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Publicado a: 08/10/2016

Princess Nokia na ZdB: rainha da noite

Publicado a: 08/10/2016

[TEXTO] Rui Miguel Abreu [FOTOS] Luís Martins / ZdB

 

Princess Nokia apresentou-se ontem ao vivo na Zé dos Bois, no Bairro Alto, em Lisboa, numa noite que incluiu ainda prestações de Gnučči, DJ Nire e Puto Anderson. Os relatos da noite apontam para uma prestação intensa, com níveis de entrega elevada tanto em palco como à frente dele, com direito a crowd surfing e tudo. A esse propósito recupera-se aqui um retrato escrito de Rui Miguel Abreu e um registo fotográfico a cargo de Luís Martins.

 


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Num episódio do podcast Smart Girls Club de Abril passado, Destiny Frasqueri, aka Princess Nokia, apresenta-se: “First of all I just want to say: The whole world can kiss my ass… I am educated, ghetto, in charge and I do not apologize for my agressive demeanour and eloquent speech.. I am the prime example of duality and I do not play games. I am a modern woman of society and if anybody got a problem with me then they better ask somebody: I am the brown puerto-rican, polo freakin’… I am love and respect, I am unity and error, I am my mistakes and my flaws and I love myself godamit. I know who I am and the whole world knows it too”. Bem, talvez não o mundo inteiro, mas isso pode mudar a qualquer momento.

 


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Nativa de Nuyorica de segunda geração, filha de porto-riquenhos já nascidos na Grande Maçã, Destiny Frasqueri cresceu imersa na cultura de rua do verdadeiro melting pot que é Nova Iorque: ouviu hip hop e descargas latinas, música folclórica tribal e DJs a tocarem dubstep na esquina, foi aos concertos da Filarmónica e a raves, a museus e a block parties e através dessa complexa rede de estímulos ergueu a sua própria personalidade artística: Princess Nokia. Ou Wavy Spice. Ou Destiny. Ou o que quer que o futuro lhe aponte. Mas Princess Nokia para já, uma personagem envolta em afro-futurismo, militantemente feminina, interessada no futuro longínquo e no passado remoto, uma xamã capaz de canalizar energias universais num flow que deve tanto à história da spoken word – dos Last Poets a Saul Williams, passando por Ursula Rucker – como às mais modernas declinações electrónicas da música para clubes.

Em 2014, em colaboração com OWWWLS editou o híbrido hip hop/r&b/drum n’ bass Metallic Butterfly. Desde então colaborou com Mykki Blanco e Ratking, lançou temas que são manifestos – como “Tomboy” -, editou rap enquanto Wavy Spice e como Destiny lançou a mixtape Honeysuckle, explorando as origens soul, disco e funk do som que a anima no presente.

 


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As muitas caras de Princess Nokia são apenas um sintoma de uma personalidade artisticamente evoluída e irrequieta que não aceita etiquetas com facilidade e que a cada passo reclama a liberdade para explorar todas as possibilidades que a música lhe oferece, colaborando a cada passo com alguns dos mais estimulantes produtores dos subterrâneos electrónicos e entregando em cada caso a sua profunda eloquência em textos que são um retrato agudo de uma mulher moderna e um grito de liberdade sem compromissos, sem agenda, sem segundas intenções. O ano passado ouvimo-la em “Take Off”, tema de Atlas, o álbum de estreia a solo de Branko, produtor dos Buraka Som Sistema. Agora chega a luz que se desprende da sua voz e ilumina mentes a partir de palcos um pouco por todo o mundo. Neste momento é aqui mesmo que tudo acontece. Princess Nokia: sejam bem vindos ao futuro.

 

(Texto de Rui Miguel Abreu originalmente publicado no site da Galeria Zé dos Bois)


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