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Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 24/10/2025

Do concreto ao experimental.

Sexta-feira farta: novos trabalhos de Hit-Boy & The Alchemist, Tortoise, Rafael Toral, Yazmin Lacey, Dave ou Miguel

Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 24/10/2025

Com mais um fim-de-semana aí a bater à porta, chegam as habituais escolhas musicais curadas pela equipa do Rimas e Batidas para vos ajudar a planear sobre onde devem investir o vosso tempo auditivo nos próximos dias. Entre os sete discos que consideramos mais urgentes há hip hop sem grandes truques, de mais prática digestão, mas também explorações em torno de universos como os do jazz, do rock ou do R&B, que requerem uma dose adicional de abstracção para que se consigam deixar levar.

Usem e abusem. Mas não se esqueçam de guardar algum tempo extra, pois há muito mais por aí espalhado no éter: Luca Argel (O Vencedor / Lenço Enxuto), Rita Cortezão (tudo, um pouco), The Black Mamba (Lost In London), Phylipe Nunes Araújo (Phylipe Nunes Araújo), Oruã (Slacker), СОЮЗ (KROK), Ouri (Daisy Cutter), Daniel Caesar (Son Of Spergy), BNYX (Loading…), Leon Thomas (PHOLKS), YUNGMORPHEUS & Dirty Art Club (A Spyglass to One’s Face), Artemas (LOVERCORE), Antibalas (Hourglass), Patricia Brennan (Of the Near and Far), Cautious Clay (The Hours: Night), Bruiser Wolf & Harry Fraud (MADE BY DOPE), OT The Real (The Wars I’ve Won), Reuben Vincent & 9th Wonder (Welcome Home), Alice Phoebe Lou (Oblivion), cupcakKe (The BakKery), Sadistik & NOWHERE2RUN (The Vacants), Hannah Jadagu (Describe), Natural Information Society (Perseverance Flow) e Carrier (Rhythm Immortal) também têm novos trabalhos cá fora.


[Hit-Boy & The Alchemist] Goldfish

Nos últimos anos, The Alchemist tem-nos habituado a projectos mais ambiciosos que muitas das vezes extravasam a música. Goldfish não é excepção e e vai até ter direito a uma curta-metragem que conta com a participação do famoso actor Danny Trejo. Enquanto essa peça audiovisual não chega, há temas suficientemente fortes para nos manter entretidos durante os 50 minutos de duração desta mais recente investida discográfica a resultar do esforço conjunto entre Hit-Boy e The Alchemist, eles que têm estado particularmente próximos um do outro num passado mais recente. São dois produtores de elevado gabarito e que nunca descem os níveis de empenho quando são chamados a intervir também ao microfone para cruzar rimas e batidas ao longo de 15 faixas, pelas quais podemos escutar contributos de gente como Conway The Machine, Boldy James ou Havoc.


[Tortoise] Touch

Nome histórico do pós-rock, Tortoise está de regresso à estrada e tem até um par de concertos agendados para o nosso país — em Abril do próximo ano, tocam no Theatro Circo, em Braga, dia 19; e na Culturgest, em Lisboa, dia 20. O motivo? A banda de Chicago que reúne os músicos Dan Bitney, John Herndon, Douglas McCombs, John McEntire e Jeff Parker regressou hoje aos discos, quase dez anos após a última aventura neste formato com The Catastrophist (2016). Marcado por um processo de produção de quatro anos que desafiou o método colectivo da banda, já que foi forjado à distância com cada um dos membros espalhados por diferentes cidades, este LP é um verdadeiro quebra-cabeças musical que consegue ir do lado mais cinematográfico do jazz ao krautrock reimaginado.


[Rafael Toral] Traveling Light

Como soariam alguns dos mais emblemáticos standards de jazz em contexto de música experimental? Rafael Toral dá-nos a resposta em Traveling Light, um conjunto de reinvenções cósmicas que expandem o espaço harmónico de composições como “Easy Living” ou “My Funny Valentine”. Com um olho focado na tradição e outro a fazer mira no futuro, Toral alcança aqui uma beleza estranha, quase alienígena, em seis temas que guiam o jazz pelos caminhos nada convencionais da música drone e ambient. E apesar de ser ele quem guia a nave, não segue sozinho na viagem, já que José Bruno Parrinha, Rodrigo Amado , Yaw Tembe e Clara Saleiro também dão o seu contributo a algumas das faixas.


[Yazmin Lacey] Teal Dreams

O simples acto de uma mulher negra sonhar transforma-se num revolucionário gesto de auto-afirmação e resistência. É desse tipo de matéria que é feito Teal Dreams, o segundo álbum na carreira de Yazmin Lacey. Tópicos como sensualidade interior, desenvolvimento pessoal, conexão com o mundo natural ou a firmeza necessária para ultrapassar uma relação tóxica vão sendo dissecados pela cantautora inglesa no decorrer do sucessor de Voice Notes (2023), fazendo deste Teal Dreams um retrato bem vívido da sua evolução artística e pessoal, pintado em tons de jazz, neo-soul, ska ou até rock indie.


[Dave] The Boy Who Played The Harp

No ponto mais introspectivo da sua carreira, Dave chega ao terceiro registo de longa-duração com The Boy Who Played The Harp. Neste trabalho, o rapper de Londres desmarca-se da sonoridade mais comercial que vinha a ser associada aos seus últimos lançamentos e abraça instrumentais mais contemplativos e expansivos para navegar num mar de vulnerabilidades e questionamentos interiores. Depois de um sucesso global e inesperado que conduziu a uma espécie de hiato, Dave mostra-nos o resultado das suas reflexões e abre-nos uma janela para a sua maturidade neste The Boy Who Played The Harp.


[Miguel] CAOS

Acima de tudo, CAOS é um álbum que representa um renascimento artístico para uma das grandes vozes do R&B contemporâneo. Ao quinto LP, Miguel afasta-se da versão polida e sensual com que se entregou ao público em obras anteriores e surge mais áspero, sombrio e agressivo neste conjunto de canções que reflectem sobre vários conceitos de mudança — pessoal, artística, social, política… — e que celebram também a sua identidade ao invocar as raízes mexicanas patentes no seu ADN. No seu todo, CAOS não faz Miguel descolar-se da etiqueta R&B, oferece-nos antes uma nova versão dentro da própria estética do cantor, aqui mais aproximada de elementos vindos do rock, como o grunge ou o psicadelismo.


[Monte Booker] noise ( meaning )

Já estava mais do que na hora. Monte Booker tem estado frequentemente debaixo do nosso radar, mas sempre com figura de bastidores a operar nos instrumentais para gente como Smino, Noname, Mick Jenkins ou Doechii. Após um breve EP em 2016 que lhe valeu uma entrada em nome próprio no catálogo da Soulection, o cientista dos beats de Chicago avança agora com total firmeza no seu percurso a solo com a edição do primeiro longa-duração noise ( meaning ). Entre elementos atmosféricos, jazz mutante ou hip hop experimental, o artista nascido Ahmanti Booker reune aqui 14 malhas com um cunho extremamente autoral, evitando colar-se a sonoridades alheias. E traz consigo um elenco bem jeitoso, já que Nami, Smino, Mereba, reggie, Planet Giza e Ravyn Lenae emprestam as suas vozes a alguns dos instrumentais.

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