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Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 10/06/2025

O homem que liderou os Sly and the Family Stone tinha 82 anos.

Morreu Sly Stone, o visionário que meteu a América (e o mundo) a dançar ao som da soul psicadélica

Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 10/06/2025

A família de Sly Stone revelou ontem, 9 de Junho, o seu desaparecimento. A lenda da música negra norte-americana tinha 82 anos e foi vítima de uma doença pulmonar contra a qual batalhava há muito tempo.

Sly Stone, nascido Sylvester Stewart em 1943, é uma das figuras mais inovadoras e enigmáticas da música dos Estados Unidos da América. Líder da banda Sly and the Family Stone, foi responsável por revolucionar o som da soul e do funk durante as décadas de ’60 e ’70, fundindo o género com elementos de rock psicadélico, letras de cunho social e arranjos musicais ousados. A sua particular forma de delinear a formação da banda, misturando tanto homens como mulheres de diferentes grupos étnicos dentro de um mesmo conjunto, também desafiou as normas culturais da época, abrindo caminho para uma nova visão de integração na indústria musical.



O segundo álbum Dance to the Music (1968) foi aquele que catapultou Sly and the Family Stone para o estrelato com um som vibrante e contagiante, estabelecendo aquele que viria a ser o template do funk moderno — um som dançável e repleto de groove que tanto resgata a energia do rock como a profundidade emocional da soul, com grande foco na proeza instrumental. No ano seguinte, Stand (1969) solidificou a posição do grupo enquanto voz consciente da juventude negra americana, com faixas como “Everyday People”, “You Can Make It If You Try” e “Stand”, que se tornaram hinos de empoderamento e união. Ambos os discos mostravam não apenas o talento de Stone como compositor e produtor, mas também deixavam clara a capacidade de capturar o espírito do seu tempo e eternizá-lo em canções.

Em 1971 lançaram There’s a Riot Goin’ On, um álbum sombrio e introspectivo que reflectia o clima turbulento da América pós-Movimento dos Direitos Civis, na transição para o Movimento Black Power. Muito distante do optimismo dos álbuns anteriores, o disco mergulha em temas de desilusão, vício e tensão racial, consolidando-se como uma das obras mais profundas e influentes da soul psicadélica. O seu som mais fragmentado e experimental prenunciava uma virada não apenas na carreira de Sly, mas também na estética da música negra nos anos seguintes.

Ao longo das décadas, os Sly and the Family Stone tornaram-se numa figura reverenciada no universo do hip hop, sendo dos grupos mais samplados da história do género. Os seus trabalhos serviram como base para que vários produtores conseguissem alicerçar clássicos de nomes como Snoop Dogg, 2Pac, Mobb Deep, Ice Cube ou KRS-One, comprovando a perenidade e relevância da visão artística de Sly Stone. Os seus grooves e mensagens ecoam por detrás de rimas e batidas que marcaram gerações posteriores.

Em 2025, o realizador e baterista dos The Roots, Questlove, dirigiu o documentário Sly Lives! (aka the Burden of Black Genius), um retrato íntimo e arrebatador da vida e obra de Sly Stone. O filme explora não apenas o génio criativo de Stone, mas também os desafios que enfrentou — desde o estrelato até a reclusão, passando por questões de saúde mental e dependência de substâncias. A obra reafirma a importância de Sly Stone como uma das mentes mais complexas e brilhantes da música do século XX.


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