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Publicado a: 25/05/2015

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sentipede_one_review

Os nostálgicos com idade suficiente vão lembrar-se de Centipede e de todos os muitos links possíveis entre videojogos e techno. Só que a voracidade ácida de Sentipede encontra a sua glória e razão num outro plano, simultaneamente físico, terreno, tremendamente impositivo, e também mental, onde alguns disparos certeiros atingem o cérebro em zonas sensíveis à estimulação quando sob efeitos químicos vindos do espaço exterior (de fora do corpo para dentro do corpo). Escreve-se este texto a tentar simular esses efeitos e o que fica é o gosto pelo combate. Este som sugere invariavelmente a resistência, células ocultas que operam para o derrube do que está. Não falha, e Underground Resistance deram-lhe o nome mais certo.

Neil Tolliday gravou este material directo para cassete, em 1993-94, entrando na corrente onde, precisamente nestes dois anos, Plastikman editava mais à superfície os essenciais álbuns Sheet One e Musik. Pelas características da produção, mas sobretudo da gravação, Sentipede soa bem mais alienado e contrário. As oito faixas em One dão-nos ossos duros para roer num mundo pouco fácil, não têm títulos e, como tal, também não convidam à individualização, isto é, um álbum assim é verdadeiramente uma coisa compacta e unificada para a qual é pouco interessante olhar em segmentos. Ainda assim, o ácido lento de “017” recorda “Gak” e, por defeito, “009” provoca o mesmo tremor de Unit Moebius em 1995 com o Disco LP.

Tempos ricos. Se algum dos nomes mencionados mexe com alguma coisa importante, isto é para vocês.

 

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