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Texto: ReB Team
Fotografia: Neriyah
Publicado a: 25/02/2022

Inspiração celestial.

Sexta-feira farta: novos trabalhos de EARTHGANG, Robert Glasper, Sevdaliza, Central Cee, Bakar e Conway

Texto: ReB Team
Fotografia: Neriyah
Publicado a: 25/02/2022

Deus não erra? Há quem diga que sim. Deuses do gueto? Há quem se afirme assim. Música de intervenção divina ainda está para chegar, pelo menos com esse nome, mas, quando a esperança desaparece, o intangível torna-se mesmo a única realidade suportável. Segurem-se bem…



[EARTHGANG] GHETTO GODS

A cultura sampladélica continua à mercê dos tribunais. Aconteceu em 1989, com 3 Feet High and Rising, que levou os De La Soul a terem de ouvir algo como “sampling é só um termo mais longo para furto”. Continua, em 2022, com os EARTHGANG. O duo de Atlanta — formado por Olu a.k.a. Johnny Venus e WowGr8 — já tem o seu quarto LP pronto desde janeiro, mas foi retido no espaço liminar das legalidades. Às portas de março, sai finalmente GHETTO GODS, um álbum optimista e teatral, para mudar a cor das vossas íris. O mote arranca a ação: “Tell me that heaven ain’t Black”.



[Robert Glasper] Black Radio III

A saga Black Radio acolhe mais um capítulo. Três é a conta que Glasper fez, ao lado de nomes como Q-Tip (dos A Tribe Called Quest), Ty Dolla $ign, Esperanza Spalding, H.E.R, Common ou Jennifer Hudson. Desta vez, o processo levou em conta uma ruptura: a dissolução do grupo Robert Glasper Experiment – que em Black Radio (I) e II acompanhou o pianista, produtor e compositor homónimo. De um processo ao vivo para uma manta pandémica de tele-retalhos, entre teclas virtuosas e vozes de ouro — e uma versão de “Everybody Wants to Rule the World”, dos Tears for Fears. 



[Sevdaliza] Raving Dahlia

Digam olá a Dahlia, uma espécie de Sasha Fierce do circuito art pop. “Uma criação física, nascida da frustração, da pressão e das expectativas em relação a uma mulher artista” – leia-se Sevdaliza, a iraniana-holandesa que se consagrou em 2017 com o disco ISON – “que tem de suster uma carreira enquanto se desenvolve como mulher.” Lançado após o último disco, Shabrang (tal como The Calling sucedera a ISON), o EP Raving Dahlia armazena seis canções, uma delas uma remistura do single “Oh My God”.



[Central Cee] 23

A revista The Face escreve que ele pode bem ser o primeiro rapper britânico a causar impacto sério nos Estados Unidos da América. Enquanto isso ainda serve como uma espécie de selo final de qualidade para alguma intelligentsia, Central Cee faz furor no Reino Unidos com drill na base e sem grandes ralações com ser o mais vendido, o melhor ou o mais falado. Aliás, a mensagem é mesmo que se lixe os EUA: o artista vira-se claramente para a Europa com “Eurovision”, tema em que troca rimas com o espanhol Morad, o italiano Freeze Corleone ou o francês ASHE 22.



[Bakar] Nobody’s Home

Até podem ainda não se ter apercebido mas Bakar está em todo o lado e tanto é possível encontrá-lo a dar suporte à cena rap subterrânea do Reino Unido como à música de dança que alimenta as pistas do mundo inteiro, através de colaborações com Milkavelli e Myd, respectivamente. É também Bakar quem já viu a sua arte cruzar-se com os destinos tanto da marca de vestuário Stüssy como à label que nos deu a conhecer slowthai, a Bone Soda.

Em 2018, Abubakar Shariff-Farr editava a sua primeira mixtape Badkid. Seguiram-se um par de EPs e alguns singles até o artista inglês se mostrar preparado para abraçar o formato de álbum. O primeiro avanço, “NW3” deixava desde logo a ideia que o álbum vem agora confirmar: Bakar é onde o underground e o mainstream britânicos se confundem, um criativo que consumiu Skepta, Bloc Party e Lily Allen na mesma dose durante a juventude.



[Conway The Machine] God Don’t Make Mistakes

Teríamos de recuar cinco anos para recordar o dia em que o esquadrão da Griselda se sentou com a Shady Records para firmar uma ligação. Durante esse período, Conway The Machine jogou o jogo da paciência com a editora de Eminem, sem nunca deixar de apontar as suas rimas a outras frentes, tendo somado mais de uma dezena de lançamentos entretanto. Tudo poderá não ter passado apenas de um treino para que a fasquia deste God Don’t Make Mistakes fosse o mais elevada possível, até mesmo pelo poderoso alinhamento que apresenta: do marco que é uma nova reunião em canção de Conway com os parceiros Westside Gunn e Benny The Butcher, em “John Woo Flick”, ao ambiente sinistro que recria em “Piano Love”, não dá como não notar as presenças de lendas como Jill Scott, Beanie Sigel, Lil Wayne e T.I., The Alchemist ou Hit-Boy.

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