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Publicado a: 28/11/2016

NBC: “Nunca é tarde para mudar”

Publicado a: 28/11/2016

[ENTREVISTA] Alexandra Oliveira Matos [FOTOS E VÍDEO] Luís Almeida

Já lá vão oito anos desde que NBC lançou Maturidade. Pelo meio, o EP Epidemia, em 2013. Um caminho já longo em que temos visto o músico utilizar todas as suas raízes e extensão vocal para chegar até este Toda a Gente Pode Ser Tudo. Lançado no digital a 15 de Novembro, o álbum tem sido ouvido por mais pessoas do que aquelas que habitualmente escolhem o hip hop. NBC tem constatado isso com felicidade, mas também com vontade de fazer mais. O “cidadão normal” que nos grita “acorda” quer vincar a posição dos miúdos dos anos 90 que começaram a fazer música como podiam e que agora estão a provar que também eles enchem espectáculos, em português.

A escassas horas de podermos adquirir o CD em formato físico, NBC esteve à conversa com o Rimas e Batidas e contou como tem ouvido e absorvido o feedback ao seu novo álbum, com o selo da BigBit.


O lançamento do novo ábum foi a 15 de Novembro, dia de aniversário do irmão Black Mastah e do lançamento da música “Espelho” em linguagem gestual, como foi este dia?

Foi um dia muito igual aos outros. Os dias que antecederam esse dia sim, foram dias muito preocupados para que as coisas pudessem correr bem uma vez que isto envolve muita gente e muito trabalho. Basicamente, foi só ter a certeza de que o nosso trabalho iria ser cumprido na íntegra, para que o álbum pudesse estar online para que toda a gente pudesse ter acesso. Isso foi a preocupação nesse dia. Os dias que antecederam foram de preocupação e de dormir pouco e de alguma ansiedade porque, de facto, cada passo destes é um passo gigante para todos. Há muita gente envolvida e muito trabalho envolvido.

Como foi todo o processo até chegar ao produto final?    

Foi muito trabalhoso. Foram dois anos e qualquer coisa de trabalho quase diário ou diário.  De estúdio às nove da manhã, estúdio ao meio dia, estúdio às duas da manhã, estúdio às quatro da manhã. Portanto, com estes horários todos alternados, a tentar que no estúdio estivesse toda a gente que queríamos. Basicamente foi uma questão de coordenação mais do que tudo o resto, porque cada pessoa tem a sua agenda e às vezes é difícil coordenar tantas agendas de músicos. Acho que na altura do verão foi a fase mais difícil de fazer o disco. Para termos o disco agora foi uma grande correria para mistura e masterização, foi bastante difícil.

Antes de tudo isso houve o processo criativo. Como é que foi?

O processo de criação vem a acontecer desde 2009. Depois entrei no processo de programação do EP (Epidemia), mas nessa altura já estava a escrever para este disco. Já há muito tempo que estou a escrever para este disco! Algumas coisas caíram, outras ficaram. Os temas que ficaram são aqueles em que participa o Dino. Foram temas que eu tinha escrito, mas que na altura ainda nem tinha pensado que seria ele a fazê-lo, seria eu porque era uma ideia que eu tinha de fazer algo mais blues no disco. Depois achei que seria curioso pôr um Dino a fazer uma coisa que tinha mais a ver com esse espírito e ao mesmo tempo também para criar outras ligações musicais dentro de um disco que já tem tantas ramificações, digamos assim. Foi essa a minha ideia enquanto criador, enquanto criativo deste disco que supostamente as pessoas poderão colocá-lo dentro do espaço do hip hop, mas que é muito mais do que isso. Porque nem sequer é essa a minha vontade de que ele seja rotulado de que maneira for. Estamos aqui, Rimas e Batidas, efectivamente. Porém, é um disco muito mais abrangente e foi com esse intuito que comecei a escrevê-lo. Que fosse um disco aberto, fosse um disco que levasse à compreensão, até mesmo de pessoas que estão ligadas ao género, de que há muito espaço de exploração musical e muitas vezes isso não acontece.


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Consideras que este disco revela efectivamente o músico que realmente és e aquilo que queres fazer na música?

