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Depois de ter explorado uma parte imensa da música electrónica, Wolfgang Voigt assumiu uma das mais admiráveis missões no seu percurso: reinventar à sua maneira a pop com proporções equivalentes e harmoniosas de techno, ambient e música clássica. O majestoso legado que nos deixou enquanto Gas – ao longo de quatro álbuns e outras faixas soltas -representa precisamente o fulcro de uma nova pop concebida por um sábio que entendeu perfeitamente que o techno podia também ser orquestral. Zauberberg ou Pop (note-se o título revelador da intenção) ainda hoje funcionam como impressionantes experiências auditivas, que dizem muito sobre o génio e o testamento deixado por Wolfgang Voigt (alemão de Colónia e um dos patrões da venerável label Kompakt).
Voigt condensou o som infinito de Gas entre 1995 (ano do primeiro EP Modern) e 2000 (data do opus final Pop), mas os ecos desse período não têm faltado desde aí na discografia lançada em nome próprio. Repare-se por exemplo em como a série Rückverzauberung (recentemente chegada ao décimo capítulo Nationalpark) revela tantas vezes o fascínio do alemão por arranjos sinfónicos feitos com cordas, sopro e sintetizadores. Sendo Rückverzauberung o termo recorrentemente associado aos registos de música apresentada ao vivo por Wolfgang Voigt (em concertos, exposições ou instalações), faz todo o sentido encontrá-lo uma vez mais no título do novo duplo-álbum, que documenta a passagem do alemão pela Igreja de St. John, em Hackney (Londres), no ano passado.
A obra intitula-se Wolfgang Voigt presents Rückverzauberung Live in London e é agora lançada pela britânica Astral Industries, que já nos tinha deixado boquiabertos com Lanterns (a cargo de outro grande senhor do techno chamado DeepChord). A ocasião é inevitavelmente especial e será por isso também que a Astral Industries optou pelo formato de duplo vinil de 180 gramas embalado numa capa de encher o olho. Trata-se de uma edição limitada e é bem provável que esgote em breve. Encontra-se por enquanto disponível em lojas de referência como a Norman Records, a Boomkat ou a Bleep. As amostras disponibilizadas no SoundCloud apontam para o que podia ser um novo disco de Gas sem o característico beat 4/4. É provável que esteja aqui um dos mais preciosos discos deste ano.
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