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Texto: Vera Brito
Fotografia: Marianne Harle
Publicado a: 19/01/2021

Entre a guitarra e os cocktails.

P.S. Lucas, “um tipo que faz meia dúzia de canções que canta e grava só com instinto e intuição”

Texto: Vera Brito
Fotografia: Marianne Harle
Publicado a: 19/01/2021

Pedro S. Lucas oferece-nos um bálsamo para este ano que se inicia gélido e difícil. In Between, título que poderia até funcionar como metáfora para esta interrupção pandémica que nos deixou a todos em suspenso entre o antes e o depois — embora o músico açoriano revele que foi escrito muito antes disso –, é o seu primeiro disco em nome próprio.

In Between é um trabalho autobiográfico, em que a guitarra é rainha, e que se distancia da complexidade conceptual dos seus anteriores registos d’O Experimentar Na M’Incomoda ou ao lado de Carlos Medeiros no projecto MEDEIROS/LUCAS, naquilo que refere ser uma abordagem muito mais simples de “um tipo [que] faz meia dúzia de canções que canta e grava só com instinto e intuição”.

Numa conversa por videochamada falámos sobre este disco e as personagens que lhe dão voz, sobre o seu processo de composição e gravação ao lado de vários músicos talentosos, como David Eyguesier, João Sousa e João Hasselberg, entre outros, que o acompanham e dos quais nos confessa ter bastantes saudades de um reencontro nos palcos. Conversámos ainda sobre cocktails em tempos de pandemia e sobre a muita música nova que diz já ter pronta para lançar, se tudo correr bem, quem sabe ainda este ano.



In Between é o teu primeiro disco em nome próprio. Fala-nos como surgiu este álbum nesta altura da tua carreira.

É o primeiro disco em que assino com o meu próprio nome, P.S. são só iniciais do meu nome completo, mas não é o primeiro disco a solo que faço. A diferença será que é a primeira vez em que escrevo as letras, componho a música, interpreto e canto as canções. [Este disco] surge um bocadinho naturalmente, acho eu, desde o percurso que começa com um projecto chamado O Experimentar Na M’Incomoda, já há alguns anos — uma espécie de remixes e versões de temas açorianos que já existiam -, até depois ao MEDEIROS/LUCAS em que começo a fazer canções originais, mas a partir de letras de outras pessoas, já com uma banda mas nunca assumindo essa parte da voz. E chegou a uma altura em que decidi desafiar-me a gravar um disco. Existiam canções que já vinham de trás, de pouco depois d’O Experimentar, canções com letra, temas só de guitarra — ainda houve uma altura inicial em que a ideia deste primeiro disco a solo seria apenas com temas de guitarra, mas acho que cedo desisti disso, talvez por pudor, por achar que os temas não estavam prontos o suficiente, apesar de um deles ter acabado no disco.

Qual?

O “While I Was Waiting for the Melody” que é o único tema instrumental de guitarra. E depois dessas canções acho que é um processo de ganhar alguma confiança para fazer isto e de as circunstâncias às vezes o permitirem ou empurrarem. Há um lado também pragmático que é se agora quiser pôr isto ao vivo, em último caso só depende de mim próprio, não é? Posso pegar na minha guitarrinha e lá vou eu. Não é o objectivo, tento sempre rodear-me do número máximo de pessoas possível, só que a verdade é que em termos logísticos, práticos e materiais, é muito difícil. Muitas vezes se uma pessoa quiser ir tocar a Braga ou ao Porto, com uma banda de quatro pessoas, só para ir e vir são 300 ou 400 euros, portanto é uma logística muito mais difícil, a logística da banda. Foi também uma vontade de me dedicar mais à parte da escrita, não sei… [com] estas razões todas juntas, chegou ali a uma altura em que decido: “ok, agora vou ter aulas de canto, depois vou gravar um disco e vamos embora!”. Isto aconteceu mais ou menos em 2017, em que decidi começar com algumas aulas de voz, que é o início que marca a minha decisão.

Talvez seja mais comum vermos um artista começar com um trabalho de apresentação seu e que as colaborações surjam mais tarde…

Hum… quer dizer há muita gente que começa com bandas, não é?

Sim, é verdade, mas a minha pergunta era mais no sentido de se este disco para ti era um objectivo adiado ou se sentes que surgiu no momento certo? 