Não sei se este disco fará isso. Acho que o Maturidade já fez isso, o Epidemia também. O que acontece é que de facto, a chegar a 2016, temos um grupo coeso de trabalho que tem como BigBit a nossa casa mãe e que nos eleva para este espaço, agora contemporâneo, onde nós podemos falar mais alto, até porque agora também temos plataformas que nos ajudam a dar esse salto mais alto, podemos dizer ao mundo que estamos aqui, que temos mais plataformas de acesso. É mais isso. Porque, por exemplo, se o Epidemia fosse um disco era tão abrangente quanto este. Só que o Epidemia apenas não foi um disco, é um EP. Mas tem músicas como “Neve”, o “Mudar o Castigo”, “Acreditei”, temas que podiam perfeitamente estar neste disco. De algum tempo a esta parte que tenho vindo a fazer este trajecto. O que acontece é que é um trajecto, não diria inglório, para não usar um termo tão depreciativo, mas é um trabalho que tem a dificuldade que é, se formos fazer essa análise, em Portugal não consegues ter outro artista que tenha esta característica. E é isso que faz com que depois tenhas mais dificuldade em fazê-lo chegar a mais pessoas. Não tens mais pessoas a fazer assim, não desta forma assim. Artistas cantores de hip hop ou rap a fazerem rap e que cantam ao mesmo tempo e que cruzam blues e que cruzam outras coisas. Não há no ativo mais pessoas a fazê-lo. Por isso é que é mais difícil conseguir aceder a certos espetáculos. Existe uma determinada formatação para concertos e um determinado tipo de público que está preparado para ouvir certo tipo de coisas e depois quando aparece uma pessoa um bocadinho diferente é sempre mais difícil. É só mais por isso que tenho alguma dificuldade em chegar às massas.

Foi no fundo pelo hip hop que começaste, mas julgas que foi esse “rótulo” que dificultou o teu caminho?

Não acho que haja dificuldade nenhuma. Da mesma forma como tens Jimmy P, Sam The Kid, Mundo Segundo, Dillaz. Se tivesses NBC, não sei quem, não sei quem, não sei quem, a fazer todos o mesmo género, os caminhos estariam todos mais abertos. Agora, por acaso, poderá haver um Slow J, que é o mais parecido que eu vejo com a minha sonoridade. Terás de ter um Slow J e mais umas quantas pessoas que façam esta mescla para que existam mais pessoas que estejam mais absortas e preparadas para aquilo que queremos dizer. Nós não queremos dizer nada diferente dos outros, apenas temos uma musicalidade que é ligeiramente distinta dos outros. O hip hop é o meu género de música e irá ser sempre pelo menos enquanto apreciador. Enquanto músico acho que para um país como o nosso, em que a nossa raiz musical é tão mais profunda do que aquilo que nós consumimos da América, temos raízes que vão desde a África à Ásia. Portanto, não aproveitar isso acaba por nos tornar mais pobres. Nós somos músicos. Nós temos o fado, temos a música portuguesa que advém do fado e não só. Porque não misturar isso? O Sam the Kid, uma das suas conotações maiores, de maior conhecimento do público, foi o facto de ele ter misturado guitarra portuguesa com música urbana. Foi uma das grandes chaves do Sam the Kid enquanto produtor, pelo menos. E todos os media falaram disso, porque ele mesclava música portuguesa típica com música urbana contemporânea. E porque não fazer isso também enquanto cantor, enquanto escritor? Eu sou apreciador de tantas outras coisas feitas em Portugal que vai desde Trovante, a Heróis do Mar e Xutos e Pontapés. Isso faz parte da minha raiz musical também. Isso tem de estar inserido naquilo que eu faço. Se bem que cresci também a ouvir muita música americana dos anos 70, mas também muita música portuguesa da mesma época.

“Não quis abrir mão de ser um cidadão normal”. Mas o NBC é um cidadão normal?

O NBC é um cidadão normal. Um cidadão que tem de pagar contas como toda a gente tem que pagar, que tem filhos para levar para a creche e essas coisas todas que muitas vezes fazem com que tu próprio te dificultes. Crias uma prisão da qual não consegues sair porque se tens uma casa para pagar, se tens contas para pagar vais ter que arranjar meios para que haja entrada de valores. Portanto, sim. Fui um cidadão normal durante bastante tempo, tinha outro trabalho, tinha que cumprir horários desse trabalho. Sim, fui um cidadão normal durante bastante tempo infelizmente. Ou felizmente! Foi isso que também me criou metodologia de trabalho em termos de horários, por exemplo. É necessário haver disciplina e foram esses trabalhos que tive que me permitiram criar essa disciplina.



