Há muito que Kanye West falha mais do que acerta. No entanto, os créditos de alguns dos seus discos mais recentes são reveladores de ouro: entre as óbvias estrelas existem alguns novatos que vão dando de si (e com bastante identidade) ao mundo. Dois deles encontram-se nesta selecção, mas isso é só o começo: os outros quatro álbuns (dois por parte de criadores portugueses) são merecedores de toda a atenção.
Post Malone (Twelve Carat Toothache), Kenji Araki (Leidenzwang), KayCyy (Get Used To It), MC Ren (Osiris) e CyHi (EGOT the EP) apresentam-se enquanto alternativas válidas.
[070 Shake] You Can’t Kill Me
Está aí o segundo álbum de 070 Shake, You Can’t Kill Me, o sucessor de Modus Vivendi (2020). E não podemos matá-la porquê? “Não me podem matar porque sou mais do que um corpo“. E o que não falta é alma que chegue à artista para sobressair e manter-se cá muito tempo depois da morte chegar. Christine and the Queens é o único nome creditado, mas gente como Mike Dean, Dave Hamelin e Johan Lenox vão aparecendo aqui e ali.
[Fado Bicha] OCUPAÇÃO
“Juntaram-se em 2017, tomando o fado como ferramenta de trabalho. Acrescentaram-lhe o adjetivo bicha: palavra de luta, orgulho e resistência”. O surgimento dos Fado Bicha está explicado. Em OCUPAÇÃO, álbum produzido por Moullinex, Lila Fadista e João Caçador reclamam “um património musical e estético com que cresceram, mas que continua preso a uma rigidez cisheteronormativa, que invisibiliza os corpos, as histórias, as dores e as cores das pessoas LGBTI e queer.”
[Dualus] à luz do farol
Que projecto é este? Dualus escreve que “são sons são músicas são narrativas espaciais”. Depois de aparecer no radar do ReB em “FAROFA CYHPER”, faixa que co-produziu, misturou e masterizou, o beatmaker desenvolve uma linguagem entre os broken beats e o lo-fi hip hop. à luz do farol sai pela sempre assertiva Slow Habits e cai bem a qualquer hora do dia.
[Vory] Lost Souls
Surpreendeu-nos, e bastante, em “God Breathed”, “Jonah” e “No Child Left Behind”, faixas de Donda, disco de Kanye West. Vory vê agora o favor devolvido por Ye em “Daylight”, canção de Lost Souls, o seu mais recente trabalho. Yeezy é apenas um dos convidados: NAV, Yung Bleu, Fresco Trey, Landstrip Chip e BEAM são os restantes.
[Arin Ray] Hello Poison
Este é para os verdadeiros fãs de r&b. Hello Poison sucede a Platinum Fire (2018) e é o segundo longa-duração de Arin Ray, uma daquelas vozes de seda que para este novo esforço discográfico se juntou a artistas como Terrace Martin, Arin Lennox, Childish Major, Blxst, Ty Dolla $ign, VanJess ou D Smoke. Nada dura para sempre, mas há canções que se habilitam a isso…
[Namir Blade] Metropolis
Fez o álbum com que sonhava desde criança em Aphelion’s Traveling Circus (2020), mas agora é hora de seguir em frente. Em Metropolis, mais um projecto pela Mello Music Group, Namir Blade, rapper e multi-instrumentista, inspira-se em anime e sonha com viagens no tempo. Sun Ra, Blade Runner, Marty McFly e Akira são algumas das referências que encontramos na descrição do disco. Prometedor.