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Texto: ReB Team
Fotografia: Rafael De Oliveira
Publicado a: 08/08/2024

Recontextualizar a narrativa colonial através da música.

RS Produções e Henrique J. Paris lançam Ressurgências este mês

Texto: ReB Team
Fotografia: Rafael De Oliveira
Publicado a: 08/08/2024

O artista e investigador Henrique J. Paris, em parceria com o coletivo RS Produções, estão prestes a lançar Ressurgências, um EP de múltiplos padrões transatlânticos, que será disponibilizado no próximo dia 16 de Agosto em todas as plataformas digitais. Este trabalho é uma extensão sonora da instalação “Padrões da Polifonia”, desenvolvida por Henrique J. Paris, recentemente ativada no padrão dos descobrimentos, em Belém, no contexto da exposição Álbuns de Família — Fotografias da Diáspora Africana na Grande Lisboa (1975-hoje), aberta ao público até 30 de Novembro de 2024.

A instalação “Padrões de Polifonia” é uma peça que explora a historicidade dos movimentos sociais negros, africanos e afrodescendentes em Lisboa e as tendências de oralidade diaspórica que marcam as suas expressões culturais. Henrique J. Paris utiliza auto-retratos de produtores de som contemporâneos como XEXA, Dadifox, DJ Narciso, DJ ADAMM, Nuno Beats e Danifox, combinando textos, imagens de identificação, cordas de junta vermelha, missangas de madeira e documentos em papel, oferecendo uma crítica artística, arquitetónica e institucional à simbologia imperial e colonial representada pelo padrão dos descobrimentos.

Para complementar “Padrões de Polifonia”, Henrique J. Paris convidou alguns dos mais emblemáticos e inventivos produtores da batida de Lisboa para criar um EP que pudesse ser uma extensão artística, sonora e discursiva da própria instalação. Nuno Beats, DJ Narciso, DJ Nulo e DJ Lima, da RS Produções, contribuíram, assim, com um repertório sonoro que explora as tradições e o significado político de géneros como a batida e o kuduro e o lugar que estes assumem para as comunidades negras marginalizadas na história e na sociedade portuguesa. Este trabalho destaca a ligação entre a história dessas composições sonoras e um movimento de rutura coletiva, fundado na alegria radical e na fé como ferramentas essenciais das comunidades negras e do seu protagonismo cultural.

Ressurgências transmite, segundo os seus autores, “múltiplos padrões transatlânticos, desde a dança footwork / Chicago juke estabelecida por RP Boo em 1997 até ao álbum Batida Unika de 2006 do kudurista Bruno M“. O EP mapeia experiências negras periféricas comuns, partilhadas em paisagens urbanas através do som, configurações de bass uptempo e movimentos corporais eletrificados. Em síntese, e como os autores afirmam, o EP explora a ideia de que é através de uma frequência sónica contra-colonial que os corpos, em diversos espaços metropolitanos, respondem poderosamente aos estados-nação e à violência sobre as comunidades.

Com este lançamento, Henrique J. Paris e a RS Produções oferecem uma experiência sonora que não só celebra a cultura e a história da diáspora africana em Lisboa, mas também desafia e recontextualiza a narrativa colonial através da arte e da música.


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