pub

Publicado a: 07/07/2021

Funkamente bom.

Rob Mitchell (The Haggis Horns, Abstract Orchestra): “Descobri tanto jazz por causa do hip hop”

Publicado a: 07/07/2021

Os The Haggis Horns são uma autêntica instituição funk em Inglaterra, um grupo com cerca de década e meia de actividade que se apresenta como “uma live funk extravaganza que combina breaks de funk pesados, soul, hip hop e afrobeat com a virtuosidade de músicos educados no jazz”. Recentemente, “Give It Up (Don’t Take Part in The Madness)”, a última faixa do mais recente álbum do colectivo, Stand Up For Love, foi remisturada por Rob Mitchell, músico que não é apenas o saxofonista alto e barítono do grupo, mas também o homem do leme da incrível Abstract Orchestra, colectivo que lançou já três álbuns com sentidas vénias a J Dilla e MF DOOM além de um projecto colaborativo com os Slum Village. Razão mais do que suficiente para uma conversa em que se exploraram as duas “frentes de batalha” de um músico, produtor e arranjador que estudou em Nova Iorque, mas que se formou nos palcos britânicos a tocar funk e jazz para multidões entusiásticas em festivais e clubes.

Mitchell revela também toda a sua paixão pelo hip hop que se deverá manifestar em breve num projecto em que pousou os seus saxofones e pegou na MPC para samplar o catálogo da ATA Records, a editora que tem lançado os álbuns da sua Abstract Orchestra. No futuro do grupo estará igualmente um conjunto de novos projectos, com Mitchell a explicar que lhe interessa começar a apresentar material original, sublinhando que não quer que a Abstract Orchestra se transforme “numa banda de karaoke”. Seria difícil que tal acontecesse, mas entende-se o que o músico pretende.



Tem sido um ano longo e difícil, para todos nós, mas, quando pensamos em música, impossível não concluir o quão longo e difícil tem sido para os artistas e muito particularmente para bandas como os Haggis Horns que vivem de uma agenda carregada de concertos. Como é que têm lidado com tudo?

Bem, temos tentado lidar com tudo, muitos de nós tivemos que nos adaptar, fomos forçados a sermos criativos de maneira a podermos dar às nossas famílias aquilo que necessitam. Para muitos de nós isso significa dar mais aulas ou aceitar projectos colaborativos que podem avançar online. Eu, por exemplo, tenho estado bastante ocupado com trabalhos colaborativos com alguns amigos meus nos Estados Unidos, coisas que me chegam por causa do meu outro grupo, os Abstract Orchestra, tenho estado a escrever muito para outros artistas, a fazer arranjos de metais. Ainda bem que temos a Internet e que hoje é possível fazer coisas à distância. Portanto, estes têm sido dias de adaptação, como tenho a certeza que tu mesmo já sabes.

Portanto, neste último ano não houve quaisquer concertos?

Não, nada de concertos para nós… Na fase final do ano ainda se falou na possibilidade de alguns concertos, mas foi-nos imposto novo confinamento e por isso nada aconteceu. Agora parece que as coisas estão a começar a abrir um pouco e por isso alguns dos meus companheiros estão a começar a mexer-se. Na verdade, o Malcolm [Strachan], o nosso trompetista, está já a fazer algo – devo aliás ir vê-lo tocar amanhã em concerto. Portanto, as perspectivas começam a abrir: os Abstract Orchestra deverão ter alguns concertos lá para Novembro – dedos cruzados! Ansioso por isso.

Fantástico. Em relação aos Haggis Horns: quando vocês estão em palco, quantas almas contamos?

Quando os Haggis Horns tocam temos três sopros à frente: eu mesmo, no alto e no barítono, Atholl [Ransome] no tenor e na flauta, e o Malcolm no trompete e fliscorne. E depois temos ainda teclados, baixo, bateria, guitarra e um vocalista que também toca guitarra ritmo.

Oito pessoas em palco: nos dias que correm isso ainda implica palcos suficientemente grandes para acomodarem toda a gente. Bem, leva-me ao princípio do projecto: tocas com os Haggis Horns desde o início?

