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Fotografia: Filipe Feio
Publicado a: 16/11/2022

À boleia.

Papillon: “A ideia passa por ser cada vez mais intencional na maneira de fazer as coisas”

Fotografia: Filipe Feio
Publicado a: 16/11/2022

São cinco da tarde na zona de Loures, está um dia de chuva miudinha, céu nublado e um carro estacionado no meio do mato: o que pode parecer um plano não muito apelativo para uma tarde de Outono marca, na verdade, o tão aguardado regresso de Papillon à pista. De mãos ao volante e com uma garra que nunca o abandonou, o autor do aclamado Deepak Looper apresenta agora uma curta-metragem — que vê hoje a luz do dia — como mote para o lançamento do seu novo álbum Jony Driver. Dando forma a “histórias de amor, fé e superação”, este vídeo conta com a apresentação de 7 dos 13 novos temas.

No passado dia 3 de Novembro, o Rimas e Batidas assistiu às rodagens deste sonho que se vê agora tornado realidade no set montado para este mesmo propósito. Envoltos num ambiente onde a amizade e o profissionalismo tão bem se fundiram, foi possível observar a mestria com que Igor Regalla realizava, em tempo real, com toda a equipa de produção do Cinemate, ao gravar as bonitas imagens de Papillon: deitado no topo de um carro, o rapper era filmado por um drone enquanto a chuva caía e uma coluna projectava as músicas deste novo projecto que tanto promete. 

Entre lágrimas de emoção da equipa por se ver um trabalho concretizado e um cenário que rapidamente se tornou idílico, estivemos à conversa com o protagonista, Papillon, levantando-se um pouco o véu deste seu novo Jony Driver e toda a viagem que o acompanha. O segundo longa-duração a solo do artista da Sente Isto ficará disponível a partir do dia 22 de Novembro; quatro dia depois, a primeira apresentação ao vivo pós-lançamento acontece no Super Bock em Stock, em Lisboa.



Fala-nos sobre o que estamos aqui a fazer nesta maratona de gravações. Quais são os planos para o dia de hoje?

Então, este é o terceiro dia de gravações, estamos a gravar uma espécie de curta. Acho que lhe podemos chamar assim: uma curta. Foi uma maneira que nós encontrámos de apresentar o álbum ao mundo, porque tivemos algumas dificuldades em encontrar um single ou um som que realmente captasse a essência do projecto e chegámos aqui a um meio termo onde vamos — pelo menos na fase inicial — ter esta curta que vai dar uma introdução ao universo do álbum. Queríamos que a curta fosse fiel àquilo que as pessoas vão encontrar no álbum, então foi a melhor coisa que nós conseguimos encontrar, porque se metêssemos um som ou outro parecia que ia faltar sempre alguma; assim é algo sempre criativo, sempre diferente. Hoje é o terceiro dia e há aqui umas cenas que temos de gravar e tem sido assim: gravámos um bocadinho a semana passada e estamos aqui [em Loures] esta semana a tentar finalizar.

E surgiu como esta abordagem? Foi brainstorming?

Olha, foi meio brainstorming, meio força das circunstâncias e coisas que aconteceram pelo meio que nos trouxeram até aqui. E, felizmente, conseguimos esta oportunidade de gravar isto porque o Igor Regalla, que é actor, está a ajudar na realização deste projecto e graças a ele nós conseguimos fazer uma ponte com esta produtora e estamos aqui numa espécie de simbiose: há coisas que eu posso fazer por eles, eles por mim e conseguimos encontrar uma maneira de tornar isto mútuo e viável.

Vem aí algo com qualidade e bem pensado.

Eu acho que sim [risos], tenho 100% de certeza. Só vendo o produto final terei mais certezas, mas para já tem sido espectacular toda a experiência.

Há alguma parte preferida de todos estes segmentos? E porquê?

Ultimamente por aqui têm-me feito muito essas perguntas, mas eu não sei responder [risos]. Imagina, eu claramente estou a fazer isto como peças; são peças de um quadro. Então, eu não consigo escolher um fragmento do quadro, eu gosto do quadro todo, gosto da cena por inteiro. Para mim, a beleza está exactamente em olhar para o todo e ficar satisfeito com aquilo que nós fizemos. 

