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“RAP Talks”: o preâmbulo da fórmula

[TEXTO] Marta Borges [FOTO] Direitos Reservados

 

Estamos a três dias de estrear as “RAP Talks” e eu já tive o meu primeiro pesadelo.
É um projecto que vem da alma e do terreno.

Tudo começou quando eu tinha 18/19 anos e o meu irmão mais novo 9/10 anos. Ele ouvia muito hip hop tuga. Eu limitava-me a ouvir os hits nacionais. A minha procura desse género musical era quase exclusiva ao que vinha de fora. Numa das vezes em que ele estava a ouvir música, percebi que ele andava a ouvir em loop uma delas e cuja melodia do refrão já estava dentro da minha cabeça sem sequer saber do que se tratava. Levantei-me, fui ao quarto dele, ouvi o refrão com atenção e a minha vida mudou.

Primeiro veio o choque da letra e depois o impulso de proibi-lo de ouvir aquele tipo de músicas. Mas resolvi parar, pensar e ouvi-la dez vezes seguidas (de cada vez). Doeu-me na alma e foi aí que percebi: há muitos dreads de 16 anos por aí.

Senti várias coisas diferentes com essa música. Uma tristeza e angústia consumiram-me por saber que há na realidade vidas assim e piores. Mas ao mesmo tempo fiquei maravilhada por alguém conseguir contar tão bem uma história e, mais ainda, partilhá-la. Chorei, chorei e chorei.

Cresceu dentro de mim uma ligação e atenção enormes com esta cultura. E fazia isso na minha, sem partilhar com ninguém. Não sabia bem o que estava à procura.

Aos 26 anos senti um wake-up call. Tinha de decidir se queria viver como a maioria das pessoas que estavam à minha volta, ou se ia procurar aquilo que eu realmente queria fazer da, na e com a minha vida.
Deixei aquilo que nos providencia quase tudo: trabalho. Precisava de tempo. Tempo para perceber que valências eu tinha para criar algo que fosse bom para mim e para outras pessoas. E de me sacrificar para sentir/perceber.

Há uns anos que o tema Educação me “perseguia”. Até determinada altura nunca gostei de estudar e cheguei, inclusive, a chumbar. O método de ensino não fazia qualquer sentido para mim. Um teste pontual avaliar-me não entrava na minha cabeça e nem que me definia. Estava apenas por obrigação e não por prazer. Sabia e sentia que tinha outras coisas que eram igualmente importantes para o meu desenvolvimento pessoal e social a que não era dada a importância devida. E, nessa altura, eu não sabia descrever de forma coesa, nem na minha cabeça, nem a explicar aos outros, o que eram essas outras coisas. Só sabia e sentia que as tinha. E anos mais tarde descobri que as “outras coisas” tinham um nome.

Em 2014 percebi que podia juntar estas duas áreas que me deixam com um brilho nos olhos e no dia 8 de Outubro de 2015 vai ser apresentado de que forma.

Espero-vos lá!

 

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*Marta Borges é fundadora da Hip Hop Valley e promotora da conferência “RAP Talks“.

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