Este fim-de-semana, no dia 26 de Novembro, Tiago Sousa apresenta Ripples On The Surface, álbum editado pela Holuzam no início deste mês, na Cossoul, em Lisboa. Os bilhetes custam cinco euros.
Em missiva enviada para o Rimas e Batidas, a Flur Discos, loja com ligação umbilical à editora responsável por colocar cá fora este projecto, dá-nos uma visão panorâmica do que se pode ouvir:
“Num período particularmente rico na criação de Tiago Sousa – as explorações sonoras da série Organic Music Tapes assim o comprovam -, Ripples On The Surface ouve-se como um estágio de salto. Habituado a compor com um desejo de procura e descoberta, o pianista e compositor está desde 2006 – ano em que começou a editar em nome próprio – num processo de constante evolução. Isso acontece de forma aberta, partilhável, a sua música existe como um acontecimento relacionável, genuíno e honesto. Assim, Ripples On The Surface ouve-se como um passo nessa evolução, distante de uma sugestão de pico: é um músico ainda em crescendo. Só que ao viver no presente, ao ouvir esta música no presente, torna-se irresistível olhar para estas cinco peças como um momento-chave. Até porque ‘Sunflowers’, a peça de quase vinte minutos que abre este álbum, atravessa a clássica e a contemporânea sem fronteiras óbvias, enquanto fecha Steve Reich – ‘Music For 18 Musicians’ – num processo condensado de harmonias que relacionam música cósmica com new age e minimalismo. Por outro lado, ‘Sunflowers’ bate – sobretudo nos seus primeiros minutos – como uma homenagem a Manuel Göttsching se este tivesse desligado o botão house em ‘E2-E4’. As intenções de novidade podiam ficar-se por aqui. Mas em ‘Red Pine’ Tiago Sousa volta a surpreender com uma peça mais aberta que liberta da tensão – ou da beleza ofegante, conforme se queira ver – de ‘Sunflowers’. Há qualquer coisa de triunfante que começa, como se a primeira peça fosse um grito de elevação e o que se segue um abraço ao belo e a emoções que o pianista pretende revisitar. Como se tudo o que vem depois de ‘Sunflowers’ fosse uma segunda parte, uma forma de Tiago Sousa apaziguar a catarse da abertura: voltando ao pianista que conhecemos de outros álbuns, mas desafogado e sem qualquer peso nos ombros. ‘Blossoms’ não é um lugar estranho no seu espólio, mas nunca o revelou de forma tão relaxada e desconcertante. No final, ‘The Time Binder’ fideliza uma ideia de infinito que parece romper a cada momento de Ripples On The Surface. E se dúvidas até aí existiam, no último tema concretiza-a com grandeza. Termina-se com as mesmas certezas: Tiago irá para outro lado, certamente, depois disto. Felizmente passámos por aqui.”
Se ainda não conhecem o trabalho do pianista e compositor, a sua página de Bandcamp (com a do Discogs aberta ao lado) é um bom ponto-de-partida.