Mas houve alguma parte em que te sentiste melhor a gravar?

Neste momento, gravámos uma cena que eu achei que pode ficar muito fixe, que é a parte final, mesmo a cena final de tudo. Eu gosto dessa cena em especial porque parece que tanto para a parte visual como para aquilo que vai ser o álbum está ali a captar mesmo a energia certa da cena. Gosto muito dessa última parte.



O álbum intitula-se Jony Driver: qual é o conceito deste novo álbum, porquê este título?

O título surgiu de várias coisas. O conceito também é um conceito alargado, é uma junção de várias ideias, um bocadinho à semelhança do que fizemos com o Deepak Looper, que é juntar muitas ideias num só espaço. Mas a ideia essencial é a ideia de guiar, basicamente. De uma maneira prática, eu durante o processo de fazer o álbum também estive a tirar minha carta, que era uma coisa que, para mim, em termos pessoais, estava meio pendente na minha vida e depois se tornou numa espécie de metáfora para aquilo que eu estava a viver no geral: a questão de conduzires, de te conduzires, ou de seres conduzido, de assumir o controlo da minha vida, de guiar e todas essas questões, passou de uma cena prática para uma coisa meio metafórica e quase espiritual e isso é uma das razões principais do título deste álbum.

O que achas que esperam deste álbum e o que é que, na tua opinião, podem realmente esperar?

Epá [risos], eu não te sei responder a isso, porque acredito que o nível de expectativa esteja muito alto por causa do último projecto e por todo o feedback positivo que eu recebi e que recebemos, portanto essa já era uma operação acrescida que eu já tinha; mas era uma expectativa que eu queria ver correspondida também, então diria que tentei fazer este projecto com isso em mente, sabendo que as pessoas esperavam muito de mim e eu quis corresponder. Acho que as pessoas podem esperar mesmo… e isto era uma coisa que eu antes até tinha um bocado de receio de dizer, porque sempre joguei pelo seguro e na defensiva, para manter as expectativas baixas… mas mesmo o processo deste álbum hoje em dia mete-me num frame mental diferente de dizer: “Não, está aqui um grande trabalho!”, ‘Tás a ver? Eu tive um grande trabalho e fizemos mesmo um excelente trabalho e conseguimos, na minha óptica, superar as nossas próprias expectativas e agora é uma questão de ver se as pessoas vão conseguir estar connosco; porque nós sabemos que fizemos um grande trabalho e que o trabalho ficou muito bem feito.

No comunicado dizes que nesta nova peça relembras o teu passado para entender o presente e te preparas para um futuro guiado por ti. Como achas que os teus trabalhos anteriores te guiaram até aqui?

Foi tudo muito piloto automático [risos], de uma maneira muito espontânea. Eu acho que a ideia também passa por ser cada vez mais intencional na maneira de fazer as coisas, ou seja, também não é ficar com medo ou começar a perder a espontaneidade, mas é ser intencional na maneira de fazer as coisas e na abordagem. Sinto que o que me guiou até aqui foi a espontaneidade, foi a vontade de chegar mais longe, foi a curiosidade, foi o facto de estar com muitas pessoas, de estar com os rapazes, GROGNation, juntar-me com a Sente Isto… Todas essas coisas fizeram-me chegar até aqui, então-

Sentes-te mais preparado agora?

Ya. Mais do que nunca. Sinceramente.

Dizes que queres chegar à melhor versão de ti próprio. Por onde achas que isso passa? O que te falta atingir? 

Falta-me fazer mais álbuns [risos]. Mas é isso, é o que eu sinto [risos], tenho de fazer mais álbuns e tenho de continuar a consolidar esta coisa que foi sendo criada ao longo do tempo, porque no final do dia é o que me dá vida. Eu acordo todos os dias e fico a pensar nestas ideias e maneiras de aplicar a minha criatividade e felizmente tenho todo o suporte do mundo, mesmo com a malta que trabalha comigo, as pessoas que me ouvem e que me acompanham, vocês, o Rimas e Batidas. Há todo um sistema e uma rede de apoio que me empurra para continuar a fazer isto e a minha vontade é só justificar todo esse apoio e toda essa rede.


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