpir um R&B mutante e sem fronteiras, desbravando ainda mais terrenos comparativamente ao que vinha a fazer nos domínios do hip hop. Já a versátil artista de Brooklyn “limita-se” aqui ao uso da voz, mas ganha asas ao fazê-lo, indo das baladas downtempo à esquizofrenia dos breakbeats em menos de 18 minutos.


[Kyra] 369

Equilíbrio, criação e poder. É o que representam, no universo da numerologia que inspirou este disco, os algarismos 369. O novo trabalho de Kyra, com uma dezena de faixas, foi construído ao longo dos últimos três anos. Este é um rap denso e introspectivo cuja força motriz é a busca de respostas, a exposição de dúvidas, as reflexões internas e a forma como o seu autor se relaciona com os outros e o mundo exterior. A existencialidade em rima, a intemporal expressão do “eu” — cada um de nós indivíduos faria um álbum distinto, esta é a óptica de Kyra. Sobre instrumentais de recorte clássico que parecem incitar ao pensamento, há nuances mais contemplativas e serenas que se conciliam no mesmo alinhamento com faixas que exploram uma vertigem nebulosa e uma urgência suburbana. Vácuo, Catalão, SAMUCA e Midas são os convocados especiais para esta missão que, pelo meio de “Lágrimas & Nódoas”, traça uma “Geometria Sagrada” rumo à “Origem”.


[Verses GT] Verses GT

A velha máxima “duas cabeças pensam melhor do que uma” aplica-se também aos campos da IDM. Verses GT, a dupla formada por Nosaj Thing e Jacques Greene, estreia-se hoje com uma obra homónima que equilibra elegância electrónica, ambiência meditativa e batidas vincadas, reflectindo tanto a bagagem que os dois produtores já carregam como a urgência estética do agora. Gravado em várias capitais como Londres, Los Angeles, Tóquio, Paris e Montreal, o disco foi hoje selado pela Lucky Me e conta com a participação de três convidadas que têm dado cartas nas margens da vanguarda pop — são elas George Riley, KUČKA, TYSON.


[Kelman Duran] SCORPIO FALLING

Ambient sombrio com inúmeras derivações por batidas de diferentes estéticas é a fórmula para SCORPIO FALLING, a nova obra assinada por Kelman Duran na sua própria editora Scorpio Red. O LP funciona como uma meditação sobre espaço, memória colectiva e ancestralidade negra, uma jornada sonora que percorre as ruas do free jazz, o rap de Memphis ou dos ritmos caribenhos, recorrendo a discursos de antigos presidentes haitianos pelo meio. As onze faixas aqui reunidas envolvem colaborações com artistas como Frankie, K. Roosevelt, Makaveli, Bamba Pana, Princess Loko e BLURER.


[Parcels] LOVED

Amor, distância, arrependimento, saudade. O regresso dos Parcels aos discos é honesto e emotivo e as suas mensagens convivem com instrumentais de disco ou funk com grooves bem esculpidos e feitos de uma instrumentação exuberante que privilegia o lado mais orgânico da música, recorrendo a sintetizadores, guitarras, baixo, bateria e várias vozes montadas em camadas para criar mais harmonias. LOVED é um sinal claro da maturidade do conjunto australiano, já que os Parcels não abandonam sua característica energia dançante, mas aprendem a deixar brechas para que os silêncios, os lamentos ou os questionamentos também venham à tona, tornando o álbum num exercício de celebração total — até mesmo quando o coração está ferido.

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