Ele é um dos nomes mais históricos do hip hop brasileiro, mas só agora se prepara para se estrear em Portugal com um concerto. É já este sábado, 27 de Setembro, que MV Bill se apresenta no Lisboa Ao Vivo, a partir das 21 horas. Os bilhetes estão à venda por 25€ (mais taxas) e o evento é promovido pela Hip Hop Sou Eu e a delegação local da CUFA, a Central Única das Favelas, a organização que o artista ajudou a criar e que se transformou numa rede em todo o Brasil — mas também fora — para empoderar as pessoas das classes pobres e ajudar a transformar as suas vidas.
MV Bill chega a Portugal com um álbum relativamente recente na manga, Na Visão do Morador, onde apresenta um rap maduro e graúdo que comenta o que se passa à sua volta — a mudança, desde o início do seu percurso na viragem dos 80 para os 90, é mais interior do que externa. Apesar dos progressos que também existiram, muitos dos problemas sociais persistem. O contexto do observador e narrador é que é outro — e é essa perspectiva de um homem que continua a morar perto do sítio onde cresceu, o famoso bairro Cidade de Deus no Rio de Janeiro, que podemos encontrar neste álbum editado no ano passado.
O rapper, porém, adianta ao Rimas e Batidas que será naturalmente um espectáculo que irá percorrer toda a sua discografia. MV Bill irá actuar com banda, numa noite que também conta com performance de Kmila CDD. É o pretexto para uma conversa da nossa revista digital com este rapper, activista social, escritor, argumentista e actor que tem feito um caminho muito seu, com impacto em diferentes áreas.
Estás ansioso pela estreia em Portugal, finalmente, passados tantos anos de carreira?
Cara, demorou bastante para chegar o nosso momento, mas eu nunca tive afobação, desespero para chegar. Sempre imaginei que fosse chegar um momento no qual eu tivesse um convite bacano para poder participar. E já existiram convites anteriores, só que não os considerei boas situações. Então acho que hoje o meu trabalho também está mais amadurecido, acho que vai ser um bom momento para a gente se encontrar.
E tendo em conta que é uma estreia, vais acabar por tocar músicas de toda a tua carreira, ou vais-te focar mais neste último disco?
Como é um lugar que eu nunca fui, em que nunca toquei, e há fãs que me acompanham desde o início da carreira, a tendência acaba sendo atrair um público um pouco de mais idade, mais maduro. Então eu tenho que tocar, com muito prazer, as músicas mais antigas, que marcaram mais a minha carreira. Mas isso também abre espaço para tocar uma ou outra não tão antiga assim, ou uma que eu acabei de lançar… Mas a base do show vão ser mesmo as músicas mais antigas.
Também acredito que olhes para essas músicas hoje com carinho, porque é o teu início, e são as músicas que muitas pessoas ainda hoje mais cantam e ouvem. Muitas delas também são intemporais, continuam relevantes nos dias de hoje.
Sim, sinto muito orgulho desses sons antigos. Algumas letras dessas músicas são muito contundentes em relação a questões políticas, sociais, raciais, e infelizmente algumas coisas dessas músicas continuam ainda muito actuais. Não só no meu país, mas boa parte do mundo é repetente, repetem-se muito os mesmos erros, e aí faz com que uma mensagem escrita há 20 ou 25 anos ainda continue actual nos dias de hoje. Na verdade, essas músicas deveriam deixar de fazer parte da actualidade, da realidade. A gente deveria lembrar delas somente como nostalgia, mas infelizmente a gente tem a nostalgia do tempo, mas também da infelicidade que ainda está acontecendo.
Claro, faz todo o sentido. E, obviamente, o teu percurso e o teu trabalho, até além da música, no sentido do trabalho social, de todo esse serviço público que tens feito, também demonstra bastante bem a tua visão da cultura, do poder transformador do hip hop, mas também da arte e da música no geral. Os anos passaram, houve muita coisa que mudou na cultura e na música. Sentes que hoje também é importante afirmar essas raízes de que esta é uma cultura que tem esse poder social, para que não fique apenas num lugar de entretenimento?
