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Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 25/02/2022

Na linha da frente.

Phoenix RDC: “O novo projecto é um trabalho muito íntimo e é direccionado aos jovens que estão perdidos”

Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 25/02/2022

“Área Azul” é o primeiro single do próximo álbum de Phoenix RDC, Cool Kid — A entrevista, disco que será revelado, tema a tema, nas próximas terças e sextas-feiras.

Produzida por Gabriel Faria, esta é a primeira faixa lançada pelo rapper de Vialonga desde “Morte do Artista”, publicada em Setembro do ano passado. Na rubrica semanal que dedica espaço às dicas da semana em território português, Paulo Pena escrevia:

“A sentença proclamada por Luís Jardim no Posto Emissor da Blitz, ditada pelos rappers e DJs, teve um impacto reactivo para lá das fronteiras do hip hop, uma cultura que acumula décadas em estofo no que diz respeito à descredibilização deste género face à música propriamente dita nestes termos.

A resposta de Phoenix RDC foi a melhor que se podia esperar: a ‘Morte do artista’, com instrumental de Noizemakers, é canção de corpo inteiro, concebida por um rapper em quem a musicalidade galopa nas veias. Valete apoiou e aconselhou o parceiro de uma luta que, por incrível que pareça, ainda não se deu por vencida, e Phoenix não perdeu tempo em defender a sua nobre causa. A sair por cima com uma classe imaculada. Conhecem algum jardim com um buraco bem fundo para alguém se esconder?”

Com o sucessor de Vale D’Judeus (2020) na calha, o Rimas e Batidas enviou três questões ao MC sobre as suas últimas movimentações.



Este novo single é mais um que fala sobre uma realidade dura, mas também sobre novas maneiras de opressão e de racismo que veem ligados a pessoas como o André Ventura e o que elas representam. Muito se falou sobre um mundo mais empático depois da pandemia, mas parece que estamos a ir no sentido contrário. É isso que sentes?

Infelizmente sim, é isso que eu sinto. E basta olhar para a televisão quando vemos uma novela, existe uma grande carência de melanina. Eu tenho vários amigos que fizeram teatro, e hoje estão a trabalhar no Pingo Doce, porque fartaram-se de esperar, mas eu quero frisar aqui que sinto isto apenas na televisão. Mas quando se fala de rádio, eu já vejo muitos africanos a tocar, em plataformas digitais também. Mas eu quero que essa mudança seja global. Não só no futebol, no desporto, pois isso dá aquela sensação que parece que o africano só foi feito para correr. Mas não. Há de tudo. Eu vou ficar muito feliz no dia em que os grandes artistas. como são exemplo os Wet Bed Gang, Julinho KSD, DJ Telio, começarem a ser convidados para um Fama Show, estarem presentes nos Globos de Ouro, isso vai-me encher o coração, aí vou sentir que não está a haver preconceito. Pois se esses artistas conseguem encher festivais, mover pessoas, e nunca estiveram em África, pois cresceram aqui e só conhecem este país, só conhecem Portugal, porque é que estão a ser postos de parte. 

No final da “Morte do Artista” há uma mensagem do Valete a enaltecer a tua contribuição para a defesa activa da cultura hip hop. Num momento em que há tanta coisa diferente, um pouco de tudo para todos, sentes cada vez mais a necessidade de ser uma espécie de guardião da cultura e do seu lado interventivo? 

Sim, sinto. Sinto mesmo. Porque eu acompanhei isto tudo, eu sei como é que isto tudo começou, e desde muito cedo comecei também a fazer as minhas rimas. Eu apenas não tinha fama. E parece que eu apareci tarde e caí aqui de pára-quedas, mas não. E custa-me muito ver um gajo chegar aqui e dizer que nós não fazemos música, estamos a estragar a cultura, claro que dói. E é f***** porque na altura em que nós precisávamos da voz deles, eles não deram voz. Hoje já têm a energia para trazer a voz para lançarem dicas negativas e não sei quê. É a altura de ficarem calados. Se nunca falaram, então fiquem calados para sempre, ’tás a ver? A dica é mesmo esta. 

Na “Morte do Artista” também anunciavas um novo álbum para Janeiro, entretanto estamos quase em Março e ainda não saiu. Este “Área Azul” fará parte desse álbum? O que é que podes revelar sobre o disco?

Ya, o álbum era para sair em Janeiro, mas por causa da nova estirpe voltámos a fechar o país, então com o país fechado eu disse, “epá, vou aqui limar umas arestas, mimar mais o meu bebé”, e assim foi. O que posso revelar deste novo projecto… creio que é um trabalho muito íntimo, e é direccionado aos jovens que estão perdidos e que acham que aquele caminho é o caminho certo, porque nunca tiveram outra opção na vida. Ya, isso aconteceu comigo e acredito que se tivesse alguém que me elucidasse desse caminho das trevas, eu não faria nem um quarto das coisas que fiz de errado.


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