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Fotografia: Julianji Matti / M.Ou.Co
Publicado a: 21/10/2022

Voltar a ligar as máquinas.

Panda Bear & Sonic Boom no M.Ou.Co: uma viagem alucinante ao epicentro da sua própria criação

Fotografia: Julianji Matti / M.Ou.Co
Publicado a: 21/10/2022

Residentes em Portugal — um há vinte anos e outro há apenas seis –, já há algum tempo que Panda Bear e Sonic Boom andavam a trabalhar num Reset pós-pandémico.  Depois do lançamento do tão esperado álbum colaborativo, foi na passada sexta-feira, dia 14 de Outubro, no M.Ou.Co, no Porto, que se deu uma das apresentações do mesmo — um encontro que já todos sabíamos que estava para acontecer, mas pelo qual aguardávamos ser testemunhas até ao momento.

Com uma sala praticamente cheia e um público demasiado ansioso (e pouco silencioso, diga-se de passagem), as expectativas de uma actuação memorável reflectiram-se numa viagem a alta velocidade por um híbrido recheado de psicadelismo e construído nos loops magnéticos de co-fundador dos Spacemen 3 que cruzavam uma experiência sensorial guiada pela voz do co-fundador de Animal Collective. Distinguível pela escrita que se manifesta muito mais nítida e vocalizada do que nos projectos anteriores do vocalista, a actuação permitiu reviver algumas sensações semelhantes às de um concerto que já pudéssemos ter visto no passado do colectivo de Sung Tongs, mas com uma maturidade distinta e evidente. 

Talvez pela experiência do isolamento e de uma fase em que a solidão se tornou muito mais transparente na nossa vida, Reset assume de alguma forma ainda misteriosa uma história que narra estes momentos. Nunca deixando a sua natureza quase ebrifestante, sente-se também uma influência muito grande da cultura musical portuguesa nas suas músicas. Embora o público quase não tenha dançado, não era difícil idealizar mentalmente um rancho folclórico psicadélico no qual Panda Bear e Sonic Boom estivessem a tocar lado a lado. 

Com uma setlist que perdurou até um encore de quatro músicas, o espectáculo teve projeções e um jogo de luzes que seguiram a mesma linha visual do álbum — às vezes um corpo dançava, mas era na perplexidade sonora que se concentravam todos os sentidos do M.Ou.Co. E isto não foi tudo. Para surpresa, ou não, também pudemos visitar/revisitar outros trabalhos anteriores de Lennox, como Panda Bear Meets The Grim Reaper — curiosidade: Kember colaborou na sua produção. Uma das últimas músicas tocadas foi precisamente “Tropic Of Cancer” em que, apesar da letra “You can’t come back, you won’t come back”, se sentiu uma ode à amizade criativa que une os dois músicos.


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