A vocalista e compositora portuguesa Sara Serpa junta-se ao pianista e compositor norte-americano Matt Mitchell para o lançamento de End of Something, um novo álbum em duo que verá a luz do dia a 7 de Novembro. Editado pela Obliquity Records — editora independente fundada por Mitchell e a baterista Kate Gentile — o disco promete uma viagem sonora íntima e desafiante, onde a improvisação, a poesia e a experimentação se cruzam de forma subtil.
O álbum inclui composições originais de ambos os músicos, bem como peças vocais baseadas em textos de autoras como Sonia Sanchez, Virginia Woolf, Luce Irigaray e a portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen. Destaca-se ainda uma versão de “Les Bergers”, do compositor francês Olivier Messiaen, o que oferece ao disco uma ligação sólida ao universo da música erudita contemporânea.
Com sede em Nova Iorque, Sara Serpa tem vindo a afirmar-se como uma das artistas mais inovadoras da sua geração. A sua música desafia rótulos, combinando elementos de jazz, música de câmara e som experimental numa linguagem profundamente pessoal e emocionalmente ressonante. Conhecida pela pureza do seu timbre, pela utilização expressiva do canto sem palavras e pela ousadia nas improvisações, Serpa tem vindo a conquistar reconhecimento internacional, com actuações em palcos emblemáticos como o Lincoln Center, o Kennedy Center, o Metropolitan Museum of Art ou o Village Vanguard.
Desde 2008, tem desenvolvido uma intensa carreira internacional, liderando os seus próprios projectos e colaborando com alguns dos nomes mais relevantes da música criativa contemporânea, incluindo Mark Turner, Ran Blake, John Zorn, Ingrid Laubrock, David Virelles e Linda May Han Oh. É também cofundadora da plataforma M³ – Mutual Mentorship for Musicians, que apoia artistas mulheres e de género expandido, e lecciona na prestigiada The New School, em Nova Iorque.
Matt Mitchell, por sua vez, é uma figura central do jazz moderno e da música improvisada. O seu trabalho situa-se no cruzamento entre música acústica e eléctrica, escrita e improvisada, e é reconhecido pela sua complexidade rítmica, rigor estrutural e riqueza harmónica. Com vários discos aclamados lançados por editoras como Pi Recordings e Screwgun Records, Mitchell lidera múltiplos projectos e é colaborador regular de nomes como Tim Berne, Dave Douglas, Steve Coleman, Linda May Han Oh e Dan Weiss.
Além de ser cofundador da Obliquity Records — editora criada para dar espaço às suas mais diversas explorações sonoras —, Matt Mitchell é também co-líder do projeto Snark Horse e integrante de vários ensembles de vanguarda. Ao longo da sua carreira, foi distinguido com prémios como o Pew Fellowship in the Arts e o Doris Duke Impact Award, além de ter recebido apoios à criação da Shifting Foundation.
A ligação entre Serpa e Mitchell remonta a 2018, quando colaboraram pela primeira vez no projeto Intimate Strangers, de Serpa. “Desde o início, senti que podia contar com o Matt. Ele ouve de forma profunda — e entende a voz de uma forma rara”, afirma a cantora. Mitchell destaca, por seu lado, a dimensão estética da colaboração: “Sempre que improvisávamos juntos, sentia-se algo especial. Não era apenas intelectualmente desafiante — era também sonoramente belo.”
End of Something terá uma apresentação antecipada no New England Conservatory, em Boston, a 2 de Outubro, e será seguido de uma digressão de lançamento entre 3 e 8 de Dezembro, com concertos em várias cidades dos Estados Unidos da América. Embora ainda não estejam confirmadas datas em Portugal, o novo álbum reforça o percurso internacional de Sara Serpa e o seu papel como uma das artistas mais relevantes da cena vocal contemporânea.