Sim, nos dias de hoje, todo o mundo que está fazendo sucesso, que está nascendo do hip hop actual, qualquer uma das derivações que o rap oferece, não está muito conectado com essas questões sociais. Então, nos lugares em que participo dessas questões, eu aviso sempre. Não é porque a pessoa está envolvida com o rap, não é porque ela é oriunda do hip hop ou da favela que vai ter uma visão social, um envolvimento, um engajamento com esse tipo de causa. Mas eu, vindo desse meio, conheço muitas pessoas que também foram dessa escola e têm isso como missão de vida, de tentar melhorar a sua própria vida, fazer boas músicas e também pensar no colectivo, tentar também mudar a vida das pessoas, seja através de mensagens, de acções, de doações — nem digo doação financeira, mas doar o seu tempo, a sua atenção para as outras pessoas. Isso pode mudar vidas.
Claro, e é um trabalho contínuo que é preciso ir fazendo. Com tantos anos de carreira e tanta coisa feita — até além da música, no teu trabalho como actor, este lado mais social e activista — o que é que tu sentes que ainda não fizeste mas gostavas muito de concretizar?
Normalmente, para muitas pessoas que fazem música, às vezes a própria música já ocupa muito do seu tempo e a música já é uma coisa na qual você precisa de estar sempre evoluindo, estar sempre melhorando e chegando a novos objectivos ou fazendo o que você faz cada vez de forma melhor. Então, a música por si só, ela já toma muito tempo. E como eu resolvi ser multifacetado, como você bem disse — faço outras coisas, interpreto, tenho livros e participo em muitas feiras literárias, vou além da música rap… Então, isso para mim já é uma conquista muito grande. Eu sempre quis ser conhecido por fazer várias coisas. Como aqui no Brasil existem muitas vertentes musicais dentro de um único país, então o meio musical, o meio artístico, ele acaba sendo muito disputado também. O ouvido da pessoa jovem aqui no Brasil é muito disputado por muitas músicas, muitos artistas, muitas vertentes. Então acaba não tendo espaço para todo mundo. E eu sempre achei que eu poderia atingir outras pessoas de outras formas. Então tem gente que me conhece pela música, tem gente que foi impactada por alguma situação social, outro me conhece porque leu o livro, outra pessoa me conhece porque eu fiz uma visita numa escola. Então essas coisas, se conseguir manter isso e entregá-lo com cada vez mais qualidade, para mim já é um grande desafio e objectivo.
E também suponho que seja, por vezes, difícil ou desafiante conseguir equilibrar essas tuas várias facetas. Porque às vezes os timings da música devem estar a exigir-te coisas novas, mas depois também há o lado dos livros ou dos convites para participares num filme ou numa série. Como é equilibrar tudo isso ao mesmo tempo?
Como nenhuma dessas funções tem uma coisa mais contínua, inclusive a música… Hoje em dia estou numa fase musical e está sendo muito prazeroso gravar discos e músicas. Ontem eu estava no estúdio gravando uma música sem compromisso de nada, sabe? Só com o prazer da diversão, com o hobby de uma coisa de que eu gosto. E é muito bom poder gravar música sem um compromisso de que tem que fazer um hit, de que tem que seguir uma tendência, de que tem que estourar com alguma coisa. Isso dá uma certa libertação, poder fazer música sem ficar preso a alguma coisa que me ligue automaticamente ou directamente ao sucesso. Acho que estou muito livre, muito solto para fazer as coisas de que gosto. A música não tem um chamamento para mim. Às vezes a música não está rolando, vou e me dedico à literatura. Estou indo para o meu segundo livro a solo, o meu quinto na carreira. Aí paro um pouquinho o livro, também estou escrevendo roteiros, estou fazendo um roteiro com um amigo meu que mora aqui na Cidade de Deus. Cada coisa que me dá um espacinho, vou e ligo-me noutra e faço andar tudo.
