pub

Publicado a: 03/02/2018

Raze: “Quando estou no processo de criação dos instrumentais vou anotando os nomes com os quais gostaria de trabalhar”

Publicado a: 03/02/2018

[TEXTO] Gonçalo Oliveira [FOTO] Crashgrafia

O primeiro dia de Fevereiro ficou marcado com uma nova entrada na série Coffee Beats, de Raze. Sem adição de açúcar, são convidados como Karlon, Lancelot, ORTEUM ou Xksitu os responsáveis por adoçar a mais recente e refinada fornada de batidas do produtor.

Apesar de discreto, Raze é um nome já com alguma história no circuito underground português. Sem Dados Disponiveis foi o primeiro e único trabalho editado antes desta doseada série de batidas com aroma a café – em pleno 2006, é legitimo ter imaginado Raze enquanto uma espécie de DJ Bomberjack da nova escola do hip hop nacional. Com recurso à Internet, esse infindável palco de talentos a borbulhar de novas ideias, foram estabelecidas conexões de norte a sul do país, fazendo-se dessa forma também a ponte entre Portugal e Brasil. Mais de uma década depois, podemos afirmar que Raze tem boas capacidades para olheiro: TNT, Real Punch, Reflect ou DJ X-Acto são artistas com créditos firmados em solo nacional e que na altura ingressaram num jogo Sem Dados Disponíveis.

Remetido ao silêncio editorial após ter servido, por exemplo, Valete e Azagaia em “Alternativos” – a inesquecível faixa promocional que antecipava 360 Graus, o disco que ficou para sempre arquivado na gaveta de Viris -, foi em 2014 que voltou ao activo com o primeiro volume de Coffee Beats. True School, o segundo desta série, chegou-nos dois anos depois, tendo merecido destaque no Rimas e Batidas – “Não Me Tires O Mic”, o primeiro single com Splinter e DJ X-Acto, serviu para apresentar esse projecto.

Na passada quinta-feira, Raze cortou com o açúcar mas nem por isso estranhamos o novo paladar implícito em Coffee Beats Vol.3 – No Added Sugar, repleto de boas batidas e muitos convidados. “Monge”, o tema que divide com Tá-Clean e Mr. Razor, conta já com um videoclipe no YouTube. Podem ouvir o EP no final do artigo, que também se encontra à venda no formato físico via Bandcamp.

 



Já vais no terceiro volume de Coffee Beats. Fala-nos um pouco acerca do conceito que desenvolveste para estas tuas compilações.

Os conceitos foram criados comigo e com o designer do projecto, o Carlos Viana. Está interligado com a parte gráfica. Por exemplo, no Vol.2 – True School quis misturar a autenticidade dos participantes, o material usado na criação dos instrumentais e, claro, a capa do CD em saca de café. O Vol.3 foi numa altura que deixei de beber café com açúcar e coincide com a sonoridade do EP – forte. O Vol.1 curiosamente saiu para a rua porque perdi tudo o que tinha no PC, aproveitando apenas aqueles instrumentais que tinha numa pen, ainda em progresso – 1st Take Beats.

Tens aqui um pouco de tudo a nível de convidados, entre nova e velha escola. Há algum critério para a escolha do pessoal com quem trabalhas? O que te entusiasma num MC, por exemplo, para que te sintas tentado a lançar-lhe o desafio?

Estou sempre atento ao que sai. Quando estou no processo de criação dos instrumentais vou anotando os nomes com os quais gostaria de trabalhar. Mas conteúdo é o principal, também o flow, skill, singularidade. Basicamente acabam por ser o reflexo do que anda a tocar nos meus phones actualmente. Claro que há nomes nestes trabalhos que são MC’s que cresci a ouvir como o caso do Karlon, Lancelot ou o Dr.Divago (VRZ) e foi uma honra aceitarem o convite.

É malta que conheces e com quem crias alguma ligação ou também acreditas em relações artísticas à distância?

Durante o processo acabas por criar sempre uma ligação, por exemplo no Vol.2 acabei por conhecer pessoalmente todos os convidados. Acredito que possas trabalhar à distância mas as amizades que crias no hip hop geralmente são para a vida. Mas quando convido não é a pensar na amizade, senão o teu circulo é sempre o mesmo.

Foi uma boa forma de começares o ano. Tens mais algum plano delineado para 2018?

Tenho um projecto com um MC e estou a finalizar uma beat tape. E algumas participações em álbuns – posso destacar o álbum do Bob o Vermelho, a que vale a pena estarem atentos, muito bom.

Esse MC com quem estás a trabalhar, podes já revelar de quem se trata?

Ainda não mas, se tudo correr bem, ainda neste primeiro semestre irão surgir novidades.

 


pub

Últimos da categoria: Curtas

RBTV

Últimos artigos