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Texto: ReB Team
Fotografia: Cláudio Ivan Fernandes
Publicado a: 15/07/2022

Depois de uma mudança de cenário em tempo recorde, o primeiro dia do festival merecia um cabeça-de-cartaz mais interessado em honrar esse estatuto.

SBSR’22 – Dia 1: que tipo de romântico és?

Texto: ReB Team
Fotografia: Cláudio Ivan Fernandes
Publicado a: 15/07/2022

[T-REX]

Apesar de todas as mudanças repentinas e uma afluência não tão volumosa como talvez a esperada, T. Rex abriu o palco principal desta atípica edição do Super Bock Super Rock com a mesma energia contagiante com que abre todos os concertos — e uma setlist que prometia não desapontar. Notava-se a forte presença dos fãs mais devotos à frente do palco, que cantavam a plenos pulmões os temas mais conhecidos como o “Tinoni”, imponente como sirene de abertura, “Duvidava” e “Pra Mim”.

Destacamos também a música “Lado Nenhum”, que despertou uma das reacções mais efusivas nas primeiras filas, seguida da chamada da Mafia73 ao palco para cantarem o tema “Nuvem” e, ainda, o momento sempre bonito em que todas as luzes de lanterna dos telemóveis se acendem e é cantada, de forma emotiva, “Tempo”. O concerto fechou com a mesma música com que começou, num momento de fullcircle, que podia até fazer alusão a um furacão que não pára. T-Rex (de há uns tempos para cá acompanhado por DJ e dois músicos) anda com a agenda preenchida e ocupada, crescendo a olhos vistos, deixando-nos constantemente entusiasmados para assistir ao que o futuro trará para o seu percurso.

– Beatriz Freitas



[FRED]

Não se esperava um Super Bock Super Rock neste contexto em 2022, mas nem toda a mística do Meco se perdeu na inesperada transferência para o Parque das Nações — e não nos referimos apenas ao gigante letreiro concelhio de “SESIMBRA” trazido para o recinto de Lisboa. Depois de entrarmos na Altice Arena ao fim da tarde, saímos para a última actuação do dia no palco exterior, onde Fred e companhia faziam esquecer a paisagem citadina que os rodeava.

Chegámos pouco depois do início desta jam session entre amigos. Fred apresenta-os de passagem e sem cerimónias, como, aliás, o faz sempre que comunica com o público. É através da música que melhor se expressa e é para tocar que aqui está. O calor começa a amainar à medida que o sol se põe e instala-se um desacelerado lusco-fusco cheio de boas vibrações. No fundo, foi para isto que se fez o festival do outro lado do Tejo. E o autor de O Amor Encontra-te no Fim Series Vol 1 – “Madlib” marca os tempos na bateria e imprime boas energias numa plateia descontraída na escadaria do pavilhão — só cerca de duas dezenas de fãs assumem uma primeira fila mais efusiva — com uma selecção de malhas desses dois discos. Fica a sensação de que a banda podia ficar ali a noite toda. E, na verdade, nós também.

– Paulo Pena



[LEON BRIDGES]

Talvez não seja a hora, o local e o espaço ideais para curar corações partidos. Mas, por muito atípico que este encontro com Leon Bridges possa parecer a princípio, o cantor (e que cantor…) norte-americano tem cartas suficientes nas mangas cintilantes para nos puxar para o seu lado. Volvidos ao palco principal, não se preenche nem metade da Altice Arena. Bridges não está, no entanto, preocupado com esses números. Bem sabe ele que o seu canto há-de atrair mais gentes que não sabiam que o precisavam de ouvir.

E assim foi. Depois da sua entrada elegante, com indumentária vistosa e brilhante, e rosa em plano de fundo, Leon arranca com temas mais delicados; mas rapidamente percebe que o público festivaleiro não está para aí virado. Se não querem as “slow jams”, vão levar com o rock. Convite lançado para dançar e, sem dar por isso, a plateia deixa-se converter canção a canção. Não há como ficar indiferente à voz que, irrepreensível ao vivo, nos chega cristalina. A dada altura Bridges, que celebra o seu 33º aniversário no Palco Super Bock, confessa: “I’m in love with y’all”. Por esta hora é unanimemente recíproco — ninguém lhe resistiu ao fim de meia dúzia de canções.