Não, eu sinto que o primeiro disco que devia ter feito era este, ou algo do género (porque nunca seria este disco), mas com este tipo de abordagem mais directa e simples que é: um tipo [que] faz meia dúzia de canções que canta e grava só com instinto e intuição. Porque começando n’O Experimentar e depois todo o trabalho MEDEIROS/LUCAS são extremamente conceptuais, há uma multidimensionalidade de ideias e de colaborações que vão informando esses discos. Enquanto neste há o mesmo processo de fazer canções, que é pegar nas letras, tentar dar-lhes uma música, melodia e harmonia, e depois juntar-me a outros músicos. Neste caso só me juntei com a banda mesmo antes de irmos para o estúdio gravar, talvez uma semana antes, nos ensaios…

Foi ainda antes da pandemia?

Foi logo antes, fomos gravar no início de Fevereiro. Depois existiram algumas participações especiais que só foram gravadas mais tarde, mas a base foi toda gravada em Mértola no início de Fevereiro. Juntei-me com três músicos, que é aquilo a que chamo a minha banda: o David Eyguesier, o João Sousa e o João Hasselberg, que gravaram todas as bases, depois o resto das participações são pessoas que colaboraram pontualmente, com um instrumento ou outro. Eram canções em que eu já vinha a trabalhar há muito tempo, umas mais antigas, outras mais recentes, mas como era o material que utilizava muitas vezes no meu trabalho de casa das aulas de voz, etc, acabaram por ser canções que repeti, repeti e repeti… é um trabalho muito de repetição e de uma mudança assim pontual aqui e ali. Tenho muita inveja dos escritores e às vezes falo com o João Pedro Porto do pessoal que escreve sem rever (e ele é um pouco assim), porque eu revejo 10 mil vezes e aquilo raramente acaba com a forma que começou.

És perfeccionista?

Ou consciente… [risos] Porque a primeira abordagem é um bocadinho mais em bruto, é uma espécie de… sei lá, se trabalhasse com barro, a primeira coisa é só fazer assim uma forma à volta e depois vou passar não sei quanto tempo a tentar descobrir como é que de facto eu queria aquilo da primeira vez. Acho que muitas vezes, por economia de tempo ou por preguiça, vou escrevendo e existem versos que já sei que estou só a escrever a ideia daquilo que, mais cedo ou mais tarde, vou ter que aperfeiçoar e encontrar exactamente as palavras que acho que merecem ir para aquele sítio. Às vezes escrevo para poder passar à frente, para não ficar ali preso duas horas num sítio e prefiro escrever qualquer coisa mais rascunho, sabendo que é um rascunho. E como ‘tava a dizer, esse repertório acompanhou-me tanto que depois fui-me juntar com os músicos para fazer uma coisa bastante mais rápida e instantânea, e sendo o grupo de músicos que era, tanto tecnicamente como em termos de sensibilidade, que são pessoas muito sensíveis àquilo que eu estava a fazer.

Eles são todos muito ligados ao jazz, não é?

Sim, são mais ligados ao jazz apesar de o [João] Hasselberg, por exemplo, tem uma gama enorme de colaborações…

O jazz tem estado, um pouco por todo o lado, a ganhar uma nova força com toda esta nova geração de músicos que vêm dos mais diferentes backgrounds, e Portugal também não é excepção, e acho que isso também transpareceu em algumas das faixas deste disco, não sei se concordas e se é algo que pensas em explorar mais?

Eu próprio nunca estudei jazz, nem faço nada que se pareça. Com os músicos que vou trabalhando vou aprendendo umas coisas aqui e ali, mas nunca me auto-proporia a fazer um disco de jazz. Mas interessa-me essa linguagem, até porque sem ser um nerd, nem nada que se pareça, gosto muito de jazz e dessa escola nova, desde o Flying Lotus, quando em 2009 ou 2010 começo a ouvi-lo, que acho que é uma espécie de porta de entrada depois de uma grande parte do jazz que vai surgir a seguir com o Kamasi Washington e outros. No outro dia estava a ouvir um colectivo, como é que se chamava… Mourning [A] BLKstar. Eles depois acabam todos muito por se inspirar (acho eu) no Sun Ra, no Pharoah Sanders, e nesse espacial-místico dos anos 70-80, mas acho que começa com o Flying Lotus, pelo menos é a maneira como vejo isso. E isso, sei lá, n’O Experimentar Na M’Incomoda e depois no MEDEIROS/LUCAS sempre teve um ascendente enorme. E sim acaba por ser uma linguagem que quero roçar de alguma forma se puder e se fizer sentido às canções, porque no fim o que me interessa é a canção. Primeiro há aquele poema que escrevo, depois faço uma melodia que se adequa à forma como aquelas palavras podem ser expressas, e mais tarde vou pensar os arranjos e a produção, sempre com essa ideia de que no fim o que interessa é servir a canção. 