Há alguma faixa mais especial neste álbum?

O “Acorda” é um single que tem a sua raiz naquilo que gostaríamos de transmitir às pessoas à partida. Mas o álbum tem imensas músicas que para mim são até mais fortes do que o “Acorda”. O “Unidos” é capaz de ser das minhas músicas preferidas, tal como o “Arma” ou o “Nativo”. O “Unidos” que conta uma história que é efectiva para toda a gente, ou seja, se nós não formos unidos enquanto grupo, seja na música ou noutra coisa qualquer, nunca vamos conseguir vencer. Até na política, até socialmente. Recentemente vi um letreiro na rua que dizia: é mais fácil um milhão de pessoas irem para a rua manifestarem-se quando o Benfica ganha do que por outra coisa importante socialmente. Portanto, é esse tipo de união que não existe e por isso vemos situações a acontecer pelo mundo fora, não querendo particularizar agora os Estados Unidos, porque deixamos avançar situações por falta de união. O povo não é unido. O “Nativo” é uma música que fala da minha vida, onde nasci e o que tive de fazer para chegar aqui. E o “Arma” é um tema que fala sobre guerra, da qual sou completamente contra. É a minha música preferida, é a faixa número sete. Tal como coloquei o “Homem” como faixa número sete no Maturidade, coloquei o “Arma” pelo mesmo sentimento que ela me transmite. A última faixa, em que entra o meu pai, tem esse sentimento maior. Por ser o meu pai e por ele também contar a história dele. No fundo, sintetiza aquilo que o disco é. Que toda a gente pode ser tudo.

O Toda a Gente Pode Ser Tudo é no fundo uma lição que queres transmitir. Mas no álbum consideras existem ferramentas para se ser ou começar a ser o que se quer ser?

Tal como um filme ou um livro, desde que não seja um livro efectivamente de ferramentas, todos eles não são mais do que ficção sobre alguma coisa para que nós que estamos a lê-lo ou a ouvi-lo possamos interiorizar esses sentimentos e a partir daí criarmos uma bola de neve em nós próprios para podermos fazer alguma coisa. Foi o que aconteceu comigo! A música que eu ouvi nos anos 80 é que fez com que eu tivesse vontade de ser músico, porque ouvi coisas de outras pessoas com que me identifiquei. Por isso, o meu disco é apenas um disco de identificação para com o outro. De dizer que tal como eu tu também podes fazer coisas. As ferramentas são todas aquelas que o mundo fornece. Tens todas, hoje até mais do que tínhamos na altura. Nos anos 90, quando fazia os meus discos, comprei um gravador de pistas, gravei o meu disco em casa com um microfone que até era de palco. Comprei um gravador para gravar de um lado e do outro, fiz as fotocópias, prensei nos CDs, vendi em vários sítios tal como na Carbono. Foi esse trabalho que tive de fazer, ninguém me ensinou. Tive de fazê-lo por mim. Eu só estou a mostrar às pessoas que é possível. Hoje em dia então ainda mais fácil é. Inicialmente pode haver alguma dificuldade, mas com o tempo e com essa metodologia de trabalho e vontade acérrima de fazer algo sério as coisas vão acontecer. Não é só fazer hoje e amanhã não ter mais vontade e agora vamos fazer outra coisa. Podes fazê-lo também, mas vais é ter que saber que começarás sempre da estaca zero. Nós para criarmos uma timeline da nossa vida em termos de projeto temos que projetá-lo a 10 anos, a 15 anos. Eu estou há 22 anos neste processo. Se estive sempre contente? Obviamente que não. Tive muitos dias de tristeza profunda. Mas a ideia é a querermos demonstrar às pessoas que isto é, de facto, muito difícil, mas o nosso objetivo é de melhorarmos enquanto pessoas para podermos passar também aos outros que podemos melhorar o mundo um bocadinho.

Qual tem sido o feedback das pessoas?

