Ser-se vulnerável pode ser uma ferramenta importante para mudanças positivas, e Open Mike Eagle e Homebody Sandman parecem querer prová-lo nos seus novos projectos. Com arco e flecha, María Isabel atira amor (ou desamor, às vezes depende da perspectiva…) para todos os lados; Benny The Butcher auto-intitula-se um dos melhores rappers da actualidade; Autechre dão sinais de vida (inteligente) e Black Thought mostra (sem ter de exibir) o valor dos seus pensamentos.
Tagua Tagua (Inteiro Metade), Kenny Segal (Kenstrumentals Vol. 4: a lot on my plate), T.I. (The L.I.B.R.A.), Sahtyre (The Roaring), Frisco (The Familiar Stranger), Blue Note (Blue Note Re:imagined), PARTYNEXTDOOR (PARTYPACK), Preme x Popcaan (Link Up), Peso Gordon (Peso Fuego (Deluxe)), MuddyMya (With Luv, GG), Omar Apollo (Apolonio) e Eli Sostre (Emori) também têm novidades.
[Benny The Butcher] Burden of Proof
Se grande parte das vezes os holofotes se viram para os rappers em detrimento dos produtores, é difícil ignorar o output de Hit-Boy em 2020: produziu álbuns de Big Sean, Nas e, o mais recente, Benny The Butcher. É provável que encontremos alguns dos melhores beats deste ano em Burden of Proof, e por essa simples razão o rapper da Griselda teve de se superar, obrigando, novamente, o universo hip hop a repetir o nome da crew de Westside Gunn e Conway The Machine (que também entram no disco, pois claro).
[Open Mike Eagle] Anime, Trauma and Divorce
Não há metáfora que servisse a Open Mike Eagle: o título do seu novo álbum é o que é, sem subterfúgios, uma forma literal de resumir o pior ano da sua vida. Ouvir o sucessor de Brick Body Kids Still Daydream (2017) é o mais perto que vamos estar de nos sentarmos à conversa (uma daquelas de coração aberto) com o rapper americano.
[Autechre] SIGN
Embora Rob Brown e Sean Booth rejeitam o rótulo de “música de dança inteligente”, foram dos seus pilares, firmados pela chancela da Warp. Em 2018, as oito horas das sessões que providenciaram à rádio NTS compuseram um novo álbum, num catálogo que reúne clássicos como Amber e Tri Repetae. SIGN, o décimo quarto álbum dos Autechre, tem apenas 65 minutos e – para os seus standards, pelo menos – uma sobrecarga de melodias.
[María Isabel] Stuck in the Sky
Os pais são originários da República Dominicana; a infância permeou-se dos ritmos da bachata e do merengue; o canto é inspirado por Amy Winehouse e Lauryn Hill. Na onda de Ravyn Lenae e de Mahalia, Isabel é uma nova potência do r&b atmosférico e atordoado pelo amor: Stuck in the Sky são 16 minutos de apresentação desta intérprete de Queens, Nova Iorque.
[Black Thought] Streams of Thought, Vol. 3: Cain and Abel
Black Thought, o frontman dos The Roots (e um dos melhores MCs de sempre…), tem a bondade de nos dar a dar mais 13 faixas novas, rodeando-se de colegas como Pusha T, Killer Mike, ScHoolboy Q, OSHUN ou The Last Artful, Dodgr para continuar a mostrar a sua mente afiada.
[Homeboy Sandman] Don’t Feed The Monster
Produzido por Quelle Chris, o sucessor de Dusty (2019) apresenta Homeboy Sandman no seu registo mais vulnerável. Crescimento no lugar de regressão: aqui não se alimentam monstros, pelo contrário, deixamo-los a passar fome até definharem.