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Fotografia: Joana Nogueira Santos
Publicado a: 11/02/2019

Movimento #2 no Pérola Negra: De um Guru para outro

Fotografia: Joana Nogueira Santos
Publicado a: 11/02/2019

“Isto não é só uma homenagem ao Jazzmatazz. É, acima de tudo, uma homenagem ao Guru”. Foi mais ou menos assim que Maze começou por explicar o porquê de fazer do Jazzmatazz, Vol. I o mote para o programa da segunda edição das noites Movimento.

Já passava da meia-noite quando o rapper de Dealema deixou bem claro que Guru foi uma influência fundamental no seu desenvolvimento enquanto liricista e que, por isso, fazia todo o sentido reinventar um dos mais icónicos álbuns de hip hop. Ainda assim, nem toda a gente levanta a mão quando André Neves pergunta quem conhece o álbum. “Quando chegarem a casa, vão ouvir”, diz, como se estivesse a explicar qual a chave para os números do Euromilhões. Não está longe. O primeiro álbum a solo de Guru marcou gerações ao trazer uma simbiose perfeita entre o ritmo do jazz e a produção de hip hop, deixando a cultura abrir-se a novos horizontes que até aí nunca tinham sido tão bem explorados.

E no sábado passado foi isso que voltou a acontecer. Sem covers ou traduções forçadas, Maze rimava versos de letras que já todos conheciam, coladas aos  instrumentais adaptados pela incrível Pérola Negra Band – apenas alguns refrões ficaram, como o de “Trust Me”. A ideia foi procurar rimas que fossem ao encontro do sentimento que cada música de Guru passava e a partir daí deixar a palavra fluir com a batida.

Faz-se intervalo para a banda que nunca quer deixar a música terminar e Maze é guru solitário. Traz uma folha com versos soltos apontados, versos que nunca viram a luz do dia e com que ele brinda os presentes no Pérola Negra. Maze é assim. Se “guru” é quem dissipa a escuridão, esta noite é impossível entrarmos nela: Maze segura o candelabro da palavra e dá-nos energia para os dias que se seguem.

A banda volta a estar pronta. E que banda! Se na estreia se percebeu que a Pérola Negra Band era uma aposta ganha, a última noite voltou a confirmar esse facto. É estonteante ver os solos de Samuel Silva (nova adição da banda) quer na flauta quer no saxofone — como em “Slicker Than Most” — ou ver a energia que Ricardo Danin (bateria) e Bruno Macedo (guitarra/baixo) depositam, não esquecendo Sérgio Alves (teclas), o “cérebro” da banda segundo Maze.

Mas a noite não se fez só de Maze e da Pérola Negra Band. Se era uma reunião de amigos (“a gente do costume”, como brincou), alguns deles iam ter que subir ao palco.

Helena Neto deu voz à maior parte dos refrões, sempre num tom descontraído e muito soulful e Dekor subiu ao palco para a nova versão de “Loungin”, em que se foi buscar o refrão de “Vinyl de Jazz”, que conta com a participação de Maze e Macaia, numa adaptação perfeita. Keso foi o último a subir ao palco para  “Le Bien, Le Mal”, penúltima faixa do disco encarregue de encerrar o alinhamento. Telemóveis prontos a gravar a dupla e vozes em uníssono deram por terminada a homenagem a Guru. Uma noite que foge à produção mais comercial a que estamos habituados, mas que Maze pretende manter assim.

Jul Nako subiu à cabine do DJ e prosseguiu com a festa (era hora de retribuir à cultura, como tinha anunciado), Aiam abriu a pista de dança e, um pouco a medo, mais pessoas foram-se juntando a ele. Apesar da chuva que fazia lá fora, os b-boys tomaram a dianteira do resto da noite e não deixaram que a temperatura baixasse no interior do espaço.


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