Este In Between parece-me que é um disco que se escuta fluidamente, mas que ao mesmo tempo convida um pouco à introspecção e que surge também no final de um ano em que acho que fomos todos um pouco obrigados a virar-nos para nós próprios. Gostava que nos contasses um pouco melhor quem são as personagens deste álbum e os seus diálogos, não de tudo claro, mas que nos destacasses algumas partes.

Ora bem… estas canções acabam por não ter relação nenhuma com a pandemia, podem eventualmente ecoar, mas estas músicas estavam todas fechadas no Verão de 2019. E para esse grupo de canções a base ainda acaba por ser bastante autobiográfica, ou referenciando-se bastante na minha vida e nas minhas experiências. Há uma certa incapacidade [minha] da ficção, ou de criar ficção de raiz (eu depois acabo por ficcionalizar muita coisa), mas aquela história inicial raramente consigo inventá-la. É uma coisa que tenho muita inveja dos verdadeiros criadores de histórias é essa capacidade de inventar histórias, de criar personagens — eu ainda preciso de ter alguma âncora no real. E estas personagens do disco acabam por ser muito inspiradas em mim, ou nas pessoas à minha volta. Há uma parte substancial do disco que é sobre relações, mas depois a construção não tem que ser muito fiel, e não me interessa se no fim é fiel ou não à realidade, interessa-me ir montando essas personagens de forma o mais multidimensional possível, que sejam personagens ricas, que não sejam extremamente complexas. Nesses temas em que existem duas personagens, esse binarismo é utilizado sobretudo para expressar ainda mais esse inter-dinamismo entre personagens, a sua complexidade e a forma como elas vão crescendo e desenvolvendo. E interessa-me sobretudo isso: descrever e apontar os conflitos, os problemas e um certo processo de lidar com eles, não me interessa tanto oferecer soluções, nem conclusões a ninguém. Acho que não há nenhuma parte de uma canção que diga se é assim ou assado… Obviamente que se é um ser moral, se é uma pessoa solidária, tolerante, espero que se possa extrair disso, mas não me apetece pôr isso em frase, não me apetece dar lições de moral a ninguém, nem oferecer mensagens de postal. Interessa-me criar essas histórias, onde essas personagens se vão desenvolvendo, com muitas imperfeições, em que a maior parte são (sobretudo as masculinas [risos]) pessoas com bastantes falhas. E quero que nesse desenrolar e nessas lutas, que são sempre processos de lidar com aquilo que está fora de nós, se vá revelando alguma coisa no sentido estético-emocional, mais do que no sentido racional, acho eu… Não sei se me fiz perceber assim? [risos]



Sim, acho que percebi onde queres chegar…

Posso tentar verbalizar de outra forma, mas a minha ideia é que aquilo que haja para extrair das canções se revele num movimento da própria canção. Não há nenhum verso e nenhum refrão que contenha a mensagem das canções ou do disco. Acho que ele vai aparecendo. E o que eu quero dizer é que se eventualmente há alguma coisa para extrair nunca será um teorema, ou uma conclusão racional com alguma mensagem. Será sempre (espero eu) qualquer coisa estética ou emocional, pelo menos é assim que vou medindo as canções à medida que as vou fazendo, se elas me comocionam ou não.

Puseste realmente muito empenho na escrita destas canções… Tu dedicas-te à escrita fora do universo musical?

Hum não… desde novo que vou escrevendo os meus poemas, mas para mim. E o que escrevo acaba por ser tudo uma forma de exercício para escrever melhores canções. Pelo menos por agora, e não estou a ver assim num futuro próximo ter qualquer intenção de publicar trabalho escrito. O que me interessa no trabalho escrito neste momento é conseguir fazer canções melhores. Não me considero escritor nem nada, tenho interesse, gosto muito de ler, na verdade a minha licenciatura… metade do programa foi em estudos literários, mas não está nos meus horizontes ser escritor. 