Não exactamente desde o início, não. Não me lembro precisamente quando me terei juntado ao grupo, mas terá sido há uns 7 ou 8 anos. Antes disso estavam no grupo o Jim Corry e o nosso amigo Jason Rae, que infelizmente faleceu. Já terá sido há uns 12 ou 13 anos: ele era o saxofonista alto e barítono original do grupo. Portanto, de forma consistente nos últimos 7 ou 8 anos, embora já antes de vez em quando eu fizesse coisas com a banda.

Bem, nesses 7 ou 8 anos os Haggis Horns têm tocado com muita gente e construíram um currículo impressionante. Quando te perguntam com quem tens tocado e queres impressionar com a tua resposta, que nomes costumas mencionar?

Bem [risos], normalmente gosto de ficar quietinho no meu canto e tento não impressionar ninguém… Mas pronto, no último festival de Glastonbury, em 2019, integrei a banda do Rag’n’Bone Man e isso foi bem divertido. Sabes quem é o Rag’n’Bone Man?…

Todo o planeta sabe quem é, mesmo sendo ele apenas humano…

[Risos] Exactamente. Incrível voz, incrível cantor, um tipo às direitas, um personagem singular. Esse terá sido assim o gig mais notório dos tempos mais recentes.

O papel dos músicos britânicos no renascer global do funk não pode ser subestimado. Vocês construíram um sólido ecossistema funk em Inglaterra, com bandas, etiquetas, estúdios, salas de concertos, lojas de discos…. Na tua opinião, porque é que isso aconteceu?

Bem, a história é longa e acredito que as raízes desse facto estão na nossa relação com a soul. Em finais dos anos 50 e nos anos 60, toda a gente foi influenciada por soul music que era a pop desse tempo. E no Reino Unido essa ideia pegou mesmo, sobretudo com a imposição do movimento Northern Soul. Pode pensar-se que era apenas um conjunto de DJs a tocarem discos de soul para multidões ávidas…

… discos bem rápidos, refira-se…

… exacto. E esse pormenor que mencionas é crucial porque a cultura de pista de dança que nasceu daí é muito importante: a ideia de dançar, de socializar, é algo que nunca desapareceu por aqui. E isso embrenhou-se no nosso tecido social: gostamos de música orgânica para dançar, com raiz soul ou funk, com grooves vincados. Isso é algo que aprendemos com a Motown e que nunca nos deixou. E ao longo dos anos foram surgindo, como referes, artistas que têm a sua própria abordagem a esse tipo de som e editoras que apostam nisso. Como a Haggis Records, claro, mas há outros selos importantes, como a Acid Jazz, por exemplo, que se tornou sinónimo deste tipo de som.

Próximos passos? Já há planos para novos discos? Já começaram a gravar alguma coisa?

Ainda não começámos a gravar nada. Mas estamos a trabalhar em novas composições. Neste momento estamos mesmo interessados em regressar aos palcos e afastar as teias de aranha [risos], voltar ao serviço e olear a banda mais uma vez. E depois, claro que está bem presente nas nossas cabeças voltar a gravar.

Faz pleno sentido: o James Brown gostava de levar a banda para o estúdio depois de um grande concerto, porque acreditava que a energia de palco se traduzia depois na sessão de gravação…

Absolutamente. Tocar ao vivo é uma parte importantíssima dos Haggis Horns. É quando estamos a actuar em palco que damos o nosso melhor, que conseguimos os nossos mais carregados níveis de energia. E por isso estou mesmo convencido que antes de qualquer gravação precisamos de trazer esse fogo de volta. E para isso precisamos de palco.

Estou a olhar para o teu chapéu e imagino que o “D” não se refira a Dalston, o bairro de Londres, mas a Detroit, a cidade americana. E imagino que a escolha de chapéu se prenda com a tua relação com o hip hop. Podes falar-nos um pouco disso? De onde vem essa ligação?