O feedback das pessoas a que já estávamos habituados tem sido positivo e tem sido excelente. Mas tem sido ainda mais interessante perceber que há pessoas muito mais de fora que estão a reagir de uma forma que nós, enquanto grupo de trabalho, não estávamos à espera. De facto poderá dizer-se que é um disco mais adulto e que toca a outra camada de pessoas. Pessoas entre os 30 e os 35 anos que estão a ouvir o meu disco e se estão a identificar com ele. Novamente, será necessário que outros artistas façam música para pessoas de 30, 35 anos que também querem ouvir música dentro do género e não têm hipótese. Tenho falado com várias pessoas que estão dentro da minha faixa etária que se desligaram porque não se identificam, porque continuamos ainda a achar que o hip hop é uma coisa que só os miúdos é que podem ouvir e só os miúdos é que podem fazer. Mas esses miúdos todos já cresceram e a maior parte das pessoas que o faz e que o fez desde o início e se mantém, como eu, o Samuel (Sam the Kid) e outros mais, já estão perto dos 40 anos. E nós queremos fazer música para pessoas que também já tem uma outra vida, mas que querem estar perto deste género de música. Porque, de facto, nunca é tarde para mudar a tua vida, nunca é tarde. Se este disco tivesse outro título se calhar seria isso mesmo: nunca é tarde para mudar. Foi o que aconteceu comigo! Eu mudei ainda há pouco mais de dois anos a minha vida toda para ser uma outra coisa completamente diferente. Exactamente por isso é que o disco tem este nome.

Há algum comentário ao disco de que tenhas gostado mais?

Sim, vários. A Visão disse que me comparava com outros artistas como D’Angelo, Frank Ocean. Mas dizia também que aqueles são americanos e “o NBC é nosso”. Isso é interessante de perceber. Que as pessoas já têm uma ligação com este artista e que não estão a compará-lo com outros a dizer “ele poderia fazer mais como aquele”. Levei muito tempo com essa coisa de “se fizesses mais parecido com não sei quem isto poderia funcionar melhor”. É bonito perceber que as pessoas já começam a ver que eu tenho a minha identidade e que não me quero colar a ninguém, quero criar só um caminho que é o meu. Mas todos os media escritos têm estado a dar assim dicas muito interessantes e em que se vê que havia alguma ansiedade na espera deste disco. Já estávamos há dois anos a lançar singles, desde o “Dois”, o “Gratia”, o Espelho. Foram singles também como muita força e agora verem que, de alguma forma o resto do disco não foi forjado. Não foram só aqueles três singles, qualquer um dos temas podiam ser singles. É exactamente isso que tenho estado a percepcionar de todas as mensagens que me têm estado a enviar em privado. Acho que ainda não houve 10 pessoas a escolherem a mesma música. Toda a gente escolhe as músicas mais diversas do disco, toda a gente. Falei com o Valete, escolheu o “Nú” como a música predilecta dele. Tive várias pessoas a escolher músicas tão diversas quanto isso. E tem sido curioso. Como hoje em dia já não se vê um disco assim é interessante perceber que as pessoas estão a ouvir um álbum de 15 faixas e que estão a gostar de ouvir um disco novamente. Tive o Harold, dos GROGnation, a ligar-me e a dizer que tinha achado interessante a forma como o meu disco tinha sido construído numa perspectiva de início e fim. E é isso que tens, o intro e o outro. E no meio tens uma coisa meio circular que te faz chegar de um ponto ao outro. Eu sou do tempo em que se criavam discos com este formato e não era só compilar umas músicas e já está. Apesar de os singles terem saído durante estes dois anos, foram todos eles pensados para o sítio exacto onde vão estar no disco. E é interessante perceber que uma nova geração de músicos está a ouvir o meu disco e a pensar: era isto que eu gostava de ter feito e ainda não consegui fazer, mas através deste disco vou aprender como se faz. É essa passagem de testemunho que estamos aqui a fazer.


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O teu filho já percebe aquilo que queres dizer. Qual foi o feedback dele?

