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Fotografia: Hugo Sousa / gnration
Publicado a: 26/03/2024

O espectáculo sensorial e imersivo da dupla passou por Braga.

Nik Colk Void & MAOTIK no gnration: somos

Fotografia: Hugo Sousa / gnration
Publicado a: 26/03/2024

Da escuridão nascem os primeiros sons. A seguir, fez-se luz. Tão bela. Estamos sentados, ou assim acreditamos. Há todo um cosmos que se movimenta em nosso redor. Uma máquina emite vermelho, à frente rangem notas de um violoncelo comandado por Ute Kanngieβer, encadeiam-se com os movimentos das luzes, desenhadas por MAOTIK, em vários síncronos dopplers, quebras; reinícios; quedas de uma outrora melodia, impressa numa massa infinita de partículas regidas por Nik Colk Void.

Há, no Ser Humano, a tendência para acreditar que qualquer viagem no tempo, abolida da matéria, será refém de uma complexa tecnologia ainda por revelar às nossas capacidades. Bebemos da sabedoria da física quântica a cautela do impossível que é ser um vector de luz sem o descarnar da existência ao fotão. No entanto, o prematuro calor de Março ficou lá fora, tal como o tempo e a matéria. O movimento, que há um momento se adjectivava como nosso, embala-se sensorial, onde o eu, sujeito, deixou de ter início e, por consequência, fim. 

Somos a cápsula que encerra o Universo e, dentro do útero vos escutamos no quotidiano fratálico. Num momento morre, decompõe-se. No mesmo gesto renasce no próprio miasma sonoro. Somos a escuridão para que haja luz. Somos reflexo para que haja forma. Partícula para que haja a união. Valência para que aconteça espaço. Sombra para que sobre a cor. O séssil para sonharmos movimento. O nada absoluto. 

Assim se arquitetou esta aventura magnífica sensorial, imersiva, encomendada pelo gnration, Culturgest, Festival Tremor e Madeiradig, à britânica Nik Void e ao francês Mathieu Le Sourd (aka MAOTIK), que de forma simbiótica criaram uma das mais surpreendentes e belas peças de arte que tivemos a sorte de poder assistir no passado sábado, 23 de Março, na sala de espectáculos de Braga.

O lugar à descoberta e à existência de outras dimensões não estarão dependentes de titãs de complexidade. Não é necessária uma crença ou elaborado sacrifício à chegada de outros lugares, belos e aqui tão perto.


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