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Ilustração: Carlos Quitério
Publicado a: 28/12/2021

O jazz em primeiro plano.

Notas Azuis #76: Especial Carimbo Porta-Jazz

Ilustração: Carlos Quitério
Publicado a: 28/12/2021

Na coluna Notas Azuis vai abordar-se jazz, música livre, música improvisada de todas as eras e nacionalidades, editada em todos os formatos.



[WIZ] WIZ / Carimbo Porta-Jazz

Um baterista galego, um guitarrista francês e um saxofonista português entram num bar. Que som fazem? WIZ é a resposta, exercício de cruzamento dos talentos de Iago Fernández, Wilfried Wilde e José Pedro Coelho (com pontual “interferência” do trompetista catalão Òscar Latorre Cascante), músicos que repartem em partes praticamente iguais as tarefas de composição (Wilde carimba cinco das peças, com os outros dois companheiros a assegurarem quatro cada um). E esse é aliás um perfeito indicador do que este trabalho gravado durante os últimos três dias do verão de 2020 em Hüsingen, na Alemanha, nos apresenta: um delicado, mas pacientemente urdido equilíbrio entre os três instrumentos, cada um com lugar perfeitamente definido no quadro sónico desenhado, sem baixo, mas com expressividade melódica bem acentuada, ora nos uníssonos de guitarra e saxofone, ora nas derivas individuais. O trio oscila entre a expressividade mais poética (escute-se “Modus Novus” ou “Bilogy”, por exemplo) e um registo mais angular (como na demasiado breve “Mola”, com Wilde e Coelho em animado jogo de espelhos), com os temas em que o trompete quebra a simetria (“Amor Radical” e “Krafla Frid”, ambos do punho de Iago Fernández) a imporem-se como espaços de maior expansividade cromática, mas ainda assim retendo a marca que o trio parece ter aqui logrado alcançar: de um jazz expressivo, sem “truques”, honesto e de encontro de vontades comuns.



[Eurico Costa Trio] COPAL / Carimbo Porta-Jazz

Eurico Costa na guitarra, Demian Cabaud no contrabaixo e Marcos Cavaleiro na bateria. Álbum de estreia gravado em dois dias do último mês de Junho e lançado na recta final do ano, no passado dia 15 de Dezembro. Estes são os factos técnicos. Bem mais interessantes são as impressões artísticas de uma estreia em trio que permite a Eurico Costa exibir as suas consideráveis capacidades de executante e de compositor, em peças de tranquila meditação – interessante o espaço oferecido ao contrabaixo de Cabaud na abertura de “thanks, Calvin”, com o seu arco a desenhar a paisagem por onde depois a guitarra se espraia, num dedilhado pleno de poética imaginação, como se nos quisesse contar a história desse agradecimento a Calvin. “O Arauto” é uma vez mais apresentado por uma figura circular desenhada pelo contrabaixo, desta vez dedilhado, o suporte perfeito para o ultra-seguro baterismo de Cavaleiro, que trata os seus pratos como a pontuação no texto que vai desenrolando entre os tons, a tarola e o bombo. Eurico, claro, toma esses alicerces como a matéria fundamental que suporta os edifícios de electricidade que ergue sem pressas, sem explosões, sem repentismos tecnicistas, mas com plena alma. 

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