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Publicado a: 03/03/2018

Red Bull Music Culture Clash: Misturar foi a palavra de ordem

Publicado a: 03/03/2018

[TEXTO] Alexandre Ribeiro [FOTOS] Nash Does Work e Hugo Silva

De regresso ao Coliseu de Lisboa para mais uma edição do Red Bull Music Culture Clash, em Lisboa, a música portuguesa, com direito a infiltrações musicais (e não só) de todo o tipo, foi celebrada com pompa e circunstância. Antes de começar, Alex D’Alva Teixeira e Carlão explicam as regras e apresentam o famoso sonómetro, a máquina que vai, juntamente com o público, decidir o grande vencedor.

Às 21h30, Capicua e Guerrilha Cor-de-Rosa, PAUS e Pedras, Richie Campbell apresenta Bridgetown e Rui Pregal da Cunha apresenta Ultramar estavam prontos para a batalha. Como é habitual, a primeira ronda foi o teste. O início foi bom para definir o tom: PAUS e Pedras estavam prontos para misturar rock, hip hop e funk sem qualquer tipo de pejo; a Bridgetown sabia para o que vinha e trouxe as melhores armas para um território que era mais seu do que de qualquer outra equipa; a Guerrilha Cor-de-Rosa criou uma espécie de mescla entre rap, música tradicional portuguesa e o funk brasileiro e, por último, literalmente, os Ultramar fizeram… bem, compareceram noutro evento. Teatro de improviso e humor numa demonstração de coragem e loucura de Pregal da Cunha.

 


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Tudo a postos? Agora é que vai ser. De PAUS e Pedras, Holly Hood rimou a letra de “Fácil” em cima de “Fade”, canção de Kanye West, ouviu-se “Felicidade”, de Hélder Rei do Kuduro, e Silk (vocalista dos Cais Sodré Funk Connection) transformou-se em James Brown, ou Mike El Nite atirou “Mambo Nº1” numa versão nu metal tocada por DJ Glue, Makoto Yagyu, Joaquim Albergaria, Hélio Morais e Fábio Jevelim.

Um mashup de “Baza, Baza (Hoje não quero saber)”, de Boss AC, com “HUMBLE.”, de K-Dot, Mishlawi a surgir enérgico em “All Night”, “African Scream”, de Dotorado Pro, “Esfrega Esfrega”, de Deejay Telio & Deedz B, dedicado à Guerrilha Cor-de-Rosa, ou Plutónio em cima do instrumental de “M.A.A.D. City” foram os argumentos da equipa liderada pelo incansável Richie Campbell.

Rui Pregal da Cunha recorreu a um dos temas mais icónicos dos Heróis do Mar, “Amor”, para, mais do que tudo, mostrar a proximidade entre o cancioneiro dos Capitão Fausto e da icónica banda. Um Soundclash ou um baile dos anos 80 no Coliseu? Um show Pregal da Cunha.

Capicua, Blaya (o verso de “mêmo a veres” soou bastante melhor ao vivo), Marta Ren, Ana Bacalhau, Eva RapDiva, M7, também conhecida como Beatriz Gosta, e DJ D-One levaram a melhor e colocaram as outras equipas em sentido na primeira ronda que realmente importava. “Humble” de Kendrick Lamar a abrir, um dubplate de “Canal 115”, de Valete, a drag queen Rebecca Bunny a entrar de rompante para dançar temas de MC Kevinho e Jojo Maronttinni. No meio da “guerra”, “Que tiro foi esse?” não poderia fazer mais sentido. Primeiro ponto “a sério” para as senhoras.

Nota importante sobre a noite de ontem: o som… Terrível. É inexplicável: num evento em que se deve valorizar as vozes — afinal de contas, as palavras têm grande importância no confronto — foi (quase) impossível perceber grande parte do que se cantou ou disse. Isto, claro, a partir do palco do Coliseu, local onde ficámos durante todo o evento. Algo que tem de ser resolvido para a edição do próximo ano.

Na terceira ronda, a ideia era partilhar a cama com o inimigo. A Bridgetown começou com Luís Franco-Bastos que não sucumbiu à pressão de ser um comediante num evento musical. Depois de farpas atiradas a Holly Hood (o beef com Piruka não poderia ficar de fora), uma imitação de Beatriz Gosta e uma série de dicas a Rui Pregal da Cunha (a idade foi o principal foco), Richie Campbell juntou-se ao companheiro de agência e desfilou dubplates de Toy, Rui Veloso e Xutos & Pontapés. Damn.

