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Sexta-feira é dia de música nova — mesmo num mês como Agosto, em que habitualmente os lançamentos são menos frequentes — e neste 22 de Agosto o rei é indubitavelmente o rap norte-americano. Dos clássicos aos novos cânones, do boom bap nova-iorquino de sabor a anos 90 ao trap de Atlanta da década de 2010, há uma colecção de novas rimas e beats para escutar atentamente.
Destacamos seis discos em particular, com mais detalhe, mas há muitas alternativas (e complementos por aí), como os projectos de Lupe Fiasco (Samurai DX), Nourished by Time (The Passionate Ones), Emma Louise & Flume (DUMB), Jon Batiste (BIG MONEY), Mac DeMarco (Guitar), BigXThaPlug (I Hope You’re Happy), Ciara (CiCi), Jae Stephens (SELLOUT II), Kaitlyn Aurelia Smith (GUSH), Khamari (To Dry a Tear), Lecrae (Reconstruction), Mariah the Scientist (HEART SOLDS SEPARATELY), Soulja Boy (Draco Season), The Dare (Freakquencies: Vol. 1) e UMI (people stories).
[Earl Sweatshirt] Live Laugh Love
Dois anos após ter juntado esforços com The Alchemist em Voir Dire, Earl Sweatshirt está de volta aos discos com Live Laugh Love. Ironias à parte, este é um trabalho marcado pela sua paternidade e que reflecte isso mesmo, que lida com essa (nova) vida familiar através das nuances sui generis do seu autor, que se mantém surpreendente e imprevisível apesar da sua consistência — quando existe uma forte identidade singular, o melhor que podemos esperar de um novo lançamento é mesmo um prolongamento dessa linha coesa mas com nuances e detalhes distintos, que foi aquilo a que o rapper norte-americano se propôs. São 11 faixas particularmente preenchidas, quase sem espaços vazios, com incursões (via samples) pela soul, jazz ou funk, por vezes aproximando-se da produção densa que caracteriza géneros como o trip hop. Mais uma peça a edificar o imaginário de um excêntrico que tem sabido construir (e espelhar) o seu mundo muito próprio.
[Ghostface Killah] Supreme Clientele 2
Rapper lendário dos históricos Wu-Tang Clan, Ghostface Killah tem-se mantido activo ao longo dos anos, entre álbuns, concertos e colaborações. Desta vez, porém, arriscou ao designar o novo disco como uma sequela de Supreme Clientele, o seu emblemático segundo álbum, editado em 2000, que rapidamente ganhou o estatuto de clássico. Supreme Clientele 2, apresentado pela Mass Appeal esta sexta-feira, reúne 22 faixas, incluindo alguns skits, criadas ao longo dos anos. O resultado é um disco que tem sido caracterizado pela crítica como pouco consistente, com uma grande disparidade entre temas, alguns dos quais poderão soar datados. Pelo meio, é certo, os devotos fãs de Wu-Tang irão encontrar pérolas reminiscentes para preencher os ouvidos com novas rimas, flows e instrumentais imponentes.
[2 Chainz] Red Clay
Este ano, 2 Chainz já havia editado com The Alchemist e Larry June o álbum Life Is Beautiful. Desta vez, apresenta a banda sonora de Red Clay, uma curta-metragem produzida por si e por Omar Epps, realizada por Christian Nolan Jones. Inspirado em factos reais, o filme passa-se em Atlanta no início dos anos 2000, quando o protagonista adolescente, Nook, lida com os desafios de perceber qual o seu futuro, numa vida profundamente moldada pela adição da mãe. O filme tem percorrido o circuito de festivais de cinema e a banda sonora, assinada por 2 Chainz com colaborações de Ne-Yo e Ronald Isley, pode ser escutada a partir desta sexta-feira.
[Kid Cudi] Free
É o 11.º álbum a solo de Kid Cudi, que há meros 10 dias lançou o seu primeiro livro de memórias, onde reflecte sobre o intenso percurso percorrido até aqui, ao momento em que tem 41 anos, uma vasta discografia e um legado palpável. O rapper e produtor apresenta-se definitivamente livre neste novo trabalho, sem features nem pressões, sem pensamentos negativos nem angústias existenciais, fazendo música apelativa e uplifting que o faz mesmo aproximar-se de um universo pop rock. Embora várias das canções possam soar algo genéricas, não há grandes dúvidas de que foi a música que Scott Mescudi realmente quis fazer e apresentar aos fãs neste momento.
[Offset] KIARI
Um par de anos após Set It Off, o rapper Offset chega ao terceiro álbum, intitulado KIARI — o seu nome próprio. Ao longo de 18 faixas, o artista de Atlanta que se deu a conhecer nos Migos concilia uma postura típica de braggadocio com reflexões introspectivas, num registo que por vezes se torna confessional e vulnerável. Talvez mais do que nunca, quebra a persona de super-estrela do trap para revelar o homem por trás, para abordar a perda, a fama ou os turbilhões pessoais que têm marcado a sua vida. Embora mais íntimo e pessoal, o disco também inclui colaborações com artistas como JID, Gunna, Ty Dolla $ign e John Legend, entre outros.
[Teyana Taylor] Escape Room
Uma mão cheia de anos após The Album, Teyana Taylor regressa aos discos de longa-duração com Escape Room. O seu quarto álbum, que tem direito a uma curta-metragem disponível em exclusivo na Amazon Music, inclui uma tracklist de 22 faixas que intercala canções R&B e pop com momentos inspiradores de empoderamento feminino, com narrações de Taraji P. Henson, Regina King, Kerry Washington, Issa Rae, Sarah Paulson ou Jodie Turner Smith. Mas também há colaborações com músicos como KAYTRANADA, Jill Scott ou Tyla, entre outros; e a participação especial das suas filhas, Junie e Rue Rose Shumpert, que aparecem na derradeira faixa, “Always”. Este é um disco que reflecte as vivências (e as emoções) que marcaram os últimos anos de Teyana Taylor, uma jornada de superar e enfrentar os desafios da vida para os transformar em canções resilientes que são, ao mesmo tempo, cura e purga.
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