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Publicado a: 05/06/2016

Rimas e Batidas no Europavox: A noite das surpresas

Publicado a: 05/06/2016

[TEXTO + FOTOS] Amorim Abiassi Ferreira

Se o primeiro dia do Europavox tinha sido bom, o segundo deixou-me completamente surpreso pela quantidade de concertos incríveis a que pude assistir. Vocalistas como Soom-T e Nekfeu mostraram o poder da palavra sobre o público e bandas como General Elektriks provaram quão divertida pode ser um concerto ao vivo. As actuações electrónicos comprovaram que até em França se ouve Enchufada e que até o house cheesy, tocado por Golan, pode ser inteiramente cativante.

No primeiro concerto a que assistimos do segundo dia,  Soom-T actuou, ao fim da tarde, com a sua banda composta apenas por mulheres. A cantora, de família indiana emigrada em Glasgow e que tem uma avó ⅛ portuguesa, demonstrou as faixas do seu projecto lançado no ano passado: Free as a Bird. Existe uma característica A voz aguda com um sotaque escocês vincado numa dicção que acelera por vezes mas nunca perde o controlo da respiração. “O concerto foi ficando melhor a cada momento”, confidenciou-nos ela na entrevista que se seguiu. Um momento de reggae pop de uma cantora que é muito queria ao público francês, imediatamente comprovado pela reacção efusiva na música “Broken Robots”.

 



 

Antes do concerto, Hervé Salters contava ao Rimas e Batidas: “O ingrediente principal que podes usar em palco é o instante, o momento especial. E podes tirar muito proveito disso, não é algo que exista numa gravação.” A actuação de General Elektriks foi a primeira grande surpresa da noite. Acompanhado de 4 músicos, com um estilo incrível — o baixista tinha uma afro e um baixo transparente —, Hervé mostrou que a perícia dele com teclados vintage é simplesmente inquestionável. A sala ficou completamente hipnotizada com uma banda que mostrava energia, perícia e muito ritmo. E quem não quer ver um solo tocado num vibrafone?

As luzes são desligadas. Uivo da multidão. Uma onda de bass serve de nota introdutória. O palco ilumina-se num jogo de luzes e projecções e Nekfeu entra com o setup mais clássico do hip hop: mc, hypeman e dj. Este concerto foi a segunda grande surpresa da noite. Alguns soluços no sistema de som não impediram um segundo dos flows dos rappers que se adaptavam a qualquer contratempo. Beats trap sombrios para um público que pedia sempre mais. “Têm calor? Os mais sensíveis e frágeis que se cheguem para o lado.” Depois, Nekfeu pediu aos fãs para abrir um círculo, e ao fim de uma contagem, todos começaram a correr para o centro num embate violento. Nas duas vezes que se seguiram, o círculo apenas se tornou maior.

 



 

O final da noite foi marcado pelas actuações mais ligadas ao universo electrónico. SNKLS, natural de Clairmont-Ferrand, cidade do Europavox, trouxe com ele um set que misturou techno, afrobeat e footwork. O artista já nos tinha avisado de que iria dar muito recurso à discografia da Enchufada. É sempre bom ver o quanto espalhadas estão as influências luso africanas.

Golan, foi a última surpresa da noite. Três músicos da Roménia com percussão ao vivo, num house que tinha tudo para ser cheesy — a cada duas faixas um dos músicas tocava um trompete — e, no entanto, acabou por conquistar pela sua qualidade. O meu momento de euforia? Quando o músico do trompete larga o instrumento para trocá-lo por uma flauta transversal.

 

 

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SNKLS

golan

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