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Chegou o novo álbum de Nelson Freitas, o sétimo de originais na sua carreira em nome próprio. Black Butterfly é um disco que representa um certo “ponto de viragem” no seu percurso, sendo a borboleta um animal que ilustra precisamente essa metamorfose, embora os elementos que compõem a sua essência artística se mantenham.
Com uma dúzia de faixas, o novo trabalho do cantor de origem cabo-verdiana, nascido e criado nos Países Baixos, centra-se no afrobeat. “Não é algo muito distante daquilo que eu já fazia”, explica em entrevista ao Rimas e Batidas. “Tem muito a ver com a minha essência e nos discos que fiz nos últimos anos já tinha uma ou duas músicas com este estilo.”
Dá o exemplo de “Set Me Alight“, um dos seus temas mais badalados, que serviu para testar as águas e comprovar que existia uma apetência por um Nelson Freitas mais próximo destas sonoridades calorosas que se tornaram música pop global nos últimos anos. “Quando fiz os primeiros temas assim, o mundo ainda não estava preparado. Quando percebi que já estava, parei, estive dois anos a fazer o disco e decidi entrar com tudo.”
Nelson Freitas conta como nunca faz pausas entre álbuns, mas que para este sentiu essa necessidade, o que o leva a considerar este disco como distinto, de alguma forma. “Sempre que faço um disco é um fresh start, mas este é mais porque, pela primeira vez, fiz uma pausa de fazer música. Decidi parar, para fazer um recap e pensar: o que é que vou fazer agora?”
Foi nessa fase que foi convidado para participar num writing camp em Cabo Verde, onde o objectivo seria compor músicas para outros artistas. “Normalmente não o faço, até porque nem tenho tempo. Mas decidi ir, e foi onde conheci o Daecolm Holland, o Arrow Benjamin, o Teddy Riley, e organicamente começámos a trabalhar juntos neste meu novo disco. Tivemos uma química, não só na música mas também fora.”
Outros dos que se juntaram entretanto ao disco são Ozedikus Nwanne, J.Sol e Mohombi. Todos são nomes relativamente anónimos, mas são letristas e compositores que têm trabalhado com algumas das maiores estrelas mundiais da música, como Michael Jackson, Beyoncé, Chris Brown ou a estrela do afrobeat Rema. Para este trabalho, Nelson Freitas colaborou ainda com o nigeriano Kel-P em “Satisfy You”; e com o rapper Loreta, que co-escreveu um dos temas, “Stay Away”.
Habituado a escrever e a compor sozinho, o processo criativo foi obrigatoriamente diferente, levando a resultados que nunca poderiam ser alcançados a solo. É o próprio Nelson Freitas quem o diz, dando exemplos como “OG Energie”, “Only U” ou “Nightcrawler”. “Nunca ia pensar nessa música sozinho, acho que é a mais diferente deste disco”, diz sobre esta última faixa.
“Normalmente escrevo tudo sozinho, e neste processo chamei outros writers para estarem comigo. Pedi-lhes para ouvirem as minhas músicas antigas e dizerem-me como é que achavam que me podiam complementar. E foi com esse feeling que fomos para o estúdio e calhou bem”, conta. “Eu já fiz muito, já escrevi muito para mim e para outras pessoas, por vezes chegas a um ponto em que pensas: vou escrever mais o quê? Precisava desse input e eu complementava as ideias deles.”
O primeiro tema que surgiu, e que acabou por originar o álbum, foi precisamente o single “Black Butterfly”. “Representa a mudança, a evolução, e foi isso que senti neste disco. Então decidi dar-lhe o mesmo nome. Estou mais maduro, é um ponto de viragem, numa altura da minha vida em que já fiz sete discos. E fazer uma viragem nesta fase… Tenho uma música que fala sobre isto: ‘When I step up in the place / Ain’t no amateur / OG Energie but a new start / Fresh til’ today‘.”
Embora Black Butterfly tenha acabado de sair esta sexta-feira, 23 de Fevereiro, o inquieto Nelson Freitas já antecipa o seu próximo projecto, que tem estado a ser cozinhado. “O próximo já tem 10 músicas”, revela. “Estou na mesma vibe, mas de formas diferentes”, deixa no ar.
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