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Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 22/01/2024

De portas a abrir de par em par.

O Festival Porta-Jazz’24 arranca na próxima semana

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 22/01/2024

Está aí a 14ª edição do Festival Porta-Jazz, que fará dos primeiros 4 dias de Fevereiro um certo “Multiverso de Jazz e Criação”, a ter lugar no Teatro Rivoli, no Porto. Contando com o arranque já na próxima semana, dia 1, no Espaço Porta-Jazz, serão 4 os dias de comunhão — e 4 parece mesmo ser o número mágico aqui. Se a esta conjugação contarmos em igual numero as parcerias feitas com gente de fora para agigantar — Associação Robalo (Lisboa), a Associação AMR (Suíça), o festival Bezau Beatz (Áustria) a plataforma Improdimensija (Lituânia) — fica-se com vontade de pôr as fichas todas nessa casa da sorte. Contar com a tamanha oferta de concertos programados e ir a todos é mesmo arriscar a sorte grande e a terminação. Vontade não falta, o resto virá por acréscimo, certamente.

Foco então na música que se fará ouvir. Arranque no dia 1, no Porta-Jazz à Praça da República, às 21h30, com 4 músicos, o quarteto liderado pelo contrabaixista Pedro Molina, que se apresenta com o pianista Miguel Meirinhos, o guitarrista Filipe Dias e o baterista Gonçalo Ribeiro. Nomes bem emergentes a unir as linguagens jazz dos dois lados da fronteira luso-espanhola. Com o disco de estreia À Procura (Carimbo Porta-Jazz) para conferir ao vivo, que antes teve passagem nas últimas edições do Seixal Jazz e Guimarães Jazz, marcará agora em casa própria os primeiros sons do festival. 

Dia 2, no Rivoli, um trio de bateristas/percussionistas, Alma Tree, que são o encontro do lendário músico Ra Kalam Bob Moses, que se mantém na crista da irreverência e se alia desta feita aos fascinantes Pedro Melo Alves e Vasco Trilla, que perante a veterania de Bob Moses são jovens fascinados a aprender com o mestre, mas ao seu lado a tocar soarão cúmplices e influenciadores desde a sua irreverente frescura. Trazem consigo a prova disso mesmo com Sonic Alchemy Suprema, título bem ilustrativo do registo para o selo Carimbo e que neste concerto farão resultar em palco num dos primeiros momentos mais marcantes do festival — arriscamos garantir. Ainda neste primeiro bloco, serão 7 no total, haverá palco para Axes com Hexagon, o sexteto que João Mortágua idealizou para a sua música na voz de 4 saxofones, tocadas no seu soprano, no alto de José Soares, no tenor de Hugo Ciríaco, e no barítono de Rui Teixeira, suportados pelo baixo de Filipe Louro, junto das percussões e bateria de Pedro Vasconcelos. Hexagon é o segundo registo que ilustra a geometria dos sons das palhetas dos naipes de saxofones de Mortágua e foi editado pela Carimbo no incomum formato de capas 20×20, entre um 7” e um 10”.



Dia 3 tomará lugar em palco o disco 100 da Carimbo, o braço editorial da Porta-Jazz, momento em grande neste cada vez mais relevante catálogo que ascende agora aos três dígitos de obras editadas — notável pecúlio. Esse lançamento, River Creatures, fica a cargo do multi-instrumentista cubano Hery Paz que com Nate Wooley em trompete e Tom Rainey na bateria, preencherão o palco do Rivoli às 21h30 com jazz centro-americano. Contudo o dia começa, nesse multiverso jazzístico lugar, às 16h para o 2º bloco de concertos com o trio de Tom Ward (flautas, saxofone alto, clarinete, voz), Nuno Trocado (guitarra e electrónicas) e Sérgio Tavares (contrabaixo e voz). Trazem na bagagem o registo Corrosion, editado em Maio último pela invariável Carimbo Porta-Jazz. Depois será tempo de ficar a saber, no sub-palco, How Noisy Are The Rooms?. Este será um envio desde o festival Bezau Beatz, onde Alfred Vogel é força motriz e que aqui apresentar-se-á em bateria junto da voz e piano de Almut Kühne e dos gira-discos de Joke Lanz. Deste trio de autodenominados extremistas sonoros, será de esperar “um mergulho num invulgar jazz selvagem e lanudo” na impressão causada e recolhida da magazine nova-iorquina Jazz Record. Bloco 3, às 18h15 no pequeno auditório do Rivoli, outro trio vindo de longe com os parceiros da Improdimensija. Blaser Trio, formado pelo helvético trombonista Samuel Blaser, o gaulês guitarrista Marc Ducret, e o lituano saxofonista Liudas Mockūnas. São um trio de compositores que conjugaram forças em 2022, mas desde tempos idos têm reciproca admiração musical pelas trajectórias desenhadas. Deverão abordar composições de cada um deles, a demonstrar isso mesmo, um longo percurso enraizado em cada um mas devolvendo mais que isso a três. Depois seguem-se Wiz, para apresentar Mosaico, outra das edições Carimbo a ter montra em casa (festival) própria. Este trio ibérico de jazz, tem na sua formação os músicos e as composições de Iago Fernández (bateria), Wilfried Wilde (guitarra) e José Pedro Coelho (saxofone tenor). Com o tempo musical a ser marcado pela cadencia das peles espera-se um espraiar nas suas melodias assentes em boas doses de improvisação experimental num retemperado final de tarde de inverno, para depois, à noite, às 21h30, sobirem 10+1 em número de músicos a tocar no palco do grande auditório do Rivoli. O Decateto é um poliedro cujas 10 faces são definidas pela acção conjugada das associações jazzísticas a Porta-Jazz e a Robalo, um eixo Porto-Lisboa, uma linha de altíssima velocidade musical. Em 2023, alargando a habitual formação de músicos em sexteto para um decateto, convidando o músico e compositor Hans Koller para tal em estreia na Festa do Jazz no CCB, agora será a vez do Porto receber o ensemble colaborativo de músicos. Depois tem lugar o já referido River Creatures de Paz com Wooley e Rainey, para a tal centésima celebração editorial.  

