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[TEXTO] Luís Fernandes [REALIZAÇÃO] Eduardo Morais
Há figuras sobre as quais vamos criando um imaginário próprio, baseado nos seus percursos, decisões que tomaram ao longo da sua carreira, relatos e entrevistas que vamos lendo e na obra que criaram. No meu caso, uma destas figuras era definitivamente Peter Kember, fundador dos Spacemen 3. Sendo fracturante (e por muitas vezes brilhante) enquanto músico e produtor, parece ter seguido sempre caminhos menos óbvios ao longo da sua carreira e, simultaneamente, personificado uma série de excessos normalmente associados ao psicadelismo. Paralelamente, desenvolveu uma reputação de geek, baseada na sua considerável coleção de sintetizadores, efeitos e máquinas em geral.
Há aproximadamente um ano tive a oportunidade de, enquanto programador do gnration, convidar o Peter Kember para uma residência artística e um concerto em Braga. A premissa seria proporcionar-lhe as condições para continuar o seu trabalho de gravação num álbum a solo e apresentar algum desse material, pela primeira vez, em concerto. O que guardo dessa semana não é esse ótimo concerto, para uma sala esgotada, mas sim a oportunidade que tive de privar com o Peter e colocar à prova esse mesmo imaginário que tinha criado ao longo de anos a fio. Guardo as longas conversas sobre síntese sonora, equipamento, filosofia e métodos de trabalho ou o facto de me ter confiado o seu inestimável e raríssimo Synton Fénix durante 6 meses (sintetizador modular que acabei por utilizar largamente no “peso morto” dos peixe : avião). Depois de tudo isto o Peter, mais do que uma referência pessoal, passou também a ser uma pessoa próxima, com o qual falo regularmente.
Ao longo dessa semana o Eduardo Morais captou o processo e a essência de privar com o Peter Kember, a qual podem, a partir de agora experienciar também.
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