– Paulo Pena



[A$AP ROCKY]

Com um atraso significativo que não desmotivou uma audiência repleta de gente pronta para exibir os seus melhores dotes para entrar num moshpit, A$AP Rocky “pisou” o palco muito antes ainda de se ter materializado. Durante qualquer coisa como 30 minutos, o palco foi preparado com inúmeros figurantes, vestidos com macacões, a condizer com o boneco gigante insuflável – alusivo ao seu álbum Testing — que tomava forma aos poucos e ao som de ruídos de obras e gritos das pessoas presentes. Quando este finalmente atingiu a sua forma final, em todo o seu esplendor, e já com a cabeça a mexer de forma assustadora -dando a ideia que a qualquer momento se podia levantar e levar à frente a plateia –, Rocky entrou pela lateral do palco de rompante e com um outfit invejável, não fosse ele o Lord Pretty Flacko: uma saia, chapéu, sweater e mala a condizer.

Foi este o concerto que proporcionou a maior enchente do dia, reunindo muitos jovens que não hesitaram em dar razão ao aviso prévio a este concerto: “There’s three things you need to know about this concert; number one: moshing”; a partir da segunda música foi o salve-se quem puder, muito a pedido do artista, que ordenava a abertura de moshpits a cada tema anunciado para grande deleite dos fãs, eufóricos com esta presença tão aguardada, que lhe mandavam soutiens e retribuíam toda a energia que lhes era dada; caso para dizer que foi quase o público que fez o concerto. 

Mesmo assim, doente e com uma setlist reduzida, A$AP Rocky presenteou-nos com a performance de temas maiores que levaram quem lá estava à loucura, como foi o caso de “L$D”, “Everyday”, “Praise The Lord”, especialmente, e ainda “No Limit”.

O momento alto deste espetáculo, pelo seu carácter caricato, foi a altura em que o artista decidiu jogar um rápido jogo de pedra, papel ou tesoura com um fã devoto, quase a ser esmagado na primeira fila, acabando a ser puxado por Rocky e todos os seguranças para cima do palco de forma a poder viver aquilo que foi, talvez, um dos grandes momentos da sua vida, seguido de um rematch do mesmo jogo.

Também o cenário, acompanhado com os imponentes visualizers e o gigante boneco insuflável se destacaram, atribuindo uma atmosfera que impunha respeito, mesmo a quem poderia estar somente a passar por entre palcos. Resumindo: saciou a sede, por agora, mas deixou-nos a querer mais.

– Beatriz Freitas



[DAVID & MIGUEL] 

O ligeiro atraso de A$AP Rocky resultou numa sobreposição de concertos e, entre sair a passo rápido da Altice Arena para dar à volta ao pavilhão e voltar a entrar no edifício para descer à Sala Tejo, já David & Miguel tinham dado início ao show. Ainda assim, chegamos ao Palco Somersby na hora certa: grita-se “Gondomar! Gondomar!”, o que significa que a festa ainda está a começar.

A rosa (“tão airosa”…) volta a aparecer em plano de fundo. A(s) dupla(s) romântica(s) aposta(m) no contraste visual, à medida das respectivas personagens: David está de preto com uma camisa de padrão de elefantes (?), Miguel está de branco com uma camisa de padrão floreado; António Bandeiras reluzente em tons escuros, Marco Ferreira luminoso em tons brancos. Todos de alças por baixo.

De Caxinas à Coca-cola, os cânticos à “Gondomar!” nunca ficam sem resposta. Nestas Palavras Cruzadas o público tem todas as letras na ponta da língua. Ainda na linha dos contrastes, há, porém, um equilíbrio perfeito entre a coolness de David e a paixão intensa de Miguel; entre o tango de Bandeiras e o rock de Marquito; entre a paródia assumida e o romantismo desenvergonhado. Há sentimento na entrega de cada um, mas o pico das emoções acontece no solo do guitarrista de Barcelos (que, reza a lenda, tem tatuado no braço o galo da cidade), após o mote de homenagem aos bombeiros dado por David. Há, também, crowdsurf — primeiro de Bandeiras; depois de David, que acabou de calças rasgadas. A noite acaba no “Inatel” e o quarteto despede-se como se apresentou perante a nossa chegada: “Gondomar! Gondomar!”. Demasiado gentis.

– Paulo Pena


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