[Risos] Bem, na verdade acabei de mencionar a Motown, não foi. E aqui tenho o símbolo dos Detroit Tigers [aponta para o chapéu]. Adoro a Motor City, claro, tenho uma grande afinidade com Detroit e com a sua música. Já trabalhei muito com artistas soul de Detroit, toquei e fiz arranjos para vários artistas. Portanto há essa ligação à soul que vem da cidade, mas também, pois claro, ao hip hop. Na verdade, o hip hop de produtores como J Dilla é ele mesmo muito soulful, muito ligado a toda a tradição que emanou da Motown. E suponho que o meu amor pelo hip hop também está ligado ao meu amor pelo jazz, que são duas linguagens que estão tão interligadas que eu, para ser honesto, nem as consigo separar. O hip hop precisa do jazz e vice-versa. O hip hop precisa dos samples, mas o jazz também tem demonstrado precisar do pulso do hip hop para se manter relevante e válido e vibrante. Eu estudei jazz, mas cresci com hip hop à minha volta: eu comprava discos de jazz e ao mesmo tempo dos A Tribe Called Quest.

O que dizes faz pleno sentido. Em entrevistas que tenho feito com músicos americanos mais jovens – como o Makaya McCraven ou o Ambrose Akinmusire, por exemplo – essa ideia de que não há realmente separação entre hip hop e jazz está muito presente nos seus discursos e pensamento. Talvez o mesmo já não aconteça com músicos mais velhos, como o Joe Chambers, com quem também falei recentemente. Penso que as gerações mais velhas não valorizam o hip hop como deviam, embora não se importem de ir levantar os cheques que recebem por causa dos samples, caso do Chambers, precisamente, com o clássico “N.Y. State of Mind” do Nas. Mas imagino que no teu caso essa educação recebida dos discos de jazz e de hip hop que compravas ao mesmo tempo esteja na base da criação da Abstract Orchestra…

Exactamente! Sabes e só para ir um pouco mais fundo nessa ideia: eu descobri tantos músicos de jazz por causa do hip hop. Eu descobri o Ron Carter por causa do Low End Theory dos A Tribe Called Quest. Descobri o Lou Donaldson por causa do Black Sunday dos Cypress Hill. É quase irónico chegar ao jazz pelo hip hop, mas foi o que aconteceu por estarem ambos tão entrelaçados. Acho que tens razão quando referes essa nuance geracional na relação do jazz com o hip hop, mas para mim o jazz precisa dessa evolução constante, dessa progressão, caso contrário para no tempo e o jazz não é suposto parar. Não é música de museu: não vais ao museu para escutar jazz. Talvez essa ideia aliás seja parte do problema com certos músicos que têm uma abordagem muito conservadora e só querem tocar jazz de um certo período histórico. Mas sim, a Abstract Orchestra nasce do reconhecimento dessa ligação e da minha paixão pelas big bands. Muita da minha aprendizagem do jazz vem, não só de ter estudado na universidade, mas bem antes disso da minha experiência a tocar em big bands. Quando eu era adolescente fui à América e fiz alguns cursos de verão, em Nova Iorque, na Manhattan School of Music, que na altura era dirigida por um baterista que tinha tocado com o Thelonious Monk. Isso foi uma parte importante da minha educação em big bands. Por isso quando comecei a pensar num projecto meu fez pleno sentido tentar criar uma big band hip hop.

Quando o John Coltrane pegou no “My Favourite Things” era apenas um músico de jazz a abordar um tema que estava nas tabelas de vendas, que era a pop daquele tempo. E eu acredito que se esses músicos estivessem vivos hoje provavelmente tocariam algo do Kendrick Lamar ou de algum artista assim. Portanto, quando a Abstract Orchestra pega nos cancioneiros de DOOM, J Dilla ou Slum Village o que está a fazer é olhar para os standards do hip hop, certo?

É exactamente isso. Essa é a ideia estruturante do projecto. Esta é a música do presente e penso que é perfeitamente válido que nós enquanto músicos de jazz possamos explorar isso.



Podes falar um pouco de cada um destes projectos?

