pub

Publicado a: 10/02/2016

[RBTV] dB: “Não podemos homenagear só as coisas boas e bonitas de Gaia”

Publicado a: 10/02/2016

[TEXTO] Bruno Martins [VÍDEO] João Luís Amorim [FOTO] André Piçarra

 

Subir a inclinada Rua das Pretas, situada numa transversal à central e luxuosa-à-portuguesa Avenida da Liberdade, em Lisboa, é uma tarefa árdua. Sobretudo se na noite anterior se esteve a curtir à grande até às tantas. David Besteiro vem num passo semi-acelerado tanto quanto a ladeira o permite. Tínhamos encontro marcado para as 14h e lá estava ele a chegar à discoteca Carbono com boina na cabeça, blusão ao estilo basebol para enganar o frio, barba aparada e um sorriso de felicidade pela noite mal (ou pouco) dormida: tinha sido até de manhã a fazer a festa no palco do Musicbox, primeiro com o seu projecto a meias com Logos, os Corona; depois a dançar com Octa Push, Klipar e Brutus. “Houve de tudo: até mosh do palco”, recorda.

David Besteiro é dB, o produtor e beatmaker de Vila Nova de Gaia que começámos a descobrir há uns dois ou três anos. As primeiras recordações que temos de o ouvir vêm do beat que Besteiro passou a PZ para este fazer “Cara de Chewbacca”. Mas a faixa “Onde Está Gaiolin?” já estava incluída num imenso pacote de um álbum de beats chamado [Retro​]​Activo, de 2012, disco de estreia.

David tem 30 anos e quando não está à procura de samples – seja em discos, cassetes (a sua verdadeira paixão musical) ou nos YouTubes, Soundclouds e blogues – está a ser engenheiro industrial numa fábrica de cortiça. Cresceu rodeado de música, já que o seu pai era um ávido coleccionador de discos, nos quais teve sempre pouca autorização para mexer. A curiosidade aguça o engenho e, claro, o Besteiro mais novo acabou por criar a sua própria colecção de discos. “Eu nem sou muito de samplar a partir dos meus discos. Gosto de procurar coisas específicas, ambientes também específicos, mais obscuros, para criar poder criar os universos que imagino para as minhas composições”, explica-nos enquanto vai remexendo nas muitas caixas de discos impecavelmente organizadas na loja lisboeta, sobretudo na que tem uma etiqueta a dizer “exótica/belly dancer/sexy” onde se ri ao encontrar discos de Ernesto Lecuona ou Fonseca Et Ses Anges Noirs. “Pareço o puto gordo que entra na loja das gomas e que tem de levar sempre alguma coisa, nem que seja uma das pequeninas.”

Perguntamos se poderá estar naquela caixa com as capas mais ousadas, algumas com o selo de alerta e a proibir os menores de 18 anos de se aproximarem, o caminho para a terceira vida de Corona. “Talvez”, responde a sorrir. Este projecto a meias com Logos, MC, foi criado a partir de uma imaginada figura que calcorreia as ruas da Baixa do Porto acima e abaixo que conta já com dois álbuns: Lo-Fi Hipster Sheat (2014) e Lo-Fi Hipster Trip (2015).


db3

[FOTO] Sickonce


Há poucas semanas, dB deitou cá fora mais um trabalho a solo. Depois de [Beat]erapia (2012) e o EP Black Cobra (2014), surge agora 4400 OG, um trabalho feito em homenagem à sua cidade, Vila Nova de Gaia. “A minha cidade também tem muita chungaria. Muita. E não podemos homenagear só as coisas boas e bonitas, como o Cais de Gaia. Também temos que homenagear o que é menos bom.” Por isso, muitas das faixas deste novo trabalho nascem, precisamente, de notícias estrambólicas vistas e ouvidas em noticiários que o produtor aproveitou para incluir como skits ou intros no disco.

Nesta conversa com o Rimas e Batidas, David Besteiro fala-nos da construção deste seu mais recente trabalho a solo que vem mostrar que é um dos mais profícuos beatmakers da actualidade. Além disso, deixa antever o que poderá vir aí de novo com Corona, porque, para dB, isto de fazer música é um processo contínuo que não pára.


 

 

 

pub

Últimos da categoria: Focus Point

RBTV

Últimos artigos