O mundo do entertenimento chora a morte do músico, produtor e compositor Quincy Jones, que partiu na noite passada, 3 de Novembro, aos 91 anos de idade. Através de um comunicado, a sua família partilhou que:
“Esta noite, com o coração cheio mas partido, temos de partilhar a notícia do falecimento do nosso pai e irmão Quincy Jones. E embora esta seja uma perda incrível para a nossa família, celebramos a grande vida que ele viveu e sabemos que nunca haverá outro como ele. Ele é verdadeiramente único e sentiremos muito a sua falta; sentimos conforto e imenso orgulho em saber que o amor e a alegria, que eram a essência do seu ser, foram partilhados com o mundo através de tudo o que ele criou. Através da sua música e do seu amor sem limites, o coração de Quincy Jones baterá para a eternidade.”
Quincy Jones era uma das figuras mais respeitadas na indústria musical, célebre pela sua vasta influência em todos os géneros e gerações, do jazz à pop. Nascido em 1933 em Chicago, Illinois, o início da sua vida foi moldado pela música, preparando o terreno para o que viria a ser uma das carreiras mais inovadora de todos os tempos. Esse amor pela arte do som descobriu-o quando começou a tocar trompete, algo que aperfeiçoou enquanto frequentava a Garfield High School, depois da família se ter mudado para Seattle. O seu talento valeu-lhe uma bolsa de estudo na reputada Berklee College of Music em Boston, mas saiu antes de concluir a sua formação para agarrar a oportunidade de tocar na banda de Lionel Hampton, marcando assim o início de uma extensa e prestigiada viagem ao longo da vida na indústria discográfica.
A carreira de Jones começou a acelerar nos anos 50, quando passou de músico de digressão a director musical. No final dessa década, estava já a trabalhar com artistas como Ray Charles, Dizzy Gillespie, Milt Jackson, Sarah Vaughan Count Basie ou Dinah Washington. Em 1957, mudou-se para Paris durante algum tempo, onde aperfeiçoou a sua arte sob a tutela de alguns dos compositores e maestros mais respeitados da Europa, alargando ainda mais os seus horizontes musicais. Esta experiência ajudou-o a compreender as complexidades da orquestração e dos arranjos, competências que se tornariam vitais no seu trabalho posterior.
A afirmação de Quincy Jones como produtor discográfico começa na década de 1960, quando se juntou à Mercury Records, tornando-se o primeiro afro-americano a ocupar um alto cargo executivo numa grande editora discográfica norte-americana. Durante este período, produziu para artistas como Leslie Gore, com quem esculpiu o bem-sucedido álbum It’s My Party, onde mostrou a sua capacidade de criar canções com grande apelo comercial — o tema-título desse disco alcançou o primeiro lugar na mais importante tabela de vendas da Billboard. No entanto, foi o seu trabalho com Frank Sinatra que cimentou o seu estatuto de produtor de estrelas. A sua colaboração no álbum Sinatra at the Sands, de 1966, não só definiu os arranjos sofisticados e exuberantes que lhe são caraterísticos, como também marcou o início de uma série de parcerias de alto nível — seguiram-se nomes como Aretha Franklin, Donny Hathaway ou Billy Preston em anos seguintes.
O auge da carreira de Jones como produtor discográfico ocorreu na década de 1980, quando trabalhou com Michael Jackson, produzindo Thriller (1982), que continua a ser o álbum mais vendido de todos os tempos. Este marco histórico redefiniu a música pop e estabeleceu novos padrões de qualidade ao nível da produção. A capacidade de Jones para misturar diferentes elementos musicais — como funk, R&B, disco, rock e pop — ajudou a moldar o som de Michael Jackson — com quem trabalhou também em Off The Wall (1979) e Bad (1987) — e a catapultar a sua carreira para o estrelato.
Além do que eternizou em discos, deixa também uma vasta contribuição no capítulo das bandas sonoras, tendo musicado filmes como In the Heat of the Night (1967), The Italian Job (1969) e The Color Purple (1985), bem como trabalhado para a Broadway no musical The Wiz (1978).
Ao longo do seu reputado trajecto, tornou-se num dos artistas mais premiados de todos os tempos. Só em matéria relativa a Grammys, os mais prestigiados galardões da indústria fonográfica, soma 28 estatuetas, um número apenas ultrapassado pela diva pop Beyoncé e pelo malogrado maestro Georg Solti. O seu apurado sentido artístico e de inovação influenciou inúmeros produtores e músicos, solidificando o legado de Quincy Jones como uma das figuras de maior sucesso e impacto na história da música gravada.