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Publicado a: 20/04/2017

Robert Glasper dá mini-aula sobre a ligação umbilical que o hip hop mantém com o jazz

Publicado a: 20/04/2017

[TEXTO] Gonçalo Oliveira [FOTO] NPR

A NPR publicou um novo vídeo na sua coluna Jazz Night In America. O mais recente convidado da plataforma foi Robert Glasper que na sua apreentação ajudou a demonstrar as ligações que existem entre o jazz e o hip hop.

Pegando em exemplos concretos, Glasper mostra como o género nascido no Bronx recuperou a linguagem do jazz para se aperfeiçoar. Será justo também dizer que o próprio hip hop ajudou o jazz a reinventar-se e, nos dias de hoje, há até uma assumida ligação entre os dois géneros que os tem levado numa caminhada musical bastante frutífera. O próprio Robert, bem como Kamasi Washington ou os BADBADNOTGOOD, são perfeitos exemplos de músicos que conseguem jogar simultaneamente nas duas equipas e que conseguem importar técnicas de um género para o outro.

Mas vamos às raizes. O hip hop nasceu do ritmo: pedaços de breaks provenientes do funk em loop constante que os DJs usavam para as suas block parties. Na carência de um lado mais melódico, o jazz foi, e é, sem dúvida, a biblioteca de cadências tonais mais completa do mundo. O alimento perfeito para um sampler sedento de pedaços de audio, que urge em criar novas melodias através da decomposição de algo que já existia, mas que soaria bem ao ser reinterpretado de 1001 maneiras diferentes.

Em Jazz Is The Mother Of Hip-Hop, Glasper pega em três exemplos de como o jazz foi fulcral para preencher a tal lacuna melódica do hip hop . Indo ao primeiro caso, podemos logo detectar umas quantas ‘cambalhotas’ que os produtores deram em torno de “I Love Music”, tema do Ahmad Jamal Trio. Pete Rock serviu Nas em “The World Is Yours” com recurso a dois compassos do tema original. Mas a versatilidade do hip hop permitiu que outros artistas descolassem do mesmo ponto de partida: Jeru the Damaja não resistiu em largar umas rimas numa versão alternativa que parte do mesmo tema, pelas mãos de DJ Premier ou, mais recentemente, Knxwledge voltou à década de 70 para uma abordagem mais moderna em “Keepthtup”. E haverá certamente outros exemplos e um infindável número de produtores que, ainda nos dias de hoje, irá deparar-se com “I Love Music” durante o processo de diggin’ e usar o tema para procurar ideias para novos instrumentais.

Este terreno fértil de ideias que é o jazz até mereceu já um laboratório de estudo em Portugal, numa coluna editorial na Jazz.Pt – publicação que abandonou o formato físico e se reinventou online. Era lá que Rui Miguel Abreu falava das infindáveis Jazz Bridges, de onde recuperou já um importante texto, aqui no Rimas e Batidas, para falar destas mesmas pontes que Robert Glasper traça entre o hip hop e o jazz. O pianista americano diz que “o jazz é a mãe do hip hop”. O nosso director defendia que “o hip hop foi sempre um filho do jazz”. Faz sentido.

 


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