Tu nasceste nos Açores, viveste vários anos na Dinamarca, estás agora em Lisboa, não sei se nos queres falar um pouco de como essas experiências se reflectem no teu percurso e na música que fazes? 

Acho que essas experiências influenciam e reflectem-se sem dúvida alguma. Vir para Lisboa aos 18 anos, andar aqui perdido alguns anos até conseguir encaminhar, voltar para os Açores, ir para a Dinamarca, voltar para Lisboa, etc, sobretudo estes últimos anos a partir da ida para a Dinamarca. Foi lá que comecei a escrever estas canções, é um bocadinho por aí que elas acabam em inglês, era a língua que falava no dia-a-dia, e depois a vinda para Lisboa é o que está mais reflectido neste disco. Como dizia, as canções muitas vezes partem da minha própria experiência, do meu dia-a-dia, das minhas relações e isso está interligado com aquilo que foi a minha vida na Dinamarca e aqui, e vão reflectindo a minha experiência e as minhas viagens. Há uma canção que é “Memories in the Alpujarras” (é uma zona ali de Espanha, na Andaluzia) que escrevi porque estava lá de férias com a minha namorada. E isso vai aparecendo assim, circunstancialmente. Não sei explicar concretamente como é que isso se reflecte na minha música, ou no som, ou nas palavras.

Já agora pegando nessa música que referiste [“Memories in the Alpujarras”] e até porque assumes algumas influências na press release deste disco, nomeadamente o Leonard Cohen, aqui nesta canção foste também explorar um bocadinho a guitarra flamenca. Tu tens formação em guitarra clássica e perguntava-te se é ainda para ti um instrumento com muito por explorar (como a guitarra flamenca, por exemplo). Que coisas é que ainda queres fazer?

Essa canção acaba por ter essa progressão de acordes meio flamenco porque sim, porque eu estava a compor o tema e foi assim que ele saiu. Não é por ter escrito em Espanha que queria que tivesse aquele som, e não é por ter começado com aquele som, ou por ter acabado com aquela progressão, que me fui influenciar mais ou menos no Cohen. As influências do Cohen já vinham antes e eventualmente por isso é que cheguei àquela progressão. Para te responder muito concretamente àquilo que me perguntaste, se há mais para explorar na guitarra, há sempre muito por explorar. Em termos da guitarra e das cordas sempre tive mais apetência ali para o Norte de África e Sul de Espanha, que não fica muito longe, aliás já foram o mesmo reino e musicalmente acabam por ter muita música semelhante. Mas há sempre muito mais para explorar, agora o tempo é limitado e eu tenho de tomar opções. Até agora tenho-me interessado por explorar mais a parte das canções e pôr as guitarras, seja tuaregue, seja flamenca, seja sei lá… folk irlandês, ao serviço das canções e da melodia das palavras, mais do que andar a mergulhar numa cultura ou som em específico de guitarra. Se um dia tiver vontade e se surgir oportunidade de me dedicar um bocadinho mais à guitarra, hei-de fazê-lo. Nunca saiu completamente do horizonte, mas não é aquilo que estou a fazer neste momento.

E é o teu instrumento de eleição ou gostarias de explorar outros?

É completamente, eu sou um guitarrista. Às vezes tenho um bocado de pena de, sobretudo como arranjador, não tocar piano, é uma nódoa negra nem sequer ter um piano em casa, nunca tive. A verdade é que, para quem quer experimentar acordes e arranjos, o piano é 10 mil vezes mais versátil e tem muito mais possibilidades do que uma guitarra. Mas ao mesmo tempo também vou evitando esse dia em que vou comprar um teclado, porque obriga-me a passar mais tempo com a guitarra, e a utilizar as suas próprias limitações. Aquele clichê básico, não é, de que as limitações muitas vezes ajudam a formar as idiossincrasias.

Outra coisa que também descobri, na preparação para esta entrevista, foi aquele teu projecto [Household] Mixology, em que musicaste receitas de cocktails. Queres contar-nos melhor como surgiu e como têm sido estes últimos meses de confinamento para ti?

