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Texto: Paulo Pena
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 14/08/2023

Nova dupla nas pistas.

Prestes: “A interpretação ao vivo é a forma principal deste projecto”

Texto: Paulo Pena
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 14/08/2023

São duas das sete caras que dão vida ao projecto José Pinhal Post-Mortem Experience que em Prestes se encontram em novas paragens sonoras: Bruno Martins (também conhecido por Bruno de Seda, que neste filme estaria para José Pinhal como Rami Malek para Freddie Mercury) e José Pedro Santos (também conhecido por DJ Ideal, baterista de serviço da banda-tributo) oficializam agora uma nova parceria que os levou, em primeira instância, a É Difícil.

Com três faixas (mais uma remistura) editadas neste trabalho inaugural pela XXIII, os dois músicos que partilham, também, espaços criativos em Equations e Suave Geração apresentam-se, aqui, como namoradeiros de uma kizomba electrónica, uma tarraxinha à portuguesa, um zouk melancólico — casamento celebrado entre as matrizes analógicas e os ritmos batucados, as pistas cosmopolitas e as danças trazidas pela diáspora, que se concretiza já nos próximos dias 14 e 15 de Setembro, no B.Leza (Lisboa) e no Café Au Lait (Porto), respectivamente. Só para começar.



Baptizaram-se Prestes e estrearam-se com É Difícil. Há aqui algum sentimento de algo por cumprir na fundação deste projecto?

De certa forma, sim. Em É Difícil, abordamos a nossa relação com o lado mais técnico da música ao vivo, isto é, a parte que vai para além da composição e gravação. É, no fundo, um retrato do ambiente precário do underground musical português.

Segundo sabemos, formaram este duo em 2018, mas só agora é que estão a lançar o vosso primeiro trabalho. Este tempo todo serviu para explorarem novos caminhos e encontrarem uma identidade comum?

Levámos bastante tempo a concretizar esta ideia, por um lado, porque passámos por um processo de aprendizagem de composição de música electrónica no computador (até então compusemos sempre em formato banda e com instrumentos analógicos) e, por outro, porque temos outros projectos musicais que nos consomem tempo. Fomos aproveitando o tempo que nos restou para encontrarmos a identidade sonora do duo e arranjar estes três temas que formassem uma proposta coesa.

Como é que foram parar a esta espécie de “kizomba electrónica à portuguesa”?

Desde há alguns anos para cá, começámos a fazer DJ sets e a desenvolver um forte interesse por música de dança, principalmente pelo movimento musical da diáspora africana, encabeçado por editoras como a Príncipe Discos ou a Enchufada. Pensámos que seria fixe misturar beats africanos mais lentos, por volta dos 100 BPM, com as ideias de psicadelismo com sintetizadores que fomos desenvolvendo nas nossas bandas anteriores.

O registo mais melancólico destas canções foi premeditado?

Foi. Este é o registo que nos sentimos mais acostumados enquanto compositores. Contamos, no entanto, explorar ambientes emocionais diferentes no futuro.

Por onde passa o vosso espectro de influências entre os vários géneros que exploram aqui?

Há neste projecto uma colisão de influências. No nosso percurso como músicos de rock progressivo fomos influenciados pelo universo dos sintetizadores prog dos anos 70 e 80 e por compositores como Manuel Göttsching, Terry Riley ou Mort Garson, mas também por bandas que trouxeram esse género musical para a contemporaneidade, como os Bitchin Bajas ou os Emeralds. Mais tarde, enquanto DJ, fomos descobrindo a música de dança das periferias de Lisboa e toda a sua história. Ficámos especialmente interessados no zouk e na kizomba dos anos 80 e 90 (Patrick Saint-Eloi, Ruca Van-Dunem, DJ Znobia, Timmy dos Santos) e nos tarraxos de alguns dos produtores da Príncipe, principalmente os Tia Maria Produções. Isso, juntamente com alguns duos da pop francesa que nos são referência, como os Air, Justice e Daft Punk, perfazem o nosso leque de influências.

A ideia foi desde o início dar voz a estas composições?

Começámos por ser um duo instrumental. Mais tarde, achámos que adicionar voz a certas partes das músicas torná-las-iam mais ricas. Apesar disso, o foco composicional deste EP são os instrumentais.

Como surgiu a participação do Claiana? Já se conheciam dos circuitos do Porto?

Sim, já nos conhecíamos há muitos anos, mas nunca tínhamos colaborado numa música até então. A ideia da participação surgiu já no estúdio, durante as gravações. Tínhamos uma parte instrumental longa numa das faixas, e o produtor do EP, o João Moreira, sugeriu o Claiana para colaborar nessa gravação. A voz do Gui [Lee] casou perfeitamente com a música, ficámos super contentes! Queremos continuar a colaborar no futuro e experimentar fazer músicas de raíz a três.

Projectam Prestes como um formato mais fechado a dois, ou a ideia é mesmo abrir a “casa” a vários e diferentes participantes daqui para a frente?

A ideia é mesmo essa. Queremos continuar a colaborar com mais pessoas, principalmente vocalistas, tanto em estúdio como nos concertos ao vivo.

Já têm datas de apresentação marcadas para Lisboa e Porto, mas idealizam este projecto mais como um trabalho de estúdio, ou a ideia é mesmo levá-lo às pistas sempre que possível?

A interpretação ao vivo é, para nós, a forma principal deste projecto. A nossa prioridade é levar estas músicas para os palcos o mais rapidamente possível.

Depois desta breve apresentação em três temas podemos contar com mais novidades para breve?

Temos já músicas novas compostas, que vamos levar para os nossos próximos concertos ao vivo. Tencionamos também gravá-las e preparar um segundo lançamento para breve.


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