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Publicado a: 02/09/2017

Sant: há norte no rap do Rio

Publicado a: 02/09/2017

[TEXTO] Núria R. Pinto [FOTO] Direitos Reservados

Há coisa de uma semana, caía no YouTube a faixa “d’omundoaonorte”, uma posse cut soturna de dois minutos e meio, com uma abertura confiançuda na voz de um MC com mais flow que idade. Três dias antes, “Frio“, e o mesmo mestre de cerimónias em cima do muro, a assumir sem indecisões a responsabilidade de abrir, e agarrar quem ouve, uma faixa que não a sua. No início do mês de Agosto foi sicário na faixa de Menestrel; a fechar Julho representa a zona norte na música de Ghetto ZN, quinze dias depois de participar na cypher que juntou Atentado Napalm, Coruja BC1, Rincon Sapiência, Xamã e Rashid. Por esta altura, já perceberam a ideia e a questão só cresce: que Sant é este?

 



O rapper de 23 anos que caiu nas graças de MC Marechal, carimbo suficientemente sonante para já ficarmos com ele debaixo de olho, precisou de pouco mais de 10 minutos de inspiração vinda do próprio para, em 2011, lançar a sua carreira. Sant’Clair Araújo Alves de Souza representa Pilares, bairro da zona norte do Rio Janeiro, e é hoje parte fundamental do selo #VVAR (Vamos Voltar à Realidade) de MC Marechal. “Mas que porra é essa, Sant?” É minha vida e um beat em cima.” A lírica madura e vincadamente crítica contrasta com a pouca idade que anteveria, na teoria, um beat potencialmente frágil. E em potência só mesmo a do queixo caído. A adolescência conturbada, o divórcio prematuro dos pais e as drogas a pairar perpetuamente na vida familiar enchem de genuinidade as temáticas do MC.

 



Em 2014 chega com as faixas “É o rap” e “Entre Nós” numa compilação intitulada Porradão de 2. Em 2015, Porradão de 5 em “O que separa os homens dos meninos” com produção e participação de MC Marechal na rainha “O Tempo Passou”. A partir daí, variadíssimas faixas soltas e participações em cyphers ajudaram a construir um caminho já de si beatificado rumo à santidade. Teve lugar nos já famosos perfis da Pineapple Supply, mas é na parceria com Makalister, BK, Menestrel, Djonga, Jxnvs e Slim em “Poetas no Topo” que se destaca, com um dos versos mais inéditos e, também, mais subestimados do YouTube. É que é preciso ter talento para “dizer merda”.

 



As faixas e instrumentais do MC são disponibilizadas gratuitamente aos subscritores do selo #VVAR. Por agora, e segundo a matemática, esperamos um Porradão de 10 prometido desde 2014 e rezamos para que os milagres continuem a surgir em força. Sant, e todo os que acompanha, é só mais uma amostra que a nova geração do hip hop brasileiro está de óptima saúde e a lançar novos talentos movidos a paixão. É o rap, graças a Deus e a todos os santos.

 


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