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Em termos de lançamentos, o ano que está prestes agora a chegar à primeira metade do seu primeiro mês não tem sido mau: com projectos de Burial, The Weeknd ou Landim & Progvid, não há muito para nos queixarmos. Na selecção desta semana, Earl e twigs deixam água na boca, mas o resto não é para descurar.
E, como é habitual, há alternativas: Urias (FÚRIA), Diana Oliveira (Outcome), Token (Pink Is Better), FBC & VHOOR (Baile (Instrumental), Kota The Friend (Lyrics to GO, Vol.3) e V Don (Better Than Money) que o digam.
[Earl Sweatshirt] SICK!
As feridas de Thebe Kgositsile têm sarado em praça pública e os seus versos espelham não só as mágoas, quedas e sarilhos como também a vontade de superar cada obstáculo à procura de dias melhores. Nas palavras do próprio, o título SICK! nasce do facto de hoje, quer queiramos quer não, estarmos todos “doentes” enquanto enfrentamos uma nova pandemia. Earl Sweatshirt chega ao sucessor de Some Rap Songs e FEET OF CLAY já “curado” — dentro do possível — da perda do pai e acabado de gerar uma nova vida, tendo assistido ao nascimento do seu próprio filho durante o último Verão. Ao seu lado, poucos mas bons: ZelooperZ e Armand Hammer nas rimas; The Alchemist, Black Noi$e, Navy Blue ou Samiyam na cedência das batidas.
[FKA twigs] CAPRISONGS
Descontraída como um refresco de Verão: assim está FKA twigs na sua estreia no formato mixtape em CAPRISONGS. Mais sério terá sido o fabrico deste concentrado que agora vai poder matar a sede a muita gente, já que a cantora e produtora arrisca em colocar-se à prova sob os diferentes tons que a sonografia moderna manifesta e traz consigo um elenco de luxo que a ajuda a elevar as frequências a patamares ainda mais ousados. The Weeknd, Jorja Smith, Mike Dean, Arca, Pa Salieu, Daniel Caesar, Shygirl e El Guincho são os nomes que mais se destacam na longa lista de créditos dos 17 temas de CAPRISONGS.
[Cordae] From a Birds Eye View
Mostrou há dias que consegue executar freestyles de estúdio ou em directo com a mesma mestria quando lançou o derradeiro single pré-álbum “FABEV Freestyle” e ligou a torneira das rimas ao vivo na Power 106, de Los Angeles. Quando o assunto é pen game, Cordae é dos poucos “Reis Artures” que conseguem arrancar da pedra a Excalibur das canetas e colocar alguma ordem numa camada musical que mais facilmente atinge tops de vendas. Elogiado por alguns dos maiores mestres que a escrita rap já conheceu, como Nas ou Eminem, o jovem artista de Raleigh, Carolina do Norte, chega ao segundo disco com a capacidade de olhar à sua volta na perspectiva de um pássaro, mais maduro e com o capítulo dos YBN, o grupo pelo qual se destacou, encerrado. Novamente com a chancela da Atlantic Records, From a Birds Eye View leva Cordae a contracenar com Gunna, Lil Wayne, H.E.R. ou Eminem ao microfone.
[Bonobo] Fragments
Os últimos quatro meses foram sinónimo de pequenos Fragments soltos avulso por Bonobo. Da queda em downtempo de “From You”, do matemático e psicadélico “Shadows” e da caverna para ravers que é “Otomo”, por exemplo, facilmente percebemos que o título escolhido para o sucessor de Migration não foi escolhido ao acaso. Simon Green faz escorrer pedaços da sua alma artística — do concreto ao abstracto e mais ou menos electrónico — ao longo de 12 canções, entre as quais escutamos vozes de Joji, Jamila Woods ou Jordan Rakei. Selo de qualidade Ninja Tune.
[DJ Muggs & Rigz] Gold
Já sabemos que Muggs tem ouro nas mãos. O próprio, muito provavelmente, também saberá disso. Nos últimos anos, ao lado de CRIMEAPPLE, Hologram, Yelawolf, Flee Lord, Rome Streetz, Al Divino, Tha God Fahim, Mach-Hommy ou Eto, o produtor também demonstrou que sabe partilhá-lo com outros em projectos de longa-duração. Para a primeira entrada de 2022, o rapper Rigz é o afortunado a quem calhou a rifa premiada.
[AJ Suede & Televangel] Metatron’s Cube
Definitivamente psicadélico, o novo álbum colaborativo de AJ Suede com Televangel é, olhando para o título, Metatron’s Cube, um ambicioso e desafiante projecto conceptual. O primeiro, de Seattle, Washington, desfila rimas como se não existisse grande filtro entre aquilo que pensa e aquilo que vocaliza — se em muitos casos isso pode ser problemático, aqui é necessário para criar este ambiente narcotizante. O segundo, o produtor, vai definindo o tom: “3 Hours Late” podia servir perfeitamente A$AP Rocky enquanto “Respect the Architect” ficaria bem nas mãos de Conway The Machine.
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