Criados na zona de Lisboa e de origem cabo-verdiana, Fabz e Leon são os Rgloading IZK, uma dupla de artistas que tem apostado no amapiano como base para a sua sonoridade. Após no ano passado se terem estreado com o EP CV’Boyz Piano Vibez, desta vez estabeleceram uma ponte sólida com a África do Sul — país onde o género musical tem raízes e de onde se espalhou para o mundo — para trabalharem em conjunto com o produtor Wolcott.
XINTI é o EP lançado no final de Agosto. Ao todo, trata-se de um quarteto de faixas — “Xinti”, “Nyash”, “Balima” e “Ka Nada” —, duas das quais em colaboração com a DJ Stá. De forma orgânica, o crioulo cabo-verdiano cruza-se com o zulu sobre as batidas. Para assinalar o lançamento do seu segundo projecto, o Rimas e Batidas colocou algumas perguntas aos Rgloading IZK.
Como se ligaram ao produtor sul-africano Wolcott para este projecto?
A nossa ligação ao Wolcott aconteceu em 2024, no nosso primeiro projecto de amapiano, CV’Boyz Piano Vibez, para o qual estávamos à procura de instrumentais na net e encontrámos vários beats do Wolcott dos quais gostámos. Percebemos que ele era da África do Sul, o país originário do amapiano, logo achámos que se integraria muito bem no nosso projecto. A partir do primeiro trabalho que desenvolvemos juntos, criou-se uma boa amizade que de certa forma quebra a distância física, por ele estar lá e nós aqui em Lisboa.
De que é que gostam mais no cruzamento entre o amapiano e elementos identitários cabo-verdianos, como a própria língua crioula?
O que mais sentimos é que um dos pontos fortes deste EP é o facto de ser maioritariamente feito em criolo de Cabo Verde, mas ao mesmo tempo tem várias palavras, fonéticas e expressões a meio das músicas em zulu, que criam uma ponte entre as duas culturas.
Musicalmente, como descreveriam o XINTI? Qual foi a vossa abordagem e aquilo que pretendiam, em termos sonoros, com este projecto?
O que pretendíamos com o XINTI era mesmo trazer a sonoridade sul-africana para a nossa diáspora PALOP. A tradução de “Xinti” é sentir, a energia musical de cada faixa e o detalhe na produção não deixam ninguém indiferente, mesmo quem nunca tenha ouvido o estilo musical de amapiano. A tendência é muito grande para que o corpo não responda.
Como foi o processo criativo? Estiveram com o Wolcott? Trabalharam à distância? Ele enviou-vos instrumentais e vocês foram criando por cima?
O processo criativo foi fácil, porque já tínhamos trabalhado juntos. Infelizmente foi à distância, o Wolcott foi enviando alguns instrumentais, outros fomos produzindo a meio do processo e escolhemos em conjunto aquilo que fazia mais sentido para nós. Mas a nossa proximidade nos gostos musicais fez com que tudo fosse muito livre e genuíno.
Como se deu a colaboração com a DJ Stá? Porque é que fazia sentido tê-la no disco?
Já conhecíamos o trabalho da DJ Stá e, a meio do nosso processo criativo, decidimos sair para ir ouvir música e nos inspirarmos para continuarmos a criar. Como ela é das únicas DJs aqui em Portugal que se dedica ao amapiano e nós somos dos únicos artistas que também seguem a mesma vertente, acabámos por nos identificar bastante e começámos a absorver ainda mais em conjunto a cultura e a irmos para estúdios juntos — daí surgiu a colaboração que para todos nós faz tanto sentido.