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Publicado a: 31/01/2018

O caos organizado de L I Q U I D

Publicado a: 31/01/2018

[TEXTO] Alexandre Ribeiro [FOTO] Aarre

Nugget de L I Q U I D é a nova “bomba” com o selo slow habits. Composto por apenas três faixas, o EP é uma pequena amostra da capacidade de Pedro Rafael, o verdadeiro nome do produtor. Ainda a digerir o final de “Vem Abaixo”, “opulência” é a primeira palavra que nos chega pela ponta dos dedos e, como é óbvio, não é uma crítica negativa: as melodias, os ritmos, os instrumentos, os samples e o cérebro — onde tudo começa — são os elementos que nos levam numa verdadeira epopeia que parece ser maior que a vida; e tem apenas 10 minutos…

“O meu percurso na música começou por volta de 2008 quando decidi ir aprender bateria. Já ouvia muita música desde novo, juntamente com o meu irmão e os meus primos, e já nessa altura [ouvia] de tudo um pouco. Parte da minha família é africana e esse sangue corre-me nas veias”, revela o produtor sobre o início do seu percurso.

O projecto L I Q U I D marca a transição para o campo da electrónica, lemos na sua página de Facebook. Em conversa com o Rimas e Batidas, Pedro explica tudo: “É uma transição engraçada porque não foi propositado, aconteceu por necessidade numa altura em que todos os projectos em que estava envolvido tinham parado. Sempre tive um fluxo de ideias muito activo, dava por mim em várias situações a ouvir uma melodia ou um ritmo na minha cabeça e a certa altura comecei a registar para o gravador do meu telemóvel para quando chegasse aos ensaios tentar pôr em prática com a banda. Infelizmente ou felizmente, os projectos pararam. Foi aí que senti a necessidade de compor e instalei um programa de produção musical no meu computador.”

Com uma dose generosa de abstraccionismo, as texturas de Nugget são palpáveis e remetem-nos para IGLOOGHOST, menino-prodígio da Brainfeeder. Quando questionado sobre as suas inspirações, a resposta é reveladora: “A questão da inspiração é muito interessante. Não sei bem o que responder. Às vezes pode ser um som, um ambiente ou uma paisagem. É meio abstracto. Sinto que é um misto de tudo que ouvia no passado com o que consumo hoje em dia. É dessa forma que crio a minha linguagem musical — e através dela tento transcrever da melhor forma o que sinto para música. Por vezes sinto-me preso na execução das minhas ideias, agora na vertente electrónica.”

A “Soulection portuguesa” foi a “casa” perfeita para um talento à procura de estabilidade. “Quando entrei para a slow habits ([na altura] ainda era slowhush) foi através do meu amigo E.A.R.L. (Manuel Delgado). Ainda não tinha ouvido falar do colectivo, mas gostei da iniciativa. Como o Manuel já estava na label, pôs-me em contacto com eles. Passado algum tempo, fiz uma selecção de três beats dos vários que já tinha e trabalhei neles para construir o EP. Falei com o Rafael e o Cláudio e alinhámos todos em lançar o meu primeiro EP pelo colectivo”.

E aí está. A porta está aberta, mas fica o aviso: o melhor é deixarem as vossas convenções lá fora…

 


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