Já está disponível o novo álbum de Scúru Fitchádu: Un Kuza Runhu (“uma coisa ruim”) é composto por 11 temas e é escrito, composto e gravado pelo próprio. A capa é da autoria de Mariana Rosa e Outros Ângulos.
Para quem ainda não conhece o seu trabalho, Marcus Veiga, também conhecido como Sette Sujidade, faz “música de combate e de purga”. Depois de dar início a esta aventura com um EP homónimo, lançado em 2016, Scúru andou bastante na estrada, passando por festivais como NOS Alive, ZigurFest ou Eurosonic, por exemplo.
Neste primeiro longa-duração, Marcus encarrega-se, como já é habitual, da concertina, do ferro, da voz, das programações e “outras percussões”, e usa samples autorizados de “Campos de Extermínio” (MG15), “Konvokatória” (Chullage) e “Aleluia a Ressurreição Do Kriminal” (Allen Halloween) para completar a sua visão.
No dia 31 de Janeiro, o artista português apresenta Un Kuza Runhu no Musicbox, em Lisboa.
Que disco é este?
Antes de tudo é a representação física e reflexo do que aqui vai dentro. Um degradê de questões e sombra. Un Kuza Runhu não é, garantidamente, um disco fácil. À semelhança do primeiro EP, vem das entranhas, não tem polimentos típicos de um segundo trabalho, pelo menos não tentei isso. Claro que foram aprimorados caminhos, mas a fórmula “tareiademeianoite” para dias frios é omnipresente. É, sem dúvida, um disco que considero um pouco mais objectivo e de punhos erguidos do que o anterior. Os ingredientes são fiéis ao projecto, música de combate, afirmação e algum experimentalismo. Este disco representa-me na totalidade.
O que é que pretende transmitir?
Para ser sincero, para mim, esta coisa transborda e transpira luta e sobrevivência, tempos de dificuldade, guerras internas, mas acima de tudo muito sobriedade, auto-reflexão e consciência onde todos os temas pertencem a várias temáticas. Uma urgente aproximação mais directa às minhas raízes, sem dúvida.
Que representa no teu percurso?
Percurso artístico ainda é um pavio curto, mas posso dizer que acendeu rápido: em três anos tive até alguma estrada para um projecto desta natureza, e estranho para a grande maioria. Andei a partir pedra e a dar pedrada, só que este disco já andava a ser escrito nesse tempo. Representa uma reafirmação e acima de tudo uma cimentação do meu conceito Scúru Fitchádu, o input de uma geração com África no coração, embora nascida em Portugal, e essencialmente com uma diferente abordagem. Considero também um disco para enfiar no focinho de muita “boa gente simpática” nesses cantos e esquinas.