Claro: o primeiro álbum que fizemos foi uma homenagem à música de J Dilla. E penso que comecei da forma mais natural possível visto que o Dilla é provavelmente o meu produtor de hip hop favorito, alguém com uma obra muito vasta, mas que aos meus ouvidos, e como já disse, também soou sempre muito soulful. Tenho uma ligação muito funda a esse lado da sua música e acreditava que iria traduzir-se muito bem para um formato de big band. Há bocado falava de descobrir músicos através de discos e numa altura em que eu andava a comprar os discos dos A Tribe Called Quest ou do Common e a apaixonar-me pela musicalidade desses artistas houve um amigo meu que me explicou: “sabes que há um tipo que liga esses discos todos de que gostas, que tem produzido para essa gente toda? Chama-se J Dilla”. E foi aí que se acendeu uma lâmpada na minha cabeça, quando percebi que era o J Dilla que andava a produzir muita da música que eu realmente apreciava. Por isso mesmo fez todo o sentido começarmos por explorar a música da minha maior influência.

Depois disso decidimos que o nome seguinte a abordar deveria ser o MF DOOM e a sua colaboração com o Madlib no álbum Madvillainy. Esse foi um projecto muito diferente, porque a música é bem distinta da de Dilla: é música muito mais sombria, ainda que em certos momentos seja igualmente muito soulful. Mas pronto, é bem mais sombria, bem mais pesada, bem mais abrasiva. Eu sou um fã dedicado do DOOM e por isso fazia todo o sentido dedicar-lhe atenção, mas também houve a vontade de fazer algo que musicalmente fosse muito distinto do primeiro álbum.

Depois houve o projecto com os Slum Village, que apareceu depois de termos feito uma digressão com eles que motivou o desafio que eles nos lançaram de retrabalharmos o álbum clássico deles, o Fantastic Vol. 2. Nós gravámos tudo aqui, enviámos para eles, que depois acrescentaram as suas partes. Foi por isso um projecto colaborativo e igualmente diferente dos anteriores, não sendo uma mera homenagem.

Escrever arranjos para cada um destes discos deve ter representado um grande desafio: vejo o hip hop como uma linguagem que reduz e concentra, mas transpor esses discos para o formato de uma grande orquestra implica o esforço oposto, implica expandir e multiplicar, encontrar linhas para as vozes dos diferentes instrumentos em todos aqueles samples. Como lidaste com esse desafio?

Sim, é algo em que fui melhorando e em que todos os dias trabalho para melhorar porque é um desafio constante. Eu tenho esta capacidade de ouvir alguma coisa e pensar imediatamente “ah, isto vai soar fantástico em flauta, isto vai soar fantástico no trompete, esta parte vai resultar bem só com uns acordes [NR: faz gesto como quem toca piano]”. Na verdade, isso acontece muito rápido e resulta de eu entender a criação musical como encontrar soluções para problemas. “Tenho uma ideia. Óptimo. Agora o que é que faço com ela?” [risos]. É o mesmo quando se escrevem arranjos e material para ensembles maiores: tem-se a ideia inicial e depois é preciso encontrar soluções para a aplicar. Eu gosto de trabalhar rapidamente, por isso os dois volumes que dedicámos ao Madvillainy, foram gravados ao longo de dois dias, tempo que nos deu para gravarmos 22 faixas. E o mais curioso é que só escrevi as partituras 48 horas antes.

Queres dizer que no dia em que chegaram ao estúdio, andaste a distribuir partituras? Os músicos ainda não conheciam os arranjos?…

Exacto. A banda tocou a ler as partituras.

Há um par de anos perdi-vos por alguns dias: de visita a York fui ver um espectáculo ao The Crescent e não pude deixar de reparar nos posters que promoviam um concerto que vocês ali tinham dado uns dias antes. Não sei, portanto, como é um concerto vosso. Podes descrever-me um? Costumam, por exemplo, ter MCs a subir espontaneamente ao palco para largarem umas barras em cima da vossa música?…

Para ser perfeitamente honesto, devo dizer que isso acontece com alguma frequência. Sabes, para tocar ao vivo, e seguindo um bocado a tradição do hip hop, os arranjos são organizados em secções que podem ser repetidas, tocadas em loop. Eu posso fazer sinal à banda para avançar ou repetir uma parte. Por vezes levamos MCs connosco para alguns concertos, mas aparecem sempre amigos deles que também querem largar umas barras, fazer um freestyle. Nós conseguimos adaptar-nos, porque é fácil mantermo-nos numa parte, antes de avançarmos para outra. E eu estou sempre a dar indicações para fazer face a essas situações. Essas são as noites incríveis, quando esse tipo de situação inesperada acontece.

