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Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 11/07/2025

Entre ansiados regressos e manutenções de consistência.

Sexta-feira farta: novos trabalhos de Clipse, June Freedom, Kokoroko, Open Mike Eagle ou Dom Salvador

Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 11/07/2025

Do rap ao jazz, o recap discográfico do final desta semana vem apetrechado de seis importantes discos. De um lado temos dois regressos aos álbuns por parte de artistas que há muito não inscreviam o seu nome neste tipo de formato — os Clipse e Dom Salvador —, enquanto que do outro há trabalhos que nos chegam hoje para confirmar os bons momentos de forma que os seus autores têm mantido ao longo dos últimos anos — são os casos de June Freedom, Kokoroko, Open Mike Eagle e The Sorcerers.

Se vos souber a pouco, podem desbravar mais terreno e espreitar o que fizeram ainda Mão Morta (Maldoror), GTA & Rock Danger (Parábola das Ruas), GIVĒON (BELOVED), sunking (I DON’T LIKE MY TELEPHONE), Boldy James & Nicholas Craven (Late to My Own Funeral), MIZU (moonstruck), Gina Birch (Trouble), Justin Bieber (SWAG), Burna Boy (No Sign of Weakness), Nate Mercereau + Josh Johnson & Carlos Niño (Openness Trio), Fergi Baby (Summer League Series, Vol. 1), Paloma Mami (CÓDiGOS DE MUÑEKA), Fade Evare (Welcome Back), Barry Can’t Swim (Loner), Chris Lake (Chemistry), Gwenno (Utopia) e Tony Njoku (All Our Knives Are Always Sharp).


[Clipse] Let God Sort Em Out

Duo dos irmãos Malice e Pusha T, os Clipse foram fulcrais para marcar o estado da Virgínia como um reduto importante no mapa norte-americano do hip hop da Costa Este. Em hiato desde 2010, período em que ambos seguiram percursos a solo, com Pusha T a tornar-se numa referência musical e da indústria em geral, nos últimos anos os irmãos encetaram algumas reuniões, mas que só agora resultam em disco. O mentor da dupla, o conterrâneo Pharrell Williams, volta como produtor executivo do álbum, num trabalho que, além da sua participação directa numa faixa, também inclui versos de Kendrick Lamar, John Legend, Nas ou Tyler, The Creator, entre outros.


[June Freedom] Casa Mira Mar

Poucas horas após actuar no Afro Nation, em Portimão, o cabo-verdiano June Freedom, radicado há vários anos nos Estados Unidos da América, lança o seu novo álbum, o sucessor de 7 SEAS (2023). Serpenteando entre o inglês e o crioulo, Casa Mira Mar é um disco que reforça a sua mensagem de amor e conexão, através de paisagens sonoras ricas e diversas — diferentes afluentes que vão sempre desaguar numa afro pop tão crioula quanto global. Para este projecto, contou com contributos de nomes como ÉLLÀH, Djodje, Lua de Santana, SABRI, Nana Fofie, Cheque e Loose Jr.


[Kokoroko] Tuff Times Never Last

Três anos depois da sua estreia no formato de longa-duração, os Kokoroko chegam ao muito aguardado segundo álbum. A banda sediada em Londres é um poço de influências, mas a sua música tem-se pautado sobretudo por um jazz pouco convencional com fortes inspirações da música da África Ocidental. Em Tuff Times Never Last, juntam novos ingredientes à mesa, com indícios de neo-soul, R&B vintage ou funk a percorrerem os 11 temas do alinhamento. Soalheiro e bem-disposto, é como um raio de sol de final de tarde captado em disco, até porque este novo trabalho foi particularmente inspirado pelo ambiente de Verão na habitualmente cinzenta capital britânica. A capa — colorida, urbana e a celebrar a africanidade — é uma ilustração da guineense Luci Pina, que também vive no Reino Unido. O grupo prepara-se para actuar no Festival de Músicas do Mundo de Sines, a 26 de Julho.


[Open Mike Eagle] Neighborhood Gods Unlimited

O sempre prolífico Open Mike Eagle, pilar do rap underground e independente norte-americano, está de volta aos discos com o conceptual Neighborhood Gods Unlimited. Este é um disco inspirado pelas suas vivências ao crescer em Chicago, e a ideia original era tornar esta peça artística numa série de televisão, indústria em que Open Mike Eagle também tem experiência. Acabou por se tornar num álbum, baseado na sua juventude a crescer num bairro difícil, nos traumas gerados por diferentes experiências, na busca por um caminho que se torna “confuso”, como o próprio descreveu em comunicado — “quando as pessoas à procura de si próprias encontram coisas que as lembram de si mesmas”.


[Dom Salvador, Adrian Younge e Ali Shaheed Muhammad] Dom Salvador JID024

Uma ponte entre passado e futuro, entre a América Negra e a cultura afro-brasileira. Adrian Younge e Ali Shaheed Muhammad tiveram a ideia de, através do seu selo Jazz is Dead, prestar homenagem a um pioneiro do samba funk e jazz, o pianista Dom Salvador, radicado há décadas nos EUA, hoje com 86 anos. Foi ele um dos principais responsáveis por introduzir a soul, o funk e o jazz no samba e na música popular brasileira na viragem dos anos 60 para os 70, enquanto membro de bandas como os Rio 65 Trio e os Abolição, que também resgataram a sua identidade negra na maneira como se vestiam e apresentavam esteticamente. Dom Salvador não só acolheu de braços abertos o tributo, como se disponibilizou para participar no disco, o que tornou este álbum num projecto que vai além da homenagem e se torna num diálogo concreto entre América e Brasil, entre jazz e samba, entre passado, presente e futuro, bem como entre diferentes gerações de músicos.


[The Sorcerers] Other Worlds and Habitats

Já os britânicos The Sorcerers prolongam a sua jornada pelo jazz de inspiração etíope com um álbum que, tal como o título sugere, os leva por “outros mundos e habitats”. Particularmente inspirado pelas obras do teclista etíope Hailu Mergia e do músico nigeriano William Onyeabor, este LP contou com a participação marcante do teclista Johnny Richards, que veio acrescentar camadas de sintetizadores a um som que se mantém orgânico e de natureza analógica, levando a reminiscências dos anos 60 e 70, quando se davam os primeiros passos na música electrónica e havia um entusiasmo em torno da nova tecnologia dos synths. Jazz cósmico e funk psicadélico que parece saído de uma película de blaxploitation.

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