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Publicado a: 09/06/2017

Run The Jewels no NOS Primavera Sound: A comunhão total de um culto cada vez maior

Publicado a: 09/06/2017

[TEXTO] Rui Correia [FOTOS] Hugo Lima

A primeira grande enchente no palco NOS é recebida pelo tiro de partida triunfante que é “We Are The Champions” dos Queen, tema que se tornou já o ritual de iniciação aos concertos da dupla Run The Jewels. Já era assim quando os vimos na sua bem-recebida estreia em Portugal, há dois anos, neste mesmo festival.

Desde então, o crescimento de RTJ tem sido uma constante e desta feita materializou-se num palco de maiores proporções com um alinhamento ainda mais frenético, em que se incluem agora os temas do mais recente disco (RTJ3, 2016) e que se tem repetido durante a tour (sendo perfeito exemplo disso, o concerto dado na semana passada no Primavera Sound em Barcelona).

O set construído por Killer Mike e El-P (acompanhados ao vivo, unicamente por DJ Trackstar) entra de rompante: dá-se a sequência de 3 temas do novo álbum (“Talk to Me”, “Legend Has It” e “Call Ticketron”), passando fugazmente pelo segundo disco (“Blockbuster Night, Part 1” e mais tarde com uma das músicas que gerou reacção mais intensa “Close Your Eyes (And Count To F**k)”), com tempo também para se lançarem na excelente colaboração com DJ Shadow, “Nobody Speak”, e, claro está, acabando tudo com a bomba que coloca as mãos bem no alto em representação do culto (“Run The Jewels” do primeiro disco). O gigante duo de rap incendiou facilmente as primeiras filas do público que não se quedou em prestar provas nas letras e na exibição de força corporal num concerto que não conheceu momentos baixos, excepção feita literalmente para o tema “Down”, já na recta final do espectáculo.

 


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Houve espaço a pequenos intervalos entre músicas, para descansarem das entregas ofegantes e, ao mesmo tempo, fortalecer laços (não faltou o amor declarado à hospitalidade dos portuenses nem doses bem-medidas de sarcasmo, como quando El-P afirmou que iria acabar RTJ para se focar no seu projecto a solo de spoken word) em momentos de contemplação por parte de quem os vê e numa espera que me faz lembrar da responsabilidade acrescida que o grupo tem pela sua mensagem confrontacional e social (“…quando é não, é não!”, apregoa Killer Mike pela causa feminista). A maturidade e a irmandade respondem facilmente a esse apelo, razão que os levará a serem catapultados em breve para o estatuto de cabeças de cartaz de muitos festivais que se avizinham em anos vindouros.

A cavalgada americana passou rápida e já deixa saudades e marcas (para lá do suadouro instantâneo). No fim, despertaram em mim o desejo inerente de ver destacada mais música que defenda o bem da humanidade e um sentido de comunhão. “Há esperança” concluiu El-P.

 


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