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Publicado a: 13/07/2017

New Power Generation com Bilal no SBSR: a celebração de um génio

Publicado a: 13/07/2017

[TEXTO] Rui Miguel Abreu [FOTOS] Inês C. Monteiro

Bilal é uma criança dos anos 80 e deveria frequentar o ensino primário quando alguns dos maiores clássicos de Prince lhe alimentavam delírios de futuro a partir de uma então toda-poderosa MTV. Nada que o impeça de vestir na perfeição a pele de duende sexy que se expressa em falsete como se fosse essa a voz dos anjos (bem, neste momento é pelo menos a voz de um anjo, ainda que apenas daquele paraíso que tem um céu púrpura).

O concerto da New Power Generation – histórico colectivo que se estreou ao lado do génio de Minneapolis em 1990 e que com ele gravou Hit n Run Phase Two, o seu último registo antes do seu precoce desaparecimento – é, claro, de uma competência superior. Curiosamente, os NPG são descritos na sua entrada de wikipedia como “a band that plays funk”. Verdade. Mas este é o tipo de funk híbrido que admite espaço para baladas soul das mais açucaradas às mais profundas, para delírios rock projectados a partir dos ensinamentos de Jimi Hendrix e para absurdos psicadélicos herdados dos Parliament / Funkadelic.

 


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Claro que se sente aqui falta do pulso do gigante púrpura. Mas Bilal é ele mesmo um veterano com pergaminhos mais do que justificados. E cumpre com distinção, como tão bem se percebe em “Kiss”, embora não esteja sempre em palco, com alguns dos temas a serem delegados a outras vozes. Como aconteceu, por exemplo, com o enorme “Sign o the Times” que foi interpretado por Kip Blackshire, ou com “Uptown” e “Raspberry Beret”, temas que trouxeram ao palco o lendário Andre Cymone, o homem que nos anos 80 gravou os álbuns Livin’ in the New Wave e Survivin’ in the 80s que são a cartilha por onde Dam-Funk aprendeu a “ler”.

Uma palavra ainda para a “surpresa” de Ana Moura que interpretou “Little Red Corvette”, uma das mais perfeitas criações pop de Prince Rogers Nelson, não abdicando do seu “suingue” particular, metendo uns pózinhos de Mouraria naquele tesourinho americano. Lindo, como já tinha sido no Meco, quando Prince se apresentou no Super Bock Super Rock e tocou fado para a diva portuguesa.

 


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Há momentos de absoluto brilhantismo minimal nesta banda, que consegue soar como um insistente martelo pneumático, só que infinitamente mais sexy: insistente, suada, insinuante, mecânica, perfeitamente oleada. Baixo e bateria, guitarra e dois teclados bastam para impor a festa. As luzes ajudam, claro, mas é a música, aquele reportório absolutamente superior e ímpar, que nos agarra e não nos larga. Quando do palco se pergunta “Let’s go Crazy” é impossível ficarmos parados porque esta música tem mesmo o poder de alterar as leis da física e tornar maleável o que é rígido, móvel o que é imóvel. Já se criaram religiões por muito menos…

O final do concerto não podia ser outro e “Purple Rain” banhou os largos milhares que trocaram a hora de jantar por um repasto muito melhor banhado em luz púrpura. E um gajo ouve este tema e só se quer baptizar, desde que numa igreja que professe amor universal e tenha hinos que sagrem “sexy mfs” que cheguem às cerimónias em pequenos Corvettes vermelhos. Sim, sou crente. Viva Prince!

 


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