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A banda portuguesa PAUS editou, há poucas semanas, o terceiro longa-duração da sua discografia. Mitra é um disco em que a banda de Fábio Jevelim, Hélio Morais, Joaquim Albergaria e Makoto Yagyu sentiu novas vibrações dançantes nas suas composições. O peso e o volume da bateria siamesa, dos baixos e dos sintetizadores continuam lá, mas agora com outro ritmo – com o “modo sexy ligado”, como disse Albergaria.
Os PAUS não são puro hip hop, mas também o podem ser. Quem sabe se um dia não serão? A memória leva-nos até 2010, à série de concertos na discoteca Lux a que chamaram “Só Desta Vez”. O quarteto chamou alguns convidados para o palco para fazer concertos aparentemente improváveis, num convite à união de massas sonoras. Em Dezembro de 2010, numa noite fria da capital, mas muito quente na cave da discoteca em Santa Apolónia, DJ Ride e Riot juntaram-se aos PAUS. E o bicho pegou à séria.
Em 2012, talvez em resposta a este primeiro convite, DJ Ride convidou os PAUS para colaborar na faixa “Atlas”, do álbum Life in Loops. “O que está definido é que partimos sempre de duas baterias, uns sintetizadores e uns teclados. O que podermos fazer com isso é que é o fixe. É o que nos entusiasma. No dia em que não tiverem de nos perguntar ‘O que são os PAUS?’ e que a resposta seja óbvia, os PAUS se calhar deixam de fazer sentido. Temos sempre a liberdade de dar uma guinada. Acho fixe que exista a possibilidade de o nosso próximo disco ser de… hip hop. Ou de outra coisa qualquer”, disse-nos Quim Albergaria, um dos dois bateristas.
Pegando neste novo “modo sexy” dos PAUS, que se tornam então um pouco mais dançantes, convidámos Albergaria a escolher, em nome do grupo, uma série de faixas hip hop que possam ter marcado a criação deste Mitra.
“Youth”, de Halloween
e também “Bandido Velho”
“A Bruxa inspira mais do que assusta. É o facto da Mary Witch pertencer a um sítio só seu, onde as limitações se tornaram assinatura, onde o que o vive e o que vê são a única verdade que interessa. É um hip hop que só seria possível aqui, nos subúrbios de Lisboa. O Híbrido acompanhou-nos sobretudo na carrinha enquanto começámos a pensar no Mitra. E o flow do Allen, ou melhor, o ‘que-sa-flowda-se’, é algo que insiste em apanhar-nos desprevenidos – ele é livre e isso é nutritivo para quem o ouve, ‘porque não há maior petisco do que a liberdade’.”
“Alright”, de Kendrick Lamar
“O melhor vídeo de 2015 para um disco incrível. Este beat tem um bounce mesmo nice e o K-Dot é definitivamente o rei, é o rapper que cada vez que se chega ao microfone leva poetas e académicos à escola. Indiscutivelmente um dos grandes.”
“Buffalo”, de Tyler The Creator
https://www.youtube.com/watch?v=n6lxQ6JwlVY
Livreza. Beats pesados e escuros para devolver o punk rock ao hip hop. Tyler é bem capaz de ser o Darby Crash do hip hop contemporâneo.
“Dead Man’s Tetris”, de Flying Lotus, com Captain Murphy & Snoop Dogg
Serão precisos genes de génio para harmonizar o funk mais gangsta com jazz mais livre. Ajudam, devem ajudar de certeza.
“Loca”, de Vince Staples
Este MC Disse que não ao Jay Z e lançou um disco duplo incrivelmente pesado, instrumental e liricamente.
“City Boy Blues”, de Action Bronson, com Chauncy Sherod
Este mano gosta de comer, dar prendas e correr riscos. É o nosso tipo de mano.
“Peasants, Cripples and Reatards”, de Gaslamp Killer com SAMIYAM
https://www.youtube.com/watch?v=nUAXnlO4fZE
Discípulo de Dilla e Madlib, tem um dos sons mais distintivos dos produtores a gravitar em torno da Stones Throw. As suas produções são crispy, como se saíssem de um amplificador Fender. Talvez ajude que a sua colecção de simples esteja encharcada em ácido.
“Oh My Darling (Don’t Cry)” dos Run The Jewels
“NUNCA MAIS SAI O RTJ3!!!”