O meu filho já conhece o disco todo de trás para a frente, já conhece as músicas todas. Eu não preciso que ele diga nada. Eu só preciso de que na escolha musical dele esteja repercutido o sentimento daquilo que eu pretendo. O sentimento de que a música tem que ser tratada de uma outra forma. Esta loja, a Carbono, trata da música como eu acho que deve ser tratada: temos os discos de vinil fechadinhos, bem tratados, os CDs com capas. É assim que temos de continuar a música, com cuidado. Por isso é que no dia em que saiu o álbum eu fiz um post e pedi que as pessoas fossem ouvir o disco quando tivessem tempo, sem pressa e que o fizessem com headphones de preferência. Que não o fizessem no telemóvel ou com aquelas colunas de computador que podem dar cabo de um disco. Tive várias pessoas que me ligaram a dizer “peço desculpa porque ouvi o disco a correr, tinha ouvido o disco uma primeira vez e não gostei nada, mas agora é que parei mesmo para ouvir e gostei muito”. Por isso é que eu disse para terem calma, têm o tempo todo, podem dar-me opinião em fevereiro ou março. E as pessoas até o têm feito e tem sido muito interessante. O Valete, por exemplo, tem o disco no carro, tem ouvido com frequência e disse-me que já há muito tempo que não ouvia um disco duas vezes. Também há quem já me tenha perguntado se eu tenho a noção de que isto poderia ser um disco que marca um antes e um após Toda a Gente Pode Ser Tudo. Têm tido assim equações que eu tenho absorvido. Se era isto que eu ambicionava? Era, era isto que eu ambicionava já há muito tempo. Não sabia que podia ser um disco a esta escalada, mas se fizer este trabalho, se puder ser assim só quer dizer que nós todos estamos a contribuir para uma música melhor. A música portuguesa está a pique, tens os festivais carregados de bandas portuguesas. Os meus filhos cantam Mariza, cantam fado, todo ele, e outros géneros também bons, sem contar com o Mundo, o Sam, o Valete que nós já sabemos. Estamos na melhor posição para deixarmos aos que vêm a seguir a continuação disto. Foi o que não aconteceu nos anos 90 e andámos ali a marinar e a ir por caminhos diferentes, a cantar em inglês e essas coisas todas. Nada contra, mas efetivamente isso não vai criar aquilo que nós pretendemos. E o que nós pretendemos é que a língua portuguesa seja a bandeira e a chave para abrir portas para novos mundos. É isso que eu pretendo e foi para que batalhámos, eu e outros artistas do hip hop nacional. Lutámos sempre por várias coisas e uma delas foi para que a língua portuguesa fosse sempre a nossa mãe, mais do que tudo. E depois, em alguns programas a que tenho ido, eu não faço playback. Posso levar o back in track, mas canto sempre ao vivo. Seja às dez da manhã ou às duas da manhã. Foi assim que eu fui ensinado a fazer e é assim que nós temos de passar a mensagem sempre. São três ou quatro coisas que estão inerentes a um género de música que durante um tempo se achou que era de miúdos que estavam na brincadeira, mas que agora quando se vai a um espetáculo de faculdade e vês 10 mil ou 15 mil pessoas para ver um Sam, um Mundo ou um Valete ficas a pensar. As pessoas que contratam para concertos e que agora dizem “eu sempre soube”, na verdade nunca o disseram. Fomos nós, sem nenhum grande apoio, fomos nós que todos os dias tivemos de fechar portas e dizer não a pessoas porque o nosso objectivo era este.


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E agora, o que vem aí para o NBC?

Não sei, ainda não sei dizer. Tenho muitas ideias em termos do que quero fazer. Vou ter de gerir agora o meu sentimento enquanto artista de querer fazer imensas coisas, tal como eventualmente um disco acústico que gostava de fazer, tal como quero fazer um disco de blues e uma série de outras coisas. Mas temos que gerir as coisas com alguma ponderação, até porque temos um grupo de trabalho, temos a BigBit que é a nossa editora actualmente. O futuro, não sendo uma incógnita cá dentro, porque eu sei o que quero fazer, mas como a união faz a força temos de ver o que é melhor para toda a gente. Vamos trabalhar no melhor para toda a gente.

Muitos concertos?

No ano passado ainda nem sequer tínhamos disco e foi um ano carregado de concertos. Por isso, esperamos que este ano seja ainda mais cheio. Tocámos por todo o Portugal, ainda estive no Brasil. Este ano gostava muito de tocar muito mesmo. Quero muito mostrar este disco ao vivo, quero que as pessoas assimilem o disco, oiçam o disco e cantem comigo do início ao fim.

Já existe alguma data?

Estamos a preparar o concerto de apresentação minuciosamente com a banda toda. Vamos dar ainda mais um espacinho e no início do próximo ano vamos fazer uma apresentação em condições.


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