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Publicado a: 23/09/2017

Pete Swanson sobre Telectu na Resident Advisor: “Eles nunca tiveram exposição fora de Portugal”.

Publicado a: 23/09/2017

[FOTO] Bennet Perez/Resident Advisor

Pete Swanson, o produtor e coleccionador que orienta, juntamente com Jed Bindeman e Matt Werth da RVNG Intl, a etiqueta de reedições Freedom To Spend, concedeu uma longa entrevista à Resident Advisor para a rubrica Playing Favourites em que, entre outras preciosidades da sua colecção, destaca o mítico álbum Belzebu editado em 1983 pelos Telectu de Jorge Lima Barreto e Vítor Rua.

Com uma carreira que passa pelos Yellow Swans, duo de Los Angeles que ligou os universos experimentais do noise com uma atitude punk e inspiração recolhida no hip hop ou dub, Pete Swanson ganhou alguma exposição depois de lançar Man With Potential na Type em 2011. Agora a sua atenção, como demonstrado nos três lançamentos já efectuados na Freedom to Spend dedicados à música de Marc Barreca, Pep Llopis ou Michele Mercure, volta-se para os esotéricos sons electrónicos experimentais produzidos em cenas marginais entre meados da década de 70 e meados da de 80 como bem demonstra a sua sessão de partilha com Matthew McDermott da Resident Advisor.

Além de escolhas de material mais recente de nomes como Asa Chang & Junray ou Drexcya, Swanson destaca música da era em que a tecnologia alimentava os delírios exploratórios de gente como Luis Perez do México, Ju Suk Reet Meate, projecto do americano Eric Stewart que integrava os Smegma, Richard Horowitz, outro artista americano, ou Claudio Rocchi, artista ligado às vanguardas italianas que em 1976 editou o disco de culto Suoni di Frontera.

Swanson é igualmente um apaixonado pela música electrónica experimental portuguesa e na sua colecção constam discos de Anar Band, Nuno Rebelo, Luís Cília ou, claro, Telectu, duo de Jorge Lima Barreto e Vítor Rua que em 1983 lançou o extraordinário Belzebu na mítica Cliché.

 


lp-belzebu-capa


Recentemente, Swanson evidenciou todo esse interesse pela cena portuguesa ao oferecer a sua visão dos Anar Band (grupo de Rui Reininho com Jorge Lima Barreto que antecedeu os Telectu) para um artigo do nosso director Rui Miguel Abreu na revista Blitz.

Pete Swanson, respeitado nome da cena electrónica experimental contemporânea e coproprietário da etiqueta Freedom To Spend que procura recolocar no presente pérolas esquecidas do passado electrónico mundial, é um declarado admirador da Anar Band. “Quando alguém encontra o único álbum lançado pela Anar Band”, explica-nos, “o primeiro choque acontece com a capa, totalmente em tons de azul, uma ilustração que parece ser o resultado de uma mente deformada pelo consumo de LSD após uma sessão intensa de psicoanálise”. Swanson refere-se ao óleo intitulado Science Fiction da autoria do recentemente desaparecido pintor Abel Mendes, professor jubilado da faculdade de Belas Artes do Porto. “E a música é igualmente intrigante”, adianta ainda o músico e editor. “Os títulos dos temas referem-se ao jazz e a heróis de banda desenhada e alguma da música pode muito vagamente remeter para uma interpretação inepta da electrónica no jazz, tal como se escuta no álbum Improvise de Paul Bley, a cargo de miúdos de 15 anos sob efeitos de um qualquer narcótico, mas por outro lado a música é quase até demasiado competente para ser assim tão fora, os movimentos desconexos são demasiado coordenados e produzidos para serem acidentais, o que me faz pensar que a sua linhagem estará mais próxima das bandas que o Frank Zappa lançou na etiqueta Straight. Talvez”, conclui Swanson, “eles fossem dois hippies que viraram dois brincalhões anti-sociais dedicados aqui a explorar a sua própria versão ilógica de “canções””. O músico e editor americano poderá estar mais próximo da verdade do que imagina.

Na Resident Advisor, o produtor e coleccionador tem idêntico gesto em relação aos Telectu, explica como se cruzou com a música do grupo durante uma residência artística que fez na ZdB, mostra conhecimento profundo em relação ao variado output dos Telectu e defende que Belzebu beneficia de “uma ambiência perfeita”: “Tem muitos aspectos familiares, mas ainda assim tem uma qualidade alienígena. Soa como os OVNIS. É profundamente estranho, tanto o artwork como a música”, explica.

Podem ler aqui a entrevista completa de Pete Swanson à Resident Advisor.

 


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