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Fotografia: Elisa Maciel
Publicado a: 16/11/2024

Uma voz refrescante na nova cena brasileira.

No Pique de Dora Morelembaum

Fotografia: Elisa Maciel
Publicado a: 16/11/2024

Fiquei por um tempo tentando encontrar algum tipo de nomenclatura para encaixar a musicalidade de artistas brasileiros que não se enquadram na calejada música popular brasileira, muito menos no que andam chamando de nova MPB. Dora Morelembaum concorda que o tipo de música que ela e artistas como Ana Frango Elétrico, Sophia Chablau e Céu — além de muitos outros — não se encaixam na MPB por não conter apenas elementos que refletem essa identidade.

“É necessário que alguém crie essa categoria, porque também não acho que a música que eu faço seja uma nova MPB porque tem diferentes camadas”, observa. “Poderia até considerar que faço um soul-jazz”.

Ex-integrante do Bala Desejo, grupo vencedor do Grammy Latino de 2022 na categoria de “Melhor Álbum Pop em Português”, a cantora e compositora iniciou uma turnê na Europa no dia 30 de outubro em Estocolmo, passando por Copenhaga, Hamburgo, Bruxelas, Paris, Barcelona e Londres, encerrando amanhã, 17 de novembro, no Musicbox em Lisboa. Tocando com uma banda reduzida, ela faz os primeiros concertos oficiais de Pique, o seu álbum de estreia. A conexão com públicos que não têm a língua portuguesa como nativa acontece a partir da linguagem universal da música.

 “Acho que varia muito da situação que a gente tá tocando”, conta ao Rimas e Batidas. “Geralmente, no verão a galera está mais sedenta por esse tipo de interação”. Depois de cumprir a agenda no velho continente, ela começa a tour pelo Brasil, sendo São Paulo a primeira parada.

Tão amplo quanto o seu título, Pique explora vertentes do indie, jazz, funk, soul e disco para falar de amor. De início o plano era outro, mas no final todas as composições se direcionavam para o mesmo caminho. A construção lírica teve a colaboração de Tom Veloso, Sophia Chablau e Zé Ibarra. Já na produção, ela convidou a também cantora, compositora e produtora Ana Frango Elétrico. “As bases a gente conseguiu fazer em uma semana, mas para concluir tudo com os instrumentos complementares e voz foi quase um ano de produção”, diz Morelembaum, que ressalta que a diferença entre fazer música em grupo e solo está na tomada de decisões. A solo, ela tem mais liberdade para explorar e fazer algo um pouco mais experimental.

É possível observar essa viagem na estética e na forma que Dora interpreta com uma voz doce e pulsante. Não existe monotonia. São muitas cores e sabores que se fundem para criar algo que não é possível definir. A influência de Ana Frango Elétrico é notável, bem como as referências que ouviram durante a feitura do disco, incluindo Erikah Badu e D’Angelo. Por essa profusão não cabe em apenas uma caixa (nesse caso, o da nova MPB). Isso também mostra que Dora Morelembaum tem muito a explorar para instigar e contribuir para que seus contemporâneos modernistas da música brasileira sejam reconhecidos e ganhe um trilho que o desvincule do que é considerado tradicional. 

Pique é editado pelas editoras Coala Records (Brasil) e Mr Bongo (resto do mundo), podendo ser escutado no digital e adquirido também em CD e vinil.


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