Dia 4, terá lugar no palco do grande auditório do Rivoli, às 16h, Mané Fernandes para matriz_motriz, trabalho lançado pelo invariável selo e Carimbo da casa. No que autodenominam como “uma drum machine do futuro, feita de sonhos” mas desprovida de secção rítmica habitual, Mané Fernandes na composição, guitarra eléctrica e voz, junto das vozes de Mariana Dionísio, Sofia Sá e Vera Morais e João Grilo, trará o som do piano e electrónicas, urdirá o tapete musical para a coreografia e dança de Brittanie Brown ter lugar. Findo tal movimento, será no sub-palco a continuação do bloco 5 com Themandus. Themandus, homónimo disco de estreia deste trio com o Carimbo Porta-Jazz, composto e executado por Eduardo Carneiro Dias (bateria e percussão), Ricardo Alves (guitarra) e Afonso Boucinha Silva (saxofone). Será o momento para a estética jazz fundir com ambient, drum & bass e boom bap. O bloco 6 virá às 18h15, no pequeno auditório do Rivoli, para Tom Brunt’s Acoustic Space, pela parceria com a helvética “Association pour l’encouragement de la Musique impRovisée (AMR)”. Na construção deste espaço acústico ouvir-se-á as guitarras de Tom Brunt e Charles Fréchette, o violino de Marc Crofts e o contrabaixo de Pierre Balda, no que se ouvirá como um quarteto a navegar pelo jazz, a folk e a música improvisada contemporânea. Saberemos se verdadeiramente em acústico, sem amplificação, que quando acontece resulta tão bem ao sentir a propagação sonora ao natural. Em seguida está programada A Invenção da Ficção, a (in)certeza da primeira obra, na composição, no arriscar, na ousadia da auto-edição. Seremos testemunhas disso em palco junto à música servida por Luís Ribeiro (composição e guitarras eléctricas), Rui Teixeira (saxofone barítono e clarinete baixo), Hugo Ciríaco (saxofone tenor), Joaquim Rodrigues (piano), Miguel Ângelo  (contrabaixo), Marcos Cavaleiro (bateria). À noite, às 21h30, logo depois da emissão do Notas Azuis (Antena 3) ou do jantar, ou de ambos em simultâneo, será tempo do derradeiro bloco 7. Grande auditório reservado para Something To Believe In, em mais uma edição bem recente da Carimbo Porta-Jazz no carismático formato 20×20. Esta edição que procura remeter para a cultura mitológica egípcia surgiu da viagem ao Cairo do quarteto formado pelo contrabaixista Nuno Campos (composição), pelo pianista Miguel Meirinhos, o saxofonista tenor José Pedro Coelho e o baterista Ricardo Coelho. Para ouvir no grande palco o diário dessas viagens cruzado com a influência, nas audições confessas de Campos, da música de compositores contemporâneos como Schoenberg, Bartók, Ravel, Debussy, Ligeti ou Messiaen. Para fechar a longa jornada do Porta-Jazz, uma encomenda, um novo projecto, uma estreia absoluta — Ensemble Mutante #1 de Vera Morais. E como ponto de partida a composição do ensemble: Vera Morais na voz, João Pedro Brandão na flauta transversal e saxofone alto, Hristo Goleminov no clarinete baixo e saxofone tenor, Inês Lopes no piano e toy piano, Aleksander Sever no vibrafone e Marco Luparia na bateria e percussão. 

Feitas as apresentações do que se espera ver e ouvir, resta o acontecer, e cá havemos de voltar para contar como foi.


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