Maria lançou hoje O que guardas na algibeira, uma beat tape que serve de primeira parte de um novo e maior projecto. A edição é da Monster Jinx (com direito a tiragem em cassete no futuro) e a ficha técnica estende-se a DarkSunn (que ajudou na mistura e assumiu a masterização) e Vítor Figueira (que contribuiu com a ilustração que vemos por entre as colagens da capa feitas pelo próprio Maria).
Neste trabalho, o produtor mergulha nas raízes da criação musical através de uma metodologia tão intuitiva quanto desafiadora. Produzido inteiramente no Roland SP-404MKII, um sampler até então desconhecido para si, este disco marca uma viagem de volta à essência do beatmaking, em que as limitações técnicas se transformam em liberdade criativa. Do seu bolso musical, o artista saca 8 batidas que lançam um olhar mais modernizado sobre sonoridades que marcaram uma fase muito específica da cultura do hip hop instrumental movido a samples, evocando influências de J Dilla, Nujabes ou Madlib.
Através de um comunicado, Maria falou sobre o processo de construção destes temas:
“Não há muitas coisas que me saibam melhor do que a nostalgia — e este disco é sobre isso. Recursos tecnológicos limitados, aliados à sensação de descoberta e aprendizagem. Todo o ‘disco’ (que é, na verdade, a primeira parte de uma peça maior) foi criado num sampler que até então me era completamente estranho: nunca o tinha usado, nem sabia sequenciar com este sampler — o Roland SP-404MKII. Este território desconhecido acabou por me levar a um lugar mais intuitivo e confortável. Foi quase um exercício de memória: como é que eu fazia os meus primeiros beats? A resposta está nos chops simples, onde o foco está na emoção, e os grooves complexos deram lugar a ideias mais diretas e cruas. É sempre especial poder voltar a aprender a andar. Talvez, na segunda parte, já saiba correr.”