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Fotografia: Cláudio Ivan Fernandes
Publicado a: 07/07/2022

Para ninguém ficar de fora.

NOS Alive’22 – Dia 1: devíamos ser todos estudantes do universo de Stromae

Fotografia: Cláudio Ivan Fernandes
Publicado a: 07/07/2022

O NOS Alive está oficialmente de regresso. Depois de dois anos a serem vítimas dos efeitos da pandemia da COVID-19, o festival realizado no Passeio Marítimo de Algés pela Everything is New começou ontem (6) e prossegue até sábado, dia 9. O que o primeiro dia do NOS Alive teve, então, para oferecer?

Com um recinto que quase nos podia ter levado de volta ao passado – quase nada mudou desde 2019, diga-se –, o NOS Alive ofereceu ao seu público um primeiro dia competente, mesmo que ligeiramente agridoce em momentos. Por um lado, o cancelamento de última hora de Clairo por problemas nos aeroportos (esperemos que seja o único cancelamento por tal coisa desta edição – cruzemos os dedos) foi um desapontamento para os muitos fãs que se haviam deslocado ao Passeio Marítimo de Algés para ver a autora de temas como “Pretty Girl” ou “Sofia”. Para esse cancelamento, deixamos já a dica de um concerto a nome próprio para compensar, se as duas partes conseguirem encaixar tal evento. 

Por outro lado, os restantes concertos do dia tiveram algo de bom oferecer – sim, mesmo os The Strokes. Os LEFTY, quarteto português de pop-rock, abriram o palco Heineken (o principal palco secundário do Alive) com uma energia contagiante o suficiente para lembrar o quão importante é, para bandas portuguesas, a exposição oferecida por tocar num dos palcos principais de um festival de verão. Mallu Magalhães encantou os corações de quem a foi visitar na abertura do palco NOS, os Jungle fizeram a festa (mesmo que a sua música tenha pouca diferenciação entre si) para um público desejoso de dançar. Os Modest Mouse deram um concerto perfeito para os seus fãs acérrimos – quem gosta de Modest Mouse, gosta mesmo de Modest Mouse – apesar da mudança de horário de última hora fruto da tentativa de acomodar um concerto mais tardio de Clairo, naquela que foi a estreia em Portugal da banda de culto do midwest emo e indie americano, e os Fontaines D.C. deram aquele que poderá ter sido um dos melhores concertos de sempre no palco secundário do NOS Alive – e não somos os únicos a apontar nessa direcção. E sobre os The Strokes? 

O principal nome do primeiro dia do NOS Alive, esses betos pomposos nova-iorquinos responsáveis por grande parte do reviver do tão adormecido rock no início do milénio, aproveitaram a energia deixada pelos The War On Drugs, que deram um concerto bem sólido, para entregarem um espectáculo que superou as expectativas (que vale a pena referir, eram extremamente baixas). Respire-se de alívio: foi longe de ser o tão anunciado desastre que podia ser. Apesar de algum caos proveniente de – adivinhe-se – Julian Casablancas, os The Strokes deram um concerto satisfatório – e, quiçá, até mesmo bom (não matem quem vos escreve deste lado, por favor) – para aqueles que estavam lá especialmente para os ver. 

Contudo, o grande concerto da primeira noite do NOS Alive ficou a cargo de Stromae. O cantor e produtor belga lembrou e confirmou porque é um dos artistas mais fascinantes e criativo dos dias de hoje. Pop vanguardista multigénero, electrónica pós-moderna capaz de quebrar barreiras estilísticas e sociais, pronta a contagiar toda as pessoas a quem chegar (e queremos que chegue a tantos quanto der). É isso a música de Stromae, e para quem ficou no palco NOS após o término do concerto dos The Strokes, acabou a ver aquele que terá sido um dos melhores concertos de sempre do palco principal do festival lisboeta. 

Acompanhado por um quarteto de músicos em palco e uma energia e generosidade sem igual – até falou num português praticamente perfeito com o público em momentos –, Stromae revelou-se um artista com o cuidado de trabalhar para que tudo em palco seja uma experiência. Os visuais eram imersivos, os adereços um complemento perfeito para a sua música, a sua interação com o público digna de uma estrela que merece salas esgotadas (e como adoraríamos um concerto em nome próprio do artista) a cantar a altos pulmões as suas canções. O espectáculo dado por Stromae foi, para simples e eficiente resumo, uma festa tremenda, incentivada pelo próprio, situada muito em torno do seu mais recente trabalho discográfico, Multitude, de onde foram retiradas faixas como “Santé” ou “L’Enfer”, apresentadas com grande qualidade ao vivo. 

Todavia, Stromae não esqueceu os clássicos, e faixas como “Papaoutai” ou “Alors On Danse” foram recebidas pelo público com grande êxtase, ajudando a que elevasse – e muito – a fasquia para os concertos que ainda vão ocorrer na restante edição de 2022 do NOS Alive. No final, ainda houve tempo para uma versão especial a capella de “Mon Amour”, que terminou o concerto com grande nota positiva. Impossível não sair dali com um sorriso de orelha a orelha e com o pensamento de que, mais uma vez, a música é uma linguagem universal. Mais artistas como Stromae no mundo, por favor.

O NOS Alive prossegue hoje (7) com o segundo dia do festival. Nos destaques incluem-se Rita Vian, Pedro Mafama, Jorja Smith, Nilüfer Yanya e Florence + The Machine


https://twitter.com/JustAZilenial/status/1544982537117859841

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