Le Choc du Futur, Shock of the Future em inglês, é o título do filme que o francês Marc Collin, membro fundador dos Nouvelle Vague, se prepara para estrear no próximo dia 13, em Londres. O filme, que tem a actriz Alma Jodorowsky — neta do notório realizador Alejandro Jodorowsky e também modelo e cantora —, assume-se como uma homenagem a mulheres pioneiras da electrónica como Delia Derbyshire, Laurie Spiegel, Daphne Oram ou Suzanne Ciani e conta a história de uma artista que em finais dos anos 70 procura inventar a música do futuro recorrendo à tecnologia então disponível: “Os instrumentos no filme são meus e de um coleccionador chamado François Marcaud”, explica Marc Collin em declarações ao Rimas e Batidas. “Na verdade filmámos mesmo no seu apartamento, que está cheio de mobiliário vintage, posters antigos, um Moog Modular, etc”.
Collin explica que sempre “quis fazer filmes”: “Cheguei mesmo a frequentar a escola de cinema aos 18 anos, mas depois a música começou a correr muito bem e eu decidi que era nessa área que me iria concentrar. Mas há alguns anos pensei que antes de chegar aos 50 anos eu deveria revisitar a minha primeira paixão e penso que teria algo para dizer acerca da música”, conta-nos.
“Pensei que podia filmar músicos, cantores e contar uma história em torno do mundo da música. Depois tive a ideia de fazer uma biopic inventada acerca de uma rapariga, que fazia música electrónica na Paris dos anos 70. Na verdade”, assegura o músico-realizador, “fazer um filme não é muito diferente de criar um álbum, é apenas mais caro”.
Collin, cuja banda já citava no nome o universo do cinema ao remeter para um revolucionário período da história do cinema francês, designado por nouvelle vague, confessa-se influenciado por realizadores como Ingmar Bergman, Luis Bunuel, Jean-Luc Godard, Michelangelo Antonioni, David Lynch, “claro”, ou nomes contemporâneos como Nicolas Winding Refn, autor, entre outros, do filme de culto Drive que tem Ryan Gosling no principal papel.
A personagem, explica-nos o realizador, “é uma mistura de diferentes experiências e vidas das mulheres pioneiras da electrónica, mas a personagem parece-se mais com a Laurie Spiegel. No meu filme”, adianta ainda Marc Collin, “Ana inventa a música do futuro que se parece mais com o electro pop dos anos 80, o que é algo diferente da música experimental que essas pioneiras criaram”. O título do filme referencia, pois claro, Future Shock, o livro do filósofo Alvin Toffler lançado no início dos anos 70 e que tanto influenciou importante gente da música, começando em Herbie Hancock e indo até aos techno rebels de Detroit.
No filme, além de peças originais que Marc Collin assina ele mesmo, escuta-se música de artistas franceses como Cerrone, Jean-Michel Jarre, Metal Urbain ou Martin Circus, mas também dos Suicide, Throbbing Gristle, Devo ou Supermax.
Marc Collin refere-nos que ainda não há nenhum acordo para exibição do seu filme em Portugal, mas espera pelo menos poder mostrá-lo num festival.