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Music From Memory editará no próximo dia 17 de Fevereiro uma retrospectiva da obra da artista brasileira Priscilla Ermel,
Origens da Luz, um duplo LP com 15 faixas. A etiqueta baseada em Amesterdão já tinha incluído faixas de Ermel nos dois volumes da antologia
Outro Tempo apresentados como focados na música electrónica e contemporânea do Brasil originalmente lançada entre 1978 e 1992 (
1º volume, de 2017) e 1984 e 1996 (
2º volume, lançado o ano passado).
Priscilla Ermel lançou os álbuns
Saber Sobre Viver (1986),
Tai Chi – Gestos de Equilíbrio (1989),
Cine Mato Gráfico (1990) e
Campo de Sonhos (1992) nas editoras
Timbre e
Eldorado estruturando a sua obra em torno de uma ideia muito própria de new age e de experiências com timbres e instrumentos tradicionais do Brasil, numa mistura altamente original.
Explica a Music From Memory que Priscilla foi educada numa família de músicos de São Paulo tendo aprendido violoncelo e guitarra desde muito cedo. “Ela embarcou posteriormente numa viagem musical extremamente pessoal que se espraiou de origens centradas em Tom Jobim e Chico Buarque até ao registo de música do mundo natural e de comunidades ao seu redor. Cineasta e antropóloga de formação, Priscilla dedicou toda a vida a estudar a música universal”, refere-se ainda nas notas com que se apresenta
Origens da Luz. “Desiludida com a música clássica contemporânea vinda da Europa, ela passou longos períodos a viver com populações indígenas do Brasil, colecionando instrumentos que depois combinaria com sintetizadores e gravações de campo. Depois de ter estudado com o reputado mestre taoista Liu Pai Lin, ela integrou o passo lento do Tai Chi numa música que se liga intimamente com uma multiplicidade de culturas ao mesmo tempo que de forma inequívoca reflecte a sua alma brasileira”.
A compilação assinada por John Gómez inclui temas de todos os álbuns editados pela artista, integrando-a num mais vasto plano de criadores que na década de 80 e 90 exploraram a ideia de “mundos possíveis” (como
Jon Hassell ou
Haruomi Hosono), usando o estúdio como laboratório de utopias em que o mundo natural e os domínios da fantasia se cruzavam em luxuriantes composições.