O que é que vais abordar neste próximo livro?
O próximo livro vai ser a continuidade do último, que se chama A Vida Me Ensinou a Caminhar, que é um livro de 27 contos. Como teve uma boa aceitação, o feedback da galera foi muito maneiro, resolvi escrever a parte 2, contando outras histórias, algumas em que eu não me dei tão bem assim, mas que me ensinaram alguma coisa no final.
São experiências e histórias pessoais que vais guardando para depois influenciar ou inspirar os contos que escreves?
Exactamente. Eu estava no sul do Brasil no mês passado e fui a oito cidades inaugurar centros comunitários para a juventude, então tive contacto com vários jovens. Alguns não conheciam o meu trabalho, mas muitos conheciam e de diversas formas. Então tinha gente lá que eu conheci, adolescente, que está querendo virar escritor, escritora, porque me viu escrever, porque gostou do que eu escrevi e ficou inspirado em querer contar a sua própria história. E na nossa juventude a gente não tinha isso: alguém que fosse escritor, que morasse perto de nós, que nos pudesse inspirar também ou que fizesse um livro, que contasse histórias, que falasse e dialogasse connosco. Então eu senti ter essa possibilidade de, através do livro, chamar a atenção, ajudar e ainda criar o hábito da leitura… para mim é uma coisa excepcional.
E se calhar também ajuda a puxar algumas pessoas para esta música que vive muito da palavra, para esse tipo de rap que também é importante.
Exactamente, às vezes parece que já não existe o tipo de rap que te manda para cima, que levanta a tua autoestima, que te dá uma injecção de ânimo. Parece que não existem mais músicas assim. Parece que, se a gente for guiado somente pelo algoritmo das plataformas, só existe rap que fala do seu cordão, da sua corrente, do seu dinheiro, do seu helicóptero, da sua mansão. E não é isso. O algoritmo joga os raps que te mandam para cima escondidos. Então a pessoa tem que procurar. Por isso é que digo para todo o mundo: não aceite as playlists que a sua plataforma te manda. Crie a sua própria playlist de músicas de que você gosta. Porque se você se deixar ir pelo algoritmo, vai botar uma música que te joga para cima, na sequência vai vir uma outra dizendo que você é uma pessoa que tem um valor menor por não ser rica.
Pegando nisso, e embora já não estejas na CUFA mas continues ligado ao trabalho social de múltiplas formas, como é que olhas para o legado que a organização tem deixado ao longo dos anos? Suponho que também te deixe orgulhoso, sendo uma rede tão ampla que tem provocado transformações reais.
A CUFA tem sempre acções muito impactantes e cresceu muito desde a criação. Eu estava lá na criação junto com o Celso Athayde, junto com a Nega Gizza. Hoje tem 16 anos que eu não faço mais parte, mas sou amigo de todo o mundo, sou um grande entusiasta da ideia, não sei dizer mais qual o tamanho com que está, e quando a gente não sabe mais dizer o tamanho é porque a gente perdeu a ideia da dimensão que isso ganhou, e isso é muito bom. Por exemplo, lá no sul, fui recebido por jovens. Em cada lugar que fui, cada cidade, fui recebido por jovens que eram de lideranças locais, e essas lideranças são empoderadas pelo movimento social que a CUFA faz, que são pessoas que de outra forma talvez nem fossem enxergadas ou descobertas. E quando essas pessoas começam a falar, é perceptível que têm mais aptidão, mais conhecimento, discernimento. Inclusive, às vezes até mais do que um secretário que tem a pasta, um secretário de cultura, de educação, de acção social. Eu fui nos lugares e, além de inaugurar esses espaços, fui avisando essas pessoas que elas têm potencial para ocupar esses cargos públicos e, ocupando esses cargos, vão conseguir olhar melhor para a sua comunidade. Por um outro lado, a própria comunidade, quando tiver que escolher quem os vai representar, vai querer escolher pessoas que sejam próximas e que entendam os temas, para que não vire um grande fardo você falar ou fazer um pedido de alguma política pública para alguém que desconhece o seu problema.