O Household Mixology surge no final de Março, início de Abril, quando já se tinha assumido que íamos todos ficar fechados em casa durante algum tempo. E surge como um desafio da editora do MEDEIROS/LUCAS, a Lovers & Lollypops, que criou um clube com conteúdos online e desafiou um universo de artistas. E começo a pensar como é que posso criar um conteúdo audiovisual minimamente interessante e juntei duas coisas que gosto de fazer, os cocktails — que foi o que me pagou a renda durante os meus dois primeiros anos na Dinamarca em que era bartender –, e como já estava praticamente com o disco todo fechado, decidi virar-me para a guitarra e estava a tocar bastante nessas primeiras semanas do confinamento — não sei se foi um escape, mas a verdade é que acabei por me dedicar bastante. Então esses vídeos vão surgindo como o resultado dessas pequenas peças que ia criando. Às vezes criava na noite anterior e depois filmava o vídeo do cocktail no dia seguinte, e juntava os dois já a pensar mais ou menos no universo. Houve temas que foram completamente improvisados, em que fazia o cocktail, pegava nele e vinha aqui para esta sala e punha-me a bebericar enquanto improvisava. E foi isso, a minha ideia foi criar uma espécie de disco que fosse feito de propósito para o YouTube.

Tens um concerto para apresentar este disco, no dia 4 de Fevereiro no Musicbox em Lisboa, quais são as expectativas, isto se não for adiado devido ao novo confinamento?

Eu já suspendi os ensaios todos. São duas semanas [de confinamento] a começar agora, portanto ainda dava ali uma margem, só que todas as notícias que li dizem que a descida tem que ser miraculosa para que não renovem esse confinamento por mais algumas semanas. Eu espero que não, até porque ’tou mesmo inquieto…

‘Tás com vontade de tocar este disco ao vivo…

‘Tou muita com vontade de tocar isto e começar tocar coisas novas com o resto do pessoal, porque entretanto já andei a compor mais. A verdade é que também tenho passado muito tempo a tocar nestes confinamentos e cada vez tenho mais prazer, e sinto-me mais confiante e mais à vontade para tocar e cantar, mas também já sinto que ’tá na altura de começar a partilhar isto com alguém fora deste quarto [risos].  

Mesmo que seja adiado (espero que não), quais as expectativas e outras coisas que tenhas planeadas para este ano, que possas partilhar connosco?

As expectativas para esse concerto era conseguir mostrar este disco com a banda, poder voltar a tocar com eles e partilhar isto. Não seria com muita gente pelas limitações, principalmente no Musicbox, não sei mas acho que podem sentar-se 30 ou 40 pessoas lá dentro. Mas seria aquele lado simbólico, “ok, esta etapa está concluída, este disco ’tá fora”, e o prazer de me juntar com o David e os Joões outra vez, depois de ter passado quase um ano a ensaiar sozinho. [risos] E é o que te dizia, já tenho bastantes canções novas compostas e já falei com eles para eventualmente começarmos a trabalhá-las, e contar com a participação deles nesta fase de pré-produção. Mas queria gravar isto rapidamente, porque este disco demorou muito tempo a fazer e agora queria fazer o próximo até final do ano. Por outro lado, ao mesmo tempo comecei a escrever mais e não sei ainda se essas canções todas que fiz uma parte delas não vai acabar no lixo e vou fazer novas. E depois também tenho continuado a fazer coisas em inglês e sei que mais tarde ou mais cedo vou querer coisas em português — já comecei a escrever para isso. Mas tenho essa vontade de fazer agora um disco rápido e sinto que consigo, mesmo que seja curto, até porque já tenho bastante reportório composto entretanto. Mas fazer um disco também não é barato e é preciso perceber se entretanto aparecem uns concertos ou qualquer coisa que ajudem a financiar. [risos] E há um disco de MEDEIROS/LUCAS que também já está a ser conversado mais ou menos há um ano com o Carlos Medeiros, mas tenho-me dedicado mais a isto e também quis empurrar o Carlos para pegar nas rédeas deste próximo disco, o primeiro foi feito muito a meias, mas depois já fui eu e o João Pedro Porto que fizemos muito do trabalho e agora queria que o Carlos voltasse a isso, e é sempre difícil. [risos] Mas também não podemos estar juntos, porque ele faz parte dos grupos de risco, aliás já tivemos concertos que foram reagendados porque ele não pode viajar e também não quero arriscar. E é isso. Um disco meu e um disco de MEDEIROS/LUCAS nos próximos dois anos. 


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