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Publicado a: 04/03/2016

Os PAUS também sabem ser do hip hop

Publicado a: 04/03/2016

[FOTO] Direitos Reservados

A banda portuguesa PAUS editou, há poucas semanas, o terceiro longa-duração da sua discografia. Mitra é um disco em que a banda de Fábio Jevelim, Hélio Morais, Joaquim Albergaria e Makoto Yagyu sentiu novas vibrações dançantes nas suas composições. O peso e o volume da bateria siamesa, dos baixos e dos sintetizadores continuam lá, mas agora com outro ritmo – com o “modo sexy ligado”, como disse Albergaria.

Os PAUS não são puro hip hop, mas também o podem ser. Quem sabe se um dia não serão? A memória leva-nos até 2010, à série de concertos na discoteca Lux a que chamaram “Só Desta Vez”. O quarteto chamou alguns convidados para o palco para fazer concertos aparentemente improváveis, num convite à união de massas sonoras. Em Dezembro de 2010, numa noite fria da capital, mas muito quente na cave da discoteca em Santa Apolónia, DJ Ride e Riot juntaram-se aos PAUS. E o bicho pegou à séria.


 


 

Em 2012, talvez em resposta a este primeiro convite, DJ Ride convidou os PAUS para colaborar na faixa “Atlas”, do álbum Life in Loops. “O que está definido é que partimos sempre de duas baterias, uns sintetizadores e uns teclados. O que podermos fazer com isso é que é o fixe. É o que nos entusiasma. No dia em que não tiverem de nos perguntar ‘O que são os PAUS?’ e que a resposta seja óbvia, os PAUS se calhar deixam de fazer sentido. Temos sempre a liberdade de dar uma guinada. Acho fixe que exista a possibilidade de o nosso próximo disco ser de… hip hop. Ou de outra coisa qualquer”, disse-nos Quim Albergaria, um dos dois bateristas.

Pegando neste novo “modo sexy” dos PAUS, que se tornam então um pouco mais dançantes, convidámos Albergaria a escolher, em nome do grupo, uma série de faixas hip hop que possam ter marcado a criação deste Mitra.


 

“Youth”, de Halloween

e também “Bandido Velho”

“A Bruxa inspira mais do que assusta. É o facto da Mary Witch pertencer a um sítio só seu, onde as limitações se tornaram assinatura, onde o que o vive e o que vê são a única verdade que interessa. É um hip hop que só seria possível aqui, nos subúrbios de Lisboa. O Híbrido acompanhou-nos sobretudo na carrinha enquanto começámos a pensar no Mitra. E o flow do Allen, ou melhor, o ‘que-sa-flowda-se’, é algo que insiste em apanhar-nos desprevenidos – ele é livre e isso é nutritivo para quem o ouve, ‘porque não há maior petisco do que a liberdade’.”


“Alright”, de Kendrick Lamar

“O melhor vídeo de 2015 para um disco incrível. Este beat tem um bounce mesmo nice e o K-Dot é definitivamente o rei, é o rapper que cada vez que se chega ao microfone leva poetas e académicos à escola. Indiscutivelmente um dos grandes.”


“Buffalo”, de Tyler The Creator

https://www.youtube.com/watch?v=n6lxQ6JwlVY

Livreza. Beats pesados e escuros para devolver o punk rock ao hip hop. Tyler é bem capaz de ser o Darby Crash do hip hop contemporâneo.


 “Dead Man’s Tetris”, de Flying Lotus, com Captain Murphy & Snoop Dogg

Serão precisos genes de génio para harmonizar o funk mais gangsta com jazz mais livre. Ajudam, devem ajudar de certeza.


“Loca”, de Vince Staples

Este MC Disse que não ao Jay Z e lançou um disco duplo incrivelmente pesado, instrumental e liricamente.


“City Boy Blues”, de Action Bronson, com Chauncy Sherod

Este mano gosta de comer, dar prendas e correr riscos. É o nosso tipo de mano.


 “Peasants, Cripples and Reatards”, de Gaslamp Killer com SAMIYAM

https://www.youtube.com/watch?v=nUAXnlO4fZE

Discípulo de Dilla e Madlib, tem um dos sons mais distintivos dos produtores a gravitar em torno da Stones Throw. As suas produções são crispy, como se saíssem de um amplificador Fender. Talvez ajude que a sua colecção de simples esteja encharcada em ácido.


 “Oh My Darling (Don’t Cry)” dos Run The Jewels

“NUNCA MAIS SAI O RTJ3!!!”


 

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