O mundo vive hoje tempos conturbados a vários níveis, e o Brasil também tido grandes transformações recentes. Por um lado, como disseste há pouco, muitas das tuas músicas dos anos 90 que abordavam problemas sociais permanecem actuais. Por outro, também aconteceram certamente mudanças e a tua própria perspectiva deverá ter mudado, com o passar do tempo e amadurecimento. É uma pergunta complexa para uma resposta curta, mas como olhas hoje para o momento político e social do Brasil?
Estamos passando por um momento de muita polarização. O Brasil está muito dividido — não que estivéssemos juntos anteriormente, mas criou-se uma divisão de classes muito grande. O país deu alguns avanços na questão social, mas ainda peca muito na questão da violência, da divisão de renda, de políticas públicas que não sejam somente ligadas ao assistencialismo, mas que façam, de alguma forma, com que a pessoa consiga mudar de vida, que não crie uma dependência política, mas que a pessoa possa caminhar com as suas próprias pernas. Então, existem ainda muitas anomalias dentro da política brasileira, assim como em boa parte do mundo também, que está prestes a entrar em guerra, com muita intolerância, muito ódio disseminado. As pessoas que eram preconceituosas perderam o medo, perderam a vergonha de serem assim, sentem-se orgulhosas de serem assim. Ao mesmo tempo vejo um horizonte bom, pelas coisas boas que também estão sendo produzidas, não é só tragédia, mas também vejo um horizonte conflituoso por conta dessas coisas que acabei de falar. Recentemente teve uma pauta que foi proposta pelos deputados, que era uma espécie de blindagem, para blindar os próprios deputados que cometem crimes. E essa acção foi tão impopular que levou o povo para a rua no último domingo e acabou sendo uma pauta que uniu pessoas que às vezes têm conflitos políticos partidários, mas que nesse momento acharam importante estarem juntos por um olhar de um bem e de uma visão comum. O Brasil tem essas coisas, tem as coisas que nos separam, mas é tanta a trapalhada política que eles acabam fazendo coisas também que podem acabar unindo o povo contra eles.
Voltando à tua estreia em Portugal, nos últimos anos tem-se intensificado a presença de artistas brasileiros por cá, também graças à cada vez maior comunidade brasileira, que também alimenta esse circuito. Sentes que deveria haver, ainda assim, mais pontes entre Portugal e o Brasil, pelo menos no segmento do rap?
Eu acho que o Brasil é pouco recíproco com Portugal na questão musical. Penso que muitos artistas brasileiros são muito conhecidos e bem recebidos em Portugal. É a minha primeira vez indo, mas eu vejo na Internet outros artistas sendo muito bem recebidos. Casa cheia, público cantando. O meu camarada Gabriel O Pensador, vejo os shows dele em Portugal lotados… E aqui no Brasil — e não estou falando só de hip hop, mas de música em geral — a gente não tem muitos ouvidos abertos e disponíveis para ouvir a música portuguesa, para ouvir o rap que é feito em Portugal, a música pop, a música portuguesa de raiz. Acho que a gente poderia fazer uma troca maior. Assim como a gente também faz com a Angola, onde a música brasileira também é muito bem aceite. Acho que a gente poderia ter essa via dupla. Inclusive mais artistas portugueses virem tocar cá. Se eu pudesse, e se tivesse marcas olhando para mim, eu ia promover no Brasil, que é um país grande e continental, um festival de rap da lusofonia. Pegar os países que têm língua portuguesa e fazer um festival com os maiores nomes do Brasil e trazer os nomes, pelo menos um ou dois, de cada país. E a cada ano ia mudando, iam-se renovando os grupos. Acho que isso ia criar um circuito, independente do festival, para esses artistas irem rodando dentro desses países, se tiverem recursos. Poderíamos-nos conhecer e frequentar mais. Porque a gente ouve bastante rap norte-americano, mas deixa de ouvir outro rap que fala a nossa mesma língua e que a gente podia estar entendendo tudo o que está sendo dito e criando um intercâmbio.
Terminamos a falar sobre o álbum que lançaste no ano passado, Na Visão do Morador. Cada disco acaba por representar um desafio diferente para o seu autor. Neste caso, qual foi o ponto de partida e a abordagem que quiseste explorar com este trabalho?
Acho que foi a minha idade. Eu vou fazer 52 anos. Quando eu era jovem, e via um homem de 50 anos, para nós era uma pessoa muito velha, sabe? Muito, muito antiga. E a gente olhava para aquela pessoa como uma pessoa que não tivesse mais nada a contribuir, com nada. Só que os 50 anos de hoje são diferentes daqueles 50 anos de há 30 anos. Então eu acho que ainda posso contribuir. E, às vezes, eu passo pelas pessoas e por situações que me lembram que eu tenho 50 anos, sabe? Às vezes, elas demonstram-se de forma deselegante através do idadismo. E eu quis fazer um disco no qual falasse dos mesmos assuntos que já falei em discos anteriores, mas com a visão de quem tem 50 anos. De quem não vai à festa, não participa em nenhum tipo de comemoração na comunidade, só quer entrar em casa e sair para trabalhar. E tem que passar pelo tráfico de drogas, passar pela polícia, pela milícia. A visão dessa pessoa é diferente da visão de uma pessoa mais jovem, de 20 e poucos anos. A visão desse rapper de 50 e tal, que sou eu, é diferente da visão do Bill de quando ele tinha 23 ou 24 anos. E eu quis pegar nesses mesmos assuntos que já abordei e trazer uma abordagem nova, uma câmara virada a 180 graus.
E suponho que acredites que seja importante haver espaço para um rap mais maduro e adulto. Muitas vezes, é aí que está a sapiência, a riqueza de uma mensagem ou a experiência para escrever uma rima melhor.
Isso que você falou é essencial. Não é uma coisa que tenha necessariamente a ver com a idade, porque eu comecei bem jovem e já tentava passar essa visão. Mas acho que falta muito isso, de um rapper mais maduro. Eu fico muito feliz quando encontro professores que dizem que usam o disco Na Visão do Morador para leccionar nas salas de aulas, para trazer alguns assuntos que eles não têm facilidade de abordar. Nos shows aqui no Brasil, também têm aparecido na plateia muitos pais acompanhados de filhos. Às vezes são pais que apresentaram o meu som para os filhos e às vezes são filhos que apresentaram os meus sons para os pais. Poder ter um tipo de música que está nas ruas, mas também está dentro do ambiente familiar e do ambiente educacional, para mim é um motivo de orgulho.
Claro que sim. E sei que continuas a viver perto da Cidade de Deus, onde cresceste. Também é importante para, apesar de o tempo passar e de teres amadurecido, manteres uma certa perspectiva e os pés assentes na terra?
Sim, eu moro bem pertinho, em Jacarepaguá. Ficar aqui pela área foi mesmo uma opção. Acho que tem muito a ver com a minha ligação com as pessoas, com a comunidade, com a minha criação. De poder estar no meu bairro a qualquer hora. Vou terminar de fazer a entrevista, vou pegar no carro e vou para a Cidade de Deus. Tenho coisas para fazer por lá. E estar aqui neste trânsito, de estar aqui na minha casa, num apartamento que é um pouco mais confortável, e daqui a pouco estar ali na Cidade de Deus, isso também me dá um senso de equilíbrio, de não me deixar flutuar e de achar que está tudo resolvido. Ainda há muito para fazer, ainda há muito que melhorar como sociedade e enquanto pessoas. É um equilíbrio saudável ficar entre lá e cá.