Funcionas quase como um produtor, um beatmaker, a fazer loops ao vivo, só que com uma banda em vez de um sampler…

É um bocado isso, sim.

Tens planos para algum trabalho de originais da Abstract Orchestra com MCs britânicos? A Inglaterra é um autêntico viveiro de talento nessa área.

Sim, isso está definitivamente no meu radar. Será esse o nosso próximo passo. Durante o confinamento, o ano passado, fiz na verdade um álbum aqui em casa, usando a minha MPC, que é o meu sampler. Esse álbum está terminado. Meti no entanto um travão no projecto para já porque está a ser um desafio conseguir os MCs que quero, por diversas razões. Esse é um projecto que deverá, portanto, demorar mais, e será lançado como um álbum baseado em samples, sem material live. O plano será orquestrar isso para lançar logo depois, como um seguimento do projecto. Isto até já devia ter acontecido. Durante o confinamento, a única coisa que eu conseguia produzir sozinho era um projecto com samples.

E o que é que samplaste? Material de discos antigos ou pedaços de sessões tuas?

Bem, eu abordei a minha editora, a ATA Records, tive uma reunião com eles, e expliquei-lhes que gostaria muito de fazer um projecto em que pudesse samplar o catálogo deles, sem ter preocupações de ter que pagar os direitos [risos]. Eles disseram que isso era possível, que eles tratariam dessa parte dos direitos. Na verdade, é um bocado como o conceito que o Madlib apresentou em Shades of Blue, de mergulho num catálogo específico, no caso dele a Blue Note. Estou muito satisfeito com os resultados, com a forma como os beats saíram. O que falta mesmo para terminar são os MCs. Já tenho algumas coisas feitas com os Slum Village, com o Guilty Simpson… Há já mais alguns que concordaram, mas tem sido difícil receber as suas partes. Mas eu acho que isto é algo que se está a passar com toda a gente: está tudo a mover-se muito devagar. Tenho um outro projecto a avançar, um disco que deverá estar pronto mais cedo, portanto está muita coisa a acontecer, devo dizer.

Ok, maravilha. E, tenho mesmo que perguntar isto: vamos ouvir a homenagem da Abstract Orchestra aos A Tribe Called Quest?

[Risos] Bem, devo dizer, que essa é uma prioridade, uma ideia que está no topo da nossa lista de projectos. Mas é algo complicado e difícil, por várias razões. De certa forma, e como sugeriste aliás, a evolução natural do projecto será na direcção de material original e eu não tenho nada contra estes projectos de homenagem, mas por outro lado não quero ficar preso a essa fórmula. Pode parecer algo brusco, o que vou dizer, mas eu não quero que a Abstract Orchestra fique conhecida como um projecto de karaoke. 

E para terminar, focando-nos no que deu origem a esta conversa, a tua remistura para os Haggis Horns, “Give it Up (Don’t Take Part in The Madness)” – o título parece referenciar o momento que atravessamos.

Sim, é uma leitura possível, sem dúvida. A banda enviou-me as partes da sessão, eu fui buscar o sampler, comecei a brincar e este foi o resultado. O tema correu muito bem, gerou conversa e atenção, e por isso eu não me importaria de fazer mais um par de remisturas. Somos todos irmãos, isto é um assunto de família para nós.

Para terminar: há planos para tocarem na Europa?

No final deste ano, os concertos que temos programados são apenas no Reino Unido, nunca tocámos, aliás, na Europa com a Abstract Orchestra. Chegámos a ter umas datas marcadas antes da pandemia acontecer, mas depois tudo caiu. E agora com o Brexit, como sabes, tornou-se ainda mais difícil levar um projecto destes para fora, para concertos. Mas pronto, isso é algo que gostaríamos muito que acontecesse e definitivamente é uma prioridade minha: sair deste país e levar a banda a tocar noutros países. Vamos ver como corre.


pub

Últimos da categoria: Entrevistas

RBTV

Últimos artigos