Os Memória de Peixe trouxeram o seu cunho singular e juntaram-se a Pregal da Cunha. Ouviu-se “Paixão”, dos Heróis do Mar, ou um mashup de “Vayorken”, de Capicua, com “Cai Neve em Nova York”, de José Cid. Continuamos a tentar perceber o real valor deste grupo para o Soundclash deste ano. O público “encolhe-se”, mais uma vez, e parece ansioso para que termine a sua participação.

Eva RapDiva, senhoras e senhores. Num combate, tragam as melhores armas e os acapellas da rapper angolana foram duros. Mike El Nite, Holly Hood e Richie Campbell que o digam…

Para encerrar a terceira batalha, PAUS e Pedras cantaram “That’s How We LOL”, requisitaram um dubplate de Da Weasel, mas ganharam, certamente, por causa de “Caixão”, versão de “Paixão” dos Heróis de Mar, que até teve direito a uma réplica real a circular pelo público. Quem diria que a mudança de uma letra poderia tornar tudo tão diferente e arrasador. Um ponto para Holly Hood e companhia!

 


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Chegámos à ronda decisiva. Rui Pregal da Cunha fez-se rodear de Throes + The Shine e trouxe o rockuduro para uma versão de “Alegria”, outro tema dos Heróis do Mar, que também envolveu uma bailarina clássica ou uma cantora lírica. Um final Lynchiano para uma participação totalmente fora-da-caixa. Noutro contexto, isto poderia ser a melhor coisa que já tinham visto…

A Guerrilha Cor-de-Rosa armou o arraial para o último suspiro e trouxe dois convidados de peso: Bruno Nogueira (que se apresentou em formato Deixem o Pimba em Paz) e Camané. “Que Safoda”, de Deejay Telio, e “(We Stay) Up All Night”, dos Buraka Som Sistema, tornaram toda a misturada numa representação de vários espaços sónicos da música portuguesa. Um verdadeiro “Shutdown”.

Seguiram-se os PAUS e Pedras: um dubplate de “Rhymeshit que Abala”, de Chullage, Janelo dos Kussondulola a cantar “Perigosa”, Carla Moreira em carne e osso para colocar alma no mítico refrão de “Dedicatória”, tema dos Mind da Gap que mereceu um verso especial de Ace para a actuação, e a energia avassaladora de Scúru Fitchádu para unir as tropas. Não estavam para brincadeiras…

 


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Contudo, o final chegaria com bombardeamento máximo de Richie Campbell e companhia. O dubplate de Kussondulola invalidou a tentativa de ataque dos PAUS e Pedras, Dengaz e Plutónio subiram a palco para mostrar que também se rima na Bridgetown, Luís Franco-Bastos regressou a palco para imitar Nogueira e perguntar-lhe sobre a sua relação com Miguel Esteves Cardoso (vocês percebem qual é que foi o caminho escolhido…) e GSon e Mayra Andrade foram os convidados de luxo para arrumar a questão. Não, esperem. Ainda faltava um dubplate de “O Pastor”, tema dos Madredeus, ” a melhor banda portuguesa de todos os tempos”, exaltou Richie. Numa decisão justa, a vitória seria sua. Não foi bem assim…

A decisão estava nas mãos do público. A vantagem de PAUS e Pedras foi milimétrica e mais tarde traduzida, pela própria Red Bull Music, num “empate técnico”. Frustrante? Talvez para as equipas, mas a música nacional não se pode queixar. O mais importante da noite passada foi a miscelânea despudorada que se ouviu no Coliseu: Holly Hood e Mike El Nite com PAUS, Scúru Fitchádu e Janelo (Kussondulola), Richie Campbell com dubplates de Dillaz, Xutos & Pontapés, Toy, Rui Veloso e Madredeus. Dotorado Pro e GSon também fizeram parte do seu set. A força feminina (que dentro de si já comportava fado, funk ou rap) com o humor de Bruno Nogueira e o fado de Camané. E não esqueçamos os Ultramar, que juntaram Memória de Peixe, Throes + The Shine, Capitão Fausto, bailarinas clássicas ou